POESIA

POESIA

Laço e sopro, poesia sem trava
De luz e sombra levanta seu corpo
E estende os braços de figueira-brava 
Que serão descanso e forca além do horto. 

(Que mapa turvo traça rima e rumo?) 

Em labirinto, onde verbo é aldrava,
Ouvem-se árias de toda cantiga
Com escalas de dissonante oitava,
Desconcerto que à correção obriga. 

(Que metro deve ter vida sem prumo?) 

Refúgio e prisão a tornar escrava
A memória ressuscitada em vão,
O poema vela o tempo enquanto cava
A câmara ardente desse vil ladrão. 

(Que forma terá o abstrato insumo?) 

Na pele e no coração das palavras,
Está a minha carne picada em verso 
– Solo em que me disponho nessas lavras
Tentando unir o que sempre é disperso.

(Quem sou eu no canto em que me consumo?)

(E. Rofatto) 

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E. Rofatto

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Comentários

  • Parabéns poeta Edvaldo pela magnífica obra, de difícil estilo e forma, mas que com sua sabedoria e cultura nos proporcionou uma bela leitura.

    Confesso que tive de ler mais de uma vez, para um melhor entendimento, pois sua postura na escrita é de alto nível.

    Nos brinde sempre com esses presentes em versos.

    Parabéns e abçs poéticos de Veraiz Souza

  • This reply was deleted.
    • Eu quem lhe agradeço, MIL! Fico feliz que tenha gostado e se sensibilizado!

  • Gentilmente escrita que dá forma

    à poesia que eu quero e depois consumo

    Parabens

    FC

    • Grato, Frederico! Receber comentários positivos dos nossos amigos da Casa é sempre gratificante.

  • 3645476?profile=original

    • Grato, Cristina! Uma satisfação receber sua mensagem e aprovação!

  • Espetacular!!!Parabéns!!

    • Grato, Maria Angélica. pela leitura e gentileza do comentário!

  • Talvez o que trace rima e rumo seja o amor, porque só amor é capaz  de  "metrificar" uma vida sem prumo, é incrível que o consumo da matéria só vai ser percebido quando ser já se encontra no outono da vida. Gostei demais do seu poema, da leitura que fiz, da emoção que senti.

    Gostei da construção do poema todo em versos decassílabos com um monástico entre estrofes rimados entre si.

    Meus aplausos, Edvaldo.

    Destacado!

    • Sim, Edith, concordo que é o amor que equaliza uma vida sem prumo. É ele, no final, que ressignifica todas as experiências que revemos na hora da escrita - por isso, o ato de escrever, para mim, é sopro de uma nova vida e sufoco de um laço no pescoço, é punição e redenção ao mesmo tempo. É absolutamente necessário escrever para se atingir uma compreensão melhor do vivido.

      É um contentamento muito grande saber que você analisou a forma, gostou do texto, leu-o de modo interpretativo e se emocionou! Grato, de coração!

      Grato, ainda, pelo destaque que me deu, que é também causa de me emocionar com o talento da Safira!

This reply was deleted.
CPP