Pelo burburinho dos silêncios

Do tempo quero somente

que me despojes deste corpo

que te invade

Ser o esteio numa promessa

que não se cumpre

soprando nos dias teu

palato com gosto de sonho

sonhando devagarinho

insuflado de paixão

ao colo do teu leito marinho

  • Do tempo restam

só palavras meigas passarinhando

nos teus silêncios em burburinho

sem te escamotear os medos

atrelados nos ventos felizes

que em ti esquadrinho

  • Restam somente

uma resma de versos

degladiando-se entre a leda

madrugada que em ti

toda se satura

e a hora

vadiando no pelourinho

de uma fresca brisa dissolvendo-se

no húmus da Terra

nutrida, insólita

em oferendas de amor

tão implícitas

  • Restam minhas confissões

sustidas em prantos

que já lá vão

embaralhando o naipe de palavras

onde me alimento desvairado

de quase nada

ou de tudo que deixo escrito

na luminescência dos dias

correndo pra nós entrincheirados

  • Restam sonoridades

pautadas na caligrafia do tempo

acariciando cada letra despertando

na plenitude dos ventos

chamando à vida todas

as aguarelas colorindo esta

poesia toda ela

de ti se empanturrando

Frederico de Castro

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Frederico de Castro

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Comentários

  • 3596441?profile=original

  • Do tempo, e com muita sorte, só restam algumas lembranças...

    Belo e bom demais...

     Beijos

    3596415?profile=original

    • Sempre grato fico pelos comentários

      Abraços poéticos

      FC

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