Num ápice

Saboreamos todas as rimas entre solenes

palavras que se fundiram num

abraço revelando a sinfonia licorosa

onde embebedei os horizontes alucinados

refrescados entre brisas errantes e ventos

saciados pela solidão destes versos

nem sei mais a quem destinados...

 

Deportei o tempo num ápice

amarrotei a miséria esquecida num mar

de decepções rumo ao poente onde embalo

incontáveis paisagens e regurgito tantos

confidentes beijos sorrateiros, irrevogáveis

 

Escondi minhas decepções em rasgados

silêncios que hoje sobrevivem a cada sequência

intuíva de um amor indomável

alimentando a viçosa luz  da vida

onde morre o tempo incompleto inconcluso

aflorando a monotonia do dia onde capturamos

o breve amanhecer em mim recluso

 

Num ápice desfruto existências

enriqueço a paciência

anseio cada gentileza nesse olhar

pernoite eu onde presumas amanhã

inventemos novos sonhos num único cálice

de brisas refrescantes inesquecíveis

e mesmo que passageiras são ígneas,

fulgurantes apedrejando esta lembrança

desvendada em cada desilusão franzida

no sorriso que trazes  grávida de esperança

 

Num ápice esquecemos toda a onírica alegria

bebendo desse amor até apoteose lírica dos silêncios

Transformaremos a  euforia imersa em cíclicas

toadas de beijos alvorecendo consumados

nesta móbil e repleta paisagem de pinturas

constantemente amanhecendo na memória

promíscua vinculada nesta saudade

que fulge excitante e rogatória 

no desnudo sonho vagando ali

pra toda a eternidade

 

Foi ali que confeccionamos nossa reclusão

habitámos todas as distâncias que se ausentaram

invadindo esta fugaz existência tão desalmada

espirrando gotas de perfume onde mora

o eco dos meus silêncios em oclusão

 

Tudo num ápice é quase banalidade

imploraria eu mais chances em prol da verdade

iluminaria todas as escuridões no mundo

inventaria novas fórmulas que dessem

a cada morte uma ressurreição fatal

e não mais perderia o reencontro com

a vida condenada a uma existência brutal

 

Num ápice tiraria teu fôlego com beijos

deliciosamente arrojados

convertia em matemática todas as equações

do amor intensamente aditivado

nesta corrida incontestável pela vida

desde o começo até ao fim assim tu me preenchas

os sonhos com novas esperanças e eu te consuma

nesta viagem onde me arremesso deliberadamente

porque sei…se prometo em seguida

em ti aconteço integralmente

 

Frederico de Castro

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Frederico de Castro

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Comentários

  • O bom é tê-lo aqui e poder desfrutar de sua poética. Espetacular poema.

    3622441?profile=original

  • 3622191?profile=original

  • hÁ muita dor e solidão escondidas nas imagenes barrocas de teu maravilhoso poema, querido FC.

     Mais que bom, amigo.

     E muito emotivo...

     Parabéns.

     Beijos!

    3622213?profile=original

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