Vou assim, tão cansada;
procuro-me,
busco o silêncio,
gastei-me na multidão...
Das horas a fio que inutilizei por aí
trouxe este vazio existencial e esta ansiedade,
fruto da apressada multidão que traz nos passos
o tédio, tornando o ar tão pesado
confundindo o voo às gaivotas.
Os homens correm, correm mas continuam tão atrasados
ao derrube do muro das máscaras;
vivem numa orgia de cumprimentos, sorrisos e olhares
sem questionarem os sentimentos,
carregando o olhar com desculpas à vida
por ignorarem o seu poema.
Gastei-me na multidão...
Trago os gemidos da terra debaixo da calçada
e a atitude de alguns homens que ofenderam
o voo dos pássaros.
Busco o silêncio...
Preciso da brisa virgem
para curar a ferida sem deixar cicatriz,
preciso abastecer-me onde a vida é insubstituível...
Procuro-me...
Preciso continuar... sem este cansaço...
Fernanda R. Mesquita
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