>DOLORES FENDER – CARA A CARA COM SAM<

SAM MORENO
DOLORES FENDER


Desde já, agradeço imensamente à estimada poetisa Dolores Fender por sua atenção e por ceder um pouco de seu tempo para essa entrevista.

Dolores: Eu é que agradeço tão gentil convite, Sam Moreno!

S/M: Antes de começarmos as perguntas fale um pouco dos seus estudos
e das áreas que você atua!

Boa Noite, Sam!
Cursei o segundo grau completo e o Técnico em Prótese Dentária.
Em 2005 conheci a maestrina Silvia Luisada e a
Música passou a fazer parte da minha vida, intensamente. 

Iniciei duas faculdades, mas, não conclui nenhuma delas, a primeira foi Pedagogia, dois anos, fiz estágio em escolas, a segunda foi Letras Português.
Interrompi porque não dei conta da minha casa, da música e dos estudos, tudo ao mesmo tempo.

Minha função na orquestra Silvia Luisada - OSL - é Flautista, naipe das madeiras, somos sete flautistas, Dora, Elza, Nuna (flauta I), Marilda, Deuslira, Ivani e Eu (flauta II).
Ficamos em frente à maestrina Silvia Luisada, bem no fundo, próxima à percussão.
Continuo no Coral Rachel Peluso, minha voz é contralto.

S/M: O meu grande sonho é aprender tocar gaita por ser amante do blues – tenho que encontrar um bom professor.
Vamos a primeira pergunta você está preparada?

Dolores: Sim senhor, preparada!
Aprenda gaita sim, Sam!
Ouvir música é maravilhoso, executá-la é muito mais!

SAM: Muitos dizem que comprar livros é um desperdício de tempo já que a tecnologia dos computadores está substituindo essas funções atualmente.
Até que ponto você concorda ou discorda?
Dolores: Não concordo! É muito bom ler livros no computador ou celular, mas ter um livro nas mãos, o contato dos dedos no papel, tê-lo bem próximo ao corpo, ler sem intermediários que dependam de energia alheia, é mil vezes melhor.
Quando eu era criança, vivia abraçada com os poucos livros que tinha, à noite reunia meus irmãos menores e lia para eles, as histórias que mais gostava, eles se lembram disso até hoje.

S/M: Qual a diferença entre abstracionismo e surrealismo?
Dolores: Essa pergunta é difícil, não sei responder. Li e reli a respeito dessas duas correntes e as achei semelhantes, acho que em ambas, os artistas queriam romper com as normas rígidas e tradicionais. Queriam expressar o mundo da maneira que viam, da maneira que sentiam, queriam fugir da realidade que era imposta pela sociedade.


S/M: No Brasil em sua opinião, qual a cidade que representa bem a gastronomia do país.
Dolores: Acredito que seja São Paulo.

S/M: Se não é agora, quando?
Dolores: É melhor que seja agora, se deixar para depois o pássaro voa, a chance se vai,
o amor acaba...

S/M: Prefere uma ceia refinada num restaurante 5 estrelas ou simplesmente a companhia dos amigos comendo um belo churrasco ao ar livre no seu quintal?
Dolores: Prefiro um restaurante 5 estrelas, numa ocasião especial. 
Gosto dos meus amigos, mas não todos ao mesmo tempo numa comilança desenfreada e bebendo muito, prefiro conversar olhando nos olhos.

S/M: O homem também pode ir para a cozinha e a mulher trocar aquela lâmpada?
Dolores: Com certeza!


S/M: Nem tudo a boreste e nem tudo a bombordo?
Dolores: É preciso que haja equilíbrio! Senão ficamos à deriva da própria vida.


S/M: Até que ponto você acha que uma pessoa pode amar alguém?
Dolores: Uma pessoa lúcida ama enquanto se sente amada, os loucos amam eternamente. Amo eternamente!


S/M: Descrente é o indivíduo que crê piamente na descrença?
Dolores: Acredito que não! Se ele crê na descrença crê em algo, portanto não é descrente.


S/M: O que tem a dizer das pessoas que procuram os seus direitos, mas não cumprem os seus deveres!
Dolores: São tantas que agem assim! Egoístas, prejudiciais à sociedade, ao país.


S/M: Quais são os desafios e as singularidades de uma orquestra que você procura ressaltar?
Dolores: Pontualidade de todos os envolvidos aos ensaios e apresentações.

Os músicos têm o dever de estudar o repertório com dedicação. Manter uma relação cordial, respeitosa e amigável com os colegas e com a maestrina ou maestro. Manter o material de estudo, partituras, organizados e os instrumentos musicais afinados. Cabe (a) ao regente: afinação e a escolha do repertório pensando em quem toca e em quem ouve, além de orientar e conhecer bem cada um dos seus músicos.
O maior desafio é receber os aplausos da platéia e vê-la novamente em outras apresentações. Graças a Deus, é isso que tem nos acontecido.


S/M: Você impulsionaria um músico a tocar com mais paixão, ou com mais perfeição?
Dolores: Com mais paixão.


S/M: O que foi constitucional, em sua infância, para despertar seu interesse pela poesia, e pela música?
Dolores: Foram os livros escolares, acredito que a partir do terceiro ano. Eu adorava: A Flor e a Fonte – Vicente de Carvalho, (sabia de cor até pouco tempo atrás). A Bailarina e As Duas Velhinhas – Cecília Meireles, O Sapateiro e o Rei – Bulhão Patos, entre outros.
Na música tudo começou tarde demais, infelizmente! Em junho de 2005 ganhei um convite para assistir um concerto no Teatro Paulo Eiró. (Tem horas que eu acho que a mão do destino nos guia). Meu marido, minha mãe e dois irmãos iriam junto. Na noite anterior ao concerto fomos a uma festa e na saída, às 2 horas da manhã, tinham arrombado o nosso carro, a porta não fechava e tive que voltar pra casa segurando-a. No dia seguinte, sem carro ninguém quis ir, mas algo me chamava e fui sozinha. Foi lindo! Era a OFISA com apenas 1 ano de vida, hoje já tem 13 anos, e tinha uma Camerata de Flauta Doce que me encantou. No final do concerto a maestrina Silvia Luisada convidou a platéia para a Oficina de Flauta Doce que era ministrada por ela mesma. Fui! Fiz 1 ano de oficina (tenho até diploma), entrei na Camerata de Flauta Doce, no Coral Rachel Peluso e fui monitora por cinco anos da Oficina. Há nove anos a Camerata de Flauta Doce se transformou na Orquestra Silvia Luisada – OSL, que é a orquestra da qual faço parte como flautista. Toco flauta transversal.

S/M: Você também é preocupada com sua saúde?
Vigia o tempo todo à balança, ou faz como a maioria enfia o pé na jaca?
Dolores: Estava fazendo tudo errado, com os pés e a boca na jaca e em muitas outras coisas doces e salgadas demais, rsrs, até a semana passada, mas resolvi tomar juízo depois que fui à Endocrinologista e à Nutricionista.

S/M: Qual é o seu diagnóstico sobre o machismo?
Quais as suas considerações sobre o capitalismo?
Dolores: Machismo para mim é falta de bom senso.
O homem não é mais e nem melhor que a mulher, e vice versa, cada qual com sua peculiaridade.
Prefiro o Capitalismo ao Socialismo, porém, com bom senso, a propriedade pode ser privada, os lucros são direito de quem produz, de quem vende, de quem presta serviços, etc., o erro está na ganância exorbitada, na falta de respeito, na desumanidade.

S/M: Seu conselho para uma mulher ter uma noite de amor inesquecível.
Ser ousada, tomar a iniciativa, ser direta sem entrelinhas, um lingerie com aquele chamariz, ou um beijo mais ardente imediatamente diz tudo?
Dolores: Basta estar com quem ela ama e é amada, a sós, num lugar confortável e bonito, o resto acontece inevitavelmente.

S/M: Você acha que o poeta Rui Paiva é mais bonito do que eu?
Tenho cara de: Esquentadinho ou tranquilo?
Dolores: Kkk Não! O Rui Paiva é bonitão, mas não tem o seu bronzeado!
Você é muito simpático, agradável, brincalhão, atencioso com todos nós da Casa dos Poetas e das Poesias, faz comentários maravilhosos sobre nossos escritos, nos estimula a escrever. Se fosse esquentadinho nem leria o que escrevo. Não seria o padrinho da Angelina a Glamorosa. Com certeza é muito tranqüilo e consciente do que quer e faz.

 

S/M: Lei terrena e lei divina?
Dolores: Lei terrena: cruel – salve-se quem puder! Lei divina: misteriosa! Às vezes não entendo o porquê de tanta maldade com inocentes não ser punida, não ser evitada, não se voltar contra o próprio malfeitor!


S/M: Aquilo que observamos é realmente o que observamos?
Dolores: Não!
Depende do ângulo de observação, ou seja, depende da posição que estamos em relação ao que observamos. Ex.: ver uma mãe doando seu bebê para adoção, diremos que essa mãe é desumana, porém, se nos colocarmos no lugar dela, que tem nos braços uma criança que não pode alimentar e nem criar com dignidade com certeza veremos outra imagem dessa mesma mãe.

S/M: Que contribuições poderemos extrair da existência?
Dolores: Dá para resumir em apenas uma palavra: APRENDIZADO.


S/M: O que deixaria você literalmente nas nuvens?
Dolores: Ver meus filhos felizes, minha neta crescendo, sorrindo, quando sinto que um amigo (a) mora dentro do meu coração e eu dentro do coração dele (a), quando toco ou canto bem em uma apresentação, quando escrevo, e muitas outras coisas.
Como você pode ver, vivo nas nuvens!
Quando alguém me chama levo um susto e caio lá de cima, mas vôo pra lá em seguida.

S/M: Você concorda que as mulheres, apesar da capacidade de luta que possuem, trazem o instinto materno incrustado na alma, o que as impede de separar o joio do trigo?
Dolores: Concordo em parte: as mulheres, com a capacidade de luta que possuem, trazem o instinto materno incrustado na alma. Isso não as impedem de separar o joio do trigo.


S/M: A Dolores acredita que nós, na Terra, somos a única forma de vida em todo o universo?
Dolores: Não!
Eu acredito que há outro planeta.
Que há vida lá. Seus habitantes são poetas e poetisas. Alimentam-se de palavras, adoram viajar e às vezes pousam suas naves espaciais aqui na Terra e habitam entre nós por tempo indeterminado.

S/M: Literatura permite-nos sair do mundo real e chegar ao mundo da fantasia.
Ao mesmo tempo em que provoca a reflexão, responde a algumas de nossas inquietações
por meio de construções simbólicas.
Você confirma ou discorda?
Dolores: Confirmo! A Literatura nos dá asas, nos liberta do casulo corpo físico, permite que nossa alma viva experiências novas e as leve até o nosso cérebro, através da Literatura adquirimos conhecimento e passamos conhecimento aos outros também.

S/M: Será que existem impedimentos que você ainda precisa superar? Qual é a origem?
Dolores: Acho que muitos. Prendo-me aos meus filhos e marido, não consigo passar mais de um dia fora de casa, viajar sem eles nem pensar! A origem, acho que foi o modo como fui criada, o exemplo de minha mãe que estava sempre presente cuidando da família.

S/M: Quem são, em sua opinião, os cosméticos brasileiros que fazem parte da sua usualidade, que são capazes de competir em pé de igualdade com os importados?
Alguma dica para suas amigas poetisas dessa casa?

Dolores: Gosto de O Boticário e Natura.
O básico, não tenho o hábito de me maquiar muito, exceto em ocasiões especiais.

S/M: Qual a conexão que a mulher Dolores
considera a mais perfeita entre o paladar e o olfato?
Dolores: Água na boca.


S/M: Finalize essa frase.
Embora desde criança ficasse horas fazendo ...trabalhos domésticos ...
devo confessar que...queria era estudar..

S/M: Será que um dia teremos um representante do povo no Senado
e não do dinheiro, como tem sido até agora?
Dolores: Quem sabe! É o mínimo que nós brasileiros honestos, esperamos.
Os desonestos não querem!


S/M: O que seu simpatizante falaria a seu respeito?
Dolores: Acho que diria que sou sincera.

Um pedido clássico do Cara a Cara...
Faça sua leitura nessa imagem!

Dolores:
O ambiente sombrio, a flor caída na
direção do copo d’água,
tão perto da água e morrendo de sede,
o contraste do vermelho da flor e das ultimas
folhas verdes com a paisagem, como no Brasil.
A água existe, mas está mal distribuída,
a mão que poderia pegar o copo d’água e regar
o vaso não o faz, assim como acontece no nosso nordeste.

Música de fundo
Schubert - "Ave Maria" (Ellen's Third Song) by Bevani flute

 Deixe as suas considerações finais...
Dolores:
É muito bom participar de sua entrevista Sam Moreno,
na verdade nem mereço estar aqui,
Cara a Cara com você, ilustre e querido poeta,
estou engatinho nessa maravilhosa arte de escrever,
quero aprender muito aqui nesta CPP
que me acolheu com tanto carinho.
Obrigada!

Caríssima poetisa Dolores.
Agradeço a você por essa entrevista dinâmica e por, tão sabiamente,
ter respondido a todas as minhas perguntas! 
Abraços hollywoodianos
Até a próxima entrevista!

SAM MORENO

 

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Comentários

  • Excelente amei fantástico
    • Obrigada, Meire por seu comentário e por me trazer aqui de novo para reler, adorei ter participado! Beijo!

  • Dolores que prazer conhecer-te melhor!!!

    Linda a tua história de vida!

    Respostas inteligentes em uma entrevista em elaborada.

    Parabéns!!!! Amei sua entrevista!!!

    3665080?profile=original

  • Parabéns, Dolores! Excelente sua Entrevista concedida a Sam!

    Parabéns pela sua arte, pela sua família! Tudo muito bem desenvolvido!

    Perguntas inteligentes, respostas bem interessantes! Bjs.

  • Entrevista gostosa de ler. Perguntas diretas, inteligentes, respostas diretas, com desenvoltura e inteligência. Gostei muiiiiiiiiiiiiiiiiiito! Parabéns, Dolores! Parabéns, Sam! 

  • Entrevista maravilhosa, perguntas interessantes e respostas sensatas, sinceras. A família é nossa grande dádiva, nosso paraíso terreno... Abraços, paz e Luz!!!

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CPP