REMINISCÊNCIAS

REMINISCÊNCIAS

     Mais clara a manhã que a sala, quando ela chegou.
     A senhora no sofá. Cabeça e ombros baixos. Álbum no colo. 
     Ergueu pesadamente o rosto.
     - Gosto das suas fotografias antigas... Tudo tão real...
     A moça, muito pintada, pouco vestida, perturbou-se.
     Dobrou os joelhos, aflita, apertou o braço da velha.
     - Eu fui uma boa menina, não fui? Não fui?
     E o seu reino de ilusões ruíu no colo da sua mãe.

(E. Rofatto)

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Comentários

  • É preciso um pingo d'água para enxergar que ele pode inundar um deserto. Muitas vezes enxerga-se o óbvio tarde demais.

    Arrependimento tardio é sofrimento prolongado.

    Maravilha de mini conto.

    Parabéns, Edvaldo.

    • Grato, Edith! Também penso assim, que o tempo nos prepara para reconhecermos nas pessoas suas qualidades e defeitos, suas fortalezas e ruínas por meio de gestos, olhares, posturas, pequenas atitudes - e isso aumenta nossa responsabilidade para co, nós mesmos a fim de se evitar o "arrependimento tardio".

  • Nossa!!! A cena se revelou nítida a medida que a leitura avança!!! Parabéns Edvaldo!!!

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    • Grato, Angélica! Estou ensaiando narrativa curta... Que bom que gostou! É um grande estímulo!

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