Medra o rumor das águas
enquanto por ti caminho
vespertino
diluindo as escuridões do mundo
rompendo pela alva
tão copiosamente
revelando-te os segredos
num punhado de versos inacabados
- Conciliei minhas orações
repetindo-te a existência inédita
dos nossos seres religiosamente
intuitivos
sagradamente cativos
- Mostrei-te os salmos declamados
no périplo da vida andante
alimentando o pasto da nossa fé
mais perseverante
decretando pelas ruas deste destino
um rugido travesso
partindo nas carruagens do tempo
itinerante
convertendo até as sombras num silêncio
final, perpétuo e revigorante
- As datas nos dias extinguiram-se
embrulhando sossegadamente
uma hora que ficou perdida
no tempo
Restou o senso da noite despertar
para nós de espanto
enquanto contigo
à luz excelsa de um desejo
regámos a esperança que ressuscita
numa súbita brisa escrita no
Evangelho do nosso encanto
Frederico de Castro
Comentários
Um Evangelio- Boa noticia, com uma auténtica oração onde se celebra e agradece a vida...
Outro grande poema neobarroco bom e belo demais.
Parabéns de novo, Frederico, prezado poeta.
Bem hajas.
Parabéns.
-- o poema de nossa Edith é belo demais também ---
Beijos e belo fim de semana.
Eu voltei, me desculpe, o atrevimento.
Silêncios noturnos
Outro entardecer acaba de sucumbir
nos véus da noite em perpétuo adeus.
As horas recolheram-se, mas, ficaram
tatuadas nas lutas existenciais dos passistas
em plena quimera dos sonhos da vida.
Sei que é noite! Mero detalhe diante da cena
que, agora, contracena com minha existência.
onde já não existem retinas extasiadas.
Sinto a brisa morna deixada pela saudade
de sua partida nesse véu de friagem
que chega, manso, feito pluma ao vento.
Levem-me! Já não desejo mais este sabor
salgado da ausência de quem um dia
me fez senti o tempo ser lilás.
Já não mais caminho pelas areias,
não sinto mais a textura que, outrora
massageava meus pés ao pôr do sol.
E teu riso é o som que acalenta
este subúrbio insular, aonde vivo,
a espera da misericórdia final.
Edith Lobato - 8/01/16
Meiga amada, é uma obra mestra.
Outro grande e bom poema de tua lavra, deusa querida.
Parabéns, meu tesouro.
Beijos
Magnífico poema, Frederico. Minhas reverências à verve poética.