O muito que restou

Resultado de imagem para escrivaninha e poeta humilde

Havia em minha rua um poeta franzino

Meus olhos marejavam ao vê-lo escrever

Os versos como se meus fossem, menino,

Já alertavam, adiante, o que iria acontecer

 

Prole imensa, mobília modesta, o pobrezinho

Nutria-se de nuvens, e a família a perecer

Não lhe sobrava um vintém, nem um cadinho

Para que de suprimentos viesse a abastecer

 

O poeta delirava absorto em sua escrivaninha

Depois de feito o desjejum com fatiados de sol

Sua esferográfica começava a tecer nova linha

E só terminaria ao entardecer, já sob o arrebol.

 

Certo dia encostou um caminhão frente à casa

Fê-lo sumir com miudezas, qual um clandestino

A tristeza por ele deixada por pouco me arrasa

Apesar de a sua poesia iluminar o meu destino...

 

Rui Paiva

Votos 0
Enviar-me um e-mail quando as pessoas deixarem os seus comentários –

Para adicionar comentários, você deve ser membro de Casa dos Poetas e da Poesia.

Join Casa dos Poetas e da Poesia

Comentários

  • 3637353?profile=original

  • 3636707?profile=original

  • Lindo e comovente o seu poema....Fiquei sem palavras....Por isso lhe aplaudo de pé, poeta....Lindo, lindo....Meus parabéns

  • Comovente o seu poema! Muito lindo, Rui! Bjs.

  • 3636362?profile=original

This reply was deleted.
CPP