A vida é assim, cruel, mas temos que nos habituar a ela.
No início, quando chegamos a este mundo imprevisível, inescrutável, nos primeiros passos, temos uma plenitude de ganhos. Ganhamos de pronto, avós, pais, irmãos, tios e primos.
A seguir vêm os colegas, amigos e por aí vai. Assim, seguimos num crescendo continuado até atingir o apogeu na meia idade quando o ciclo se renova e já temos uma nova família constituída.
Ao avançar na estrada da vida começamos a contabilizar perdas. Os avós, geralmente os primeiros, depois os pais, tios e por fim os contemporâneos de nossa idade próxima. O pior às vezes acontece quando a ordem é invertida e dolorosamente os filhos nos deixam precocemente. O que fazer quando isso acontece? Resignar-se e seguir a vida, com a pressa habitual da velhice, valorizando o restante do tempo que o destino determinou.
No outono de nossas vidas não é tão fácil recordar apenas os bons momentos. O grande problema são as perdas acumuladas que são irrecuperáveis. Como o futuro pouco lhes promete, os velhos muito se apegam ao presente, pois este representa tudo que lhes sobra da existência percorrida.
Para o pessimista, o passado apenas o atormenta. De um lado pela sensação de perda das boas coisas acontecidas. De outro, dos fracassos acumulados que tanto sofrimento causaram.
Para o otimista, ao contrário, o passado pode ser usado a seu favor. Os ganhos se transformam em saudade e as decepções e frustrações em esquecimento.
F.J.TÁVORA
Comentários
Querido amigo Francisco
Seu texto foi super bem distribuido e contado de uma forma bem sincera
Reli algumas vezes e vejo o quanto sua alma é bem centrada a descrever esta realidade que nos cercam
Aplausos para tí talentoso poeta
Meu abraço
Parabéns, poeta, poema reflexivo, sábio, primoroso, adorei. Abraços, paz e Luz!!!
Como eu já passei, faz tempo, da meia idade (como você chamou), impossível não haver ressonâncias: seu texto calou fundo, Francisco! Tudo verdadeiro, conforme o olhar otimista ou pessimista - a decisão cabe a cada um.
A nosso favor, ao lado das perdas que se vão empilhando, também vão se somando os ganhos, nem que seja em forma de saudade, a relembrança do que nos fez felizes.
Noves fora, como se dizia na nossa época, a vida tem, numa perspectiva otimista (e não necessariamente feliz) como produto o alargamento do nosso campo de visão para enxergarmos o verdadeiro sentido dela.
Sendo assim, benditos sejam os ganhos e as perdas! Bendita a velhice!
A dor é mestre da vida, parabéns amigo José, bela lição, abraços.