…para Amélia
assim andou voando pela terra com os olhos voltados para céu…
Foi ali…na solidão da noite
que espelhamos nossas ilusões
sempre afoitas e tão egoístas
Trilhámos cada paisagem gemendo
e saboreando a vida repleta de emoções
trajadas num único acto de amor onde
adestro meu silêncio sempre
desertando numa longa correria
Madrugámos com cuidado suspirando
entre o saltimbanco silêncio mordaz
e as lembranças guarnecidas no tempo
repousando entre a monotonia das horas
desta vida excepcionalmente fugaz
Assim alimentámos a repentina
longitude da vida numa fiel acrobacia
galopando e espreitando acutilante
outras ferozes distâncias fustigando
a sequiosa manhã ofegante
Libertámos todo este imaginário onde
deixo o vazio em ressonância
onde saro e penteio as tristezas com poemas
desaguando no rasto do teu esplendor
onde me afogo entre porções
de pura e irreverente elegância
consumindo-te sem mais insinuações
Assim no decorrer da vida
por tua conta e risco embaralhaste
cada nuvem orbitando a galáxia
de todos os mais fiéis segredos a ti
subordinados raínha dos ares
esvoaçando numa tremenda aventura
transatlântica deixando só uma saudade
sitiada, confesso …latejando homenageada
Assim acordaremos a estupefacta e ardente
manhã que em nós se aventura auspiciosa
livre e tão insuspeita qual esbelta escultura
fluindo entre as nuvens num voo
sem limites para lugar nenhum jamais
teu ser audaciosamente planando nos
etéreos céus numa breve e suave brisa
docemente pousar
Será longo este despertar porventura
assim em catapulta…queira eu
mal rompa o dia em bebedeiras de afectos
e se fechem tuas pálpebras enfim aos
consumidos gracejos colorindo e pilotando
cada aéreo sonho deixado neste legado final
de um voo infinito, etéreo…excepcional
pra nunca mais voltar…
Frederico de Castro
Comentários
Lindíssimo, Frederico.
Por minha conta e risco! Gostaria que sua página se tornasse uma biblioteca ou algo parecido. Parabenizo-o está de muito bom gosto!