Está escuro lá fora, mas, não é noite ainda.
É o tempo que está nublado. Muito fechado!
Nuvens escuras no céu... O vento balança forte a copa das árvores e uiva em minha janela feito um lobo faminto.
Está escuro aqui dentro, mas, não me refiro ao meu quarto. Falo do meu coração...
O tempo está fechado e a tempestade não tarda em cair... lá fora e aqui dentro.
O tempo está fechado.
Meu coração está nublado.
Os relâmpagos e trovões anunciam que a chuva já vai cair...
está trovejando aqui dentro... dentro do meu peito...
Lá fora a chuva cai forte agora.
Aqui dentro, rola silenciosa em meu rosto... está chovendo...
Ah! Como eu queria que esta chuva que chove lá fora levasse a chuva que cai aqui dentro...
Abro a porta e saio.
A chuva forte bate em meu rosto, em meu corpo ...
os pingos estão grossos e o vento forte.
Doi. A pele e o peito.
Doi a pele por fora e o peito por dentro.
A chuva não lava a chuva...
As nuvens escuras derramam uma chuva fria que faz tremer o corpo.
As gotas que chovem dos meus olhos são quentes, deixam uma sensação de pele que queima e um gosto amargo na boca...
O vento sopra forte. Entro.
Retiro de mim a roupa molhada... seco meu corpo, meus cabelos... a sensação de vazio é tremenda!
Deito meu corpo fragilizado na cama e me encolho, abraçando-me... respiro fundo...
o vazio continua a doer...
A chuva está sessando lá fora... mas, aqui dentro não.
Está escuro lá fora...
está escuro aqui dentro...
o tempo continua nublado.
Chove.
Elaine Márcia
Comentários
Elaine querida, meus parabéns pelo inspirado texto. Por vezes o mundo externo parece ser um reflexo do que nos vai por dentro... Beijos, Marcos.
Como o tempo mexe conosco...e os poetas reescrevem-no
e sentem-no de forma superior
Meus aplausos
FC
Estou bem!
A tempestade faz parte de nossa caminhada de vida e consequentemente do nosso crescimento... creio no arco-íres que deslumbra logo depois!
Carinhos quentinhos no coração de cada Um de vocês!
Necessitamos também dessas nuvens e chuvas, tanto nos céus como na alma, para valorizar o sol, a primavera,...
O silêncio da noite, os trovões e o pranto do coração, na soledade escura onde refletimos, com a alma nua, e os sentimentos se fazem mais presentes, fazendo também que nossa empatía cresça diante dos sofrimentos dos outros.
E o cerebro fica num repouso latente, até acordar florescido e mais maduro, como a terra depois dos dias cinzentos.
Belo , querida Elaine.
Uma boa catarse.
Parabéns, meu sol.
Beijos
Concordo com Sam, não há mal que dure tanto tempo, nem tristeza e nem dor, até as alegrias não duram para sempre, os tempos ruins e grises também tem de passar. Belíssima!
Destacado!
Não há mal que dure para sempre, não há tristeza que não finde. Quando a vida lhe parecer complicada, pense que as coisas em breve podem melhorar. Se for preciso chore, chorar às vezes é preciso para livrar-se da dor, da mesma forma como é preciso chover para que o céu fique novamente limpo. É somente depois de uma tempestade que o arco-íris surge no céu, depois das lágrimas os sorrisos podem transbordar em sua vida. É muito bom te vê aqui após uma bela sumida poetisa Elaine, espero que essa tempestade passe logo, trazendo um lindo sol para os seus caminhos!