Silêncios vespertinos

Medra o rumor das águas

enquanto por ti caminho

vespertino

diluindo as escuridões do mundo

rompendo pela alva

tão copiosamente

revelando-te os segredos

num punhado de versos inacabados

- Conciliei minhas orações

repetindo-te a existência inédita

dos nossos seres religiosamente

intuitivos

sagradamente cativos

- Mostrei-te os salmos declamados

no périplo da vida andante

alimentando o pasto da nossa fé

mais perseverante

decretando pelas ruas deste destino

um rugido travesso

partindo nas carruagens do tempo

itinerante

convertendo até as sombras num silêncio

final, perpétuo e revigorante

- As datas nos dias extinguiram-se

embrulhando sossegadamente

uma hora que ficou perdida

no tempo

Restou o senso da noite despertar

para nós de espanto

enquanto contigo

à luz excelsa de um desejo

regámos a esperança que ressuscita

numa súbita brisa escrita no

Evangelho do nosso encanto

Frederico de Castro

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Frederico de Castro

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Comentários

  • Um Evangelio- Boa noticia, com uma auténtica oração onde se celebra e agradece a vida...

     Outro grande poema neobarroco bom e belo demais.

     Parabéns de novo, Frederico, prezado poeta.

    Bem hajas.

    Parabéns.

     -- o poema de nossa Edith é belo demais também ---

     Beijos e belo fim de semana.

     3592599?profile=original

     

  • Eu voltei, me desculpe, o atrevimento.

    Silêncios noturnos

    Outro entardecer acaba de sucumbir
    nos véus da noite em perpétuo adeus.
    As horas recolheram-se, mas, ficaram
    tatuadas nas lutas existenciais dos passistas
    em plena quimera dos sonhos da vida.

    Sei que é noite! Mero detalhe diante da cena
    que, agora, contracena com minha existência.
    onde já não existem retinas extasiadas.

    Sinto a brisa morna deixada pela saudade
    de sua partida nesse véu de friagem
    que chega, manso, feito pluma ao vento.
    Levem-me! Já não desejo mais este sabor
    salgado da ausência de quem um dia
    me fez senti o tempo ser lilás.

    Já não mais caminho pelas areias,
    não sinto mais a textura que, outrora
    massageava meus pés ao pôr do sol.
    E teu riso é o som que acalenta
    este subúrbio insular, aonde vivo,
    a espera da misericórdia final.

    Edith Lobato - 8/01/16

    • Meiga amada, é uma obra mestra.

       Outro grande e bom poema de tua lavra, deusa querida.

       Parabéns, meu tesouro.

       Beijos

      3592599?profile=original

  • Magnífico poema, Frederico. Minhas reverências à verve poética.

    3592647?profile=original

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