Nua solidão

Às vezes quando chove
Quantas vezes até a alma afogo
Em cada aguaceiro que se comove
Quantas vezes uma lágrima
Imploro descobrindo aquele
Minucioso pingo de chuva
Que ali afortunadamente
Em silêncio corroboro

Às vezes, assistimos deslumbrados
Na janela do tempo ao cair da vida
Em cada gota de solidão
E nós desesperados acendemos
Os semáforos das tristezas enclausuradas
No sonho que se desnuda explodindo
Em cada rabisco de uma lágrima
Despertando emocionada

Abrem-se os guarda-chuvas assobiando pela
Ventania de um aguaceiro ali gemendo baixinho
Mal o dia sorrateiro se despeça naufragando em
Cada sussurro teu qual gesto subtil alimentando
O grafiti selvagem desenhado nas memórias
Urdidas num burburinho em pleno desalinho

Às vezes ouço só o balbuciar
Intemporal no dorso do tempo
Mascarando as lantejoulas da saudade
Qual beijo dançarino
Mesclado nesse frenético batucar
Da chuva suspensa em gotículas
Poéticas de amor e cumplicidade

E a terra, farta, fértil, mais fecunda
Dá luz à luz meteorológica
Que dormita ao colo do tempo
No tempo convalescendo de mansinho
Entre o véu dos meus silêncios e todos os
Ventos de uma coreografia passional
Inundando os penhascos da noite
Que se afoga num aguaceiro torrencial


Frederico de Castro

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Frederico de Castro

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