Na realidade eu não sei como e quando nasci. Já faz tanto tempo, que a minha memória não registrou ou ela caducou; digamos alguns milhares de anos, mais uma certeza eu sei, estou bem viva, talvez com um pouco de medo, tem muita gente de olho em mim. Às vezes sou atacada, derrubada, incendiada, mais continuo de pé, não sei até quando.
Estava pensando em me mudar, mais ir pra onde? Não tenho ideia de onde encontraria um lugar ideal, onde pudesse me instalar, sem ninguém pra me importunar ou tentar me comercializar. Talvez porque partes de mim são cobiçadas. Dizem que tenho uma fortuna incalculável em minerais, inclusive que tenho a cura para várias doenças, o câncer por exemplo. Forneço um montão de coisas: O abrigo do sol e da chuva. Alimentação pra muita gente. Sombra pra incontáveis pessoas. Sacio a sede de milhares de gente. Sou a maior caixa d'água de água doce do mundo e ainda forneço água para o mar. Dizem também que sou o maior pulmão do mundo, tô me sentindo chique.
Por tudo isto que represento, será que não mereço um pouco mais de consideração por parte das pessoas que detém o poder, porque são eles que ditam as regras e as leis, assim, permitiriam que eu vivesse por mais tempo, quem sabe, indefinidamente. Não concordo quando meus humildes irmãos amazônicos, assim chamados os legítimos filhos da terra, são penalizados por eles tirarem seus sustentos de mim. Não são eles os meus inimigos, ao contrário, eles são meus fiéis escudeiros, são eles que me defendem dos usurpadores costumais e evitam a minha destruição total.
Já chega. Falei demais sobre mim. Há! Ia esquecendo, vocês sabem o meu nome? AMAZÔNIA.
Ricardo Sales.
Comentários
E todos os dias um pedaço dela é destruído sem nenhuma proteção.
Até quando a Floresta vai aguentar tantos danos?
Parabéns Ricardo pela crônica.
Eu creio que a natureza sabe resistir bravamente. Obrigado poetisa. Abraços.
É mesmo de tirar o chapéu, meu amigo!
Parabéns! Mil vezes parabéns!
Abraços fraternos!
: )
É sempre bom deixar a Amazônia em evidência. Um recado de que Ela sempre será defendida. Abraços poetisa.
Belíssima crônica, Ricardo! Meus calorosos aplausos! Bjs
Parabéns, poeta, gostei da ideia que você tentou passar para nós "humanos", os verdadeiros vilões do planeta. Pena que, os "donos do poder" são insensíveis eles almejam apenas, lucros não importando a que custo. O homem é senhor de sua própria ruína. Abraços, paz e Luz!!!
A cobiça do homem é algo que transcende qualquer explicação. Obrigado poeta pela a visita.
É a própria Amazônia pedindo socorro. O desmatamento é seu pior vilão. A esperança é que algum dia este cenário escuro mude, comece a clarear. Obrigado poeta pelo comentário. Um abraço.