Uma simples caricia feita de palavras
jogadas na eira saudosa
da minha ausência
depois de tanta rogada oração
perdida na eminência
de uma fé sem tamanho
morre assim
na revelação sonhada que passa
burlando a ampulheta do tempo
onde a vida que desbravo
se reproduz
tatuada no vão dos meus
silêncios onde milimetricamente
me refugio sem estardalhaço
E nós aqui ficamos mais sós
passando ágeis qual vento
entre risos e folguedos gravados
na alma pulsando e lambuzando
sem pressas o tempo que engravida
e morre
no gueto da existência mutável,
no súbito e estático
momento quando te habito
quase insaciável e telepático
Quando morrer o tempo
quando isso acontecer
morre o passado o presente e tudo para sempre
Frederico de Castro
Comentários
Que triste, porém, lindo.
Outro poema maravilho, Frederico. Quando morre o tempo e ainda há vida, a vida já morreu a muito tempo.
Destacado.
É muito agradável percorrer o evidente de sua excelente obra.