Pedaços
Neste pedaço de sonhos
Eu crio demônios
Crio amor e tristeza e na rocha
Eu crio aspereza
Também crio céus e estrelas
E no coração a incerteza
Eu crio a morte e a vida
Multiplico as histórias, o adeus, as partidas.
Eu sou como um monstro medonho
Eu crio, eu me exponho.
Eu mostro os meus intestinos
Tomado por fezes
O sangue que corre nas veias
O pão que m'alma anseia
Eu mostro minhas faces na cara
Eu mostro minhas taras
E como eu não sei quem eu sou
Eu sou filho do amor
Ou talvez deste medo
E todo meu receio
É não saber quem eu sou
Alexandre Montalvan
Amor na solidão
é o desespero do eu lírico quando perde o amor
da sua vida.
Alexandre Montalvan
Goteja em ti este instante
espumas brancas de mar distante
de sonhos de amor de um quente verão
do sol que em brasa aquece a pele molhada
de amor e paixão.
Delírio começa na madrugada
a face marcada
de beijos em explosão
o corpo mordido, chupado, ferido
lascivas as ondas que cercam os seios,
as costas, a boca, os lábios vermelhos
inchados de tantos beijos e beijos.
Goteja em ti raízes negras da saudade
dor aguda que nasce de um grito
nas entranhas explodem a fragilidade
e no peito a angustia aflitiva dos aflitos.
Goteja em ti este instante
a ilusão a incoerência da vida
de alguém que um dia chamou de minha querida
e deixou apenas em ti
as ardentes lavas da despedida.
Alexandre
Desespero
. . . Beije meus olhos que na luz irradias
vista-me de prata sonhos transparentes
lava-me o corpo em mar de agonias
deixe-me ao sol para que eu morra lentamente.. .
Alexandre
Amor Doentio
. . .
Como droga e sem aviso me afoga
E me deixa sem sentido
Colorido, como LSD, como um gozo infinito
Um mergulho no abismo
Sem retorno, sem um pingo de pudor,
Doentio é este amor. . .
Alexandre Montalvan
Alguém como você
Entre os teus amores e encantos
Corre um rio de águas mansas
Cheio de lindas cores
Ora verdes ora azuis
Ora vermelhas ora brancas.
Em seus espaços e pedaços
No sopro da brisa vespertina
Desce tranquilo remanso
Em tão doce acalanto
Em que tudo reluz e fascina.
Em pequenos redemoinhos
Brincam pétalas de rosas
Que esvanecem nas espumas
Em meio a encantos e carinhos
Da tua alma preciosa.
São rosas de todas as cores
Em uma linda aquarela
Nos torvelinhos dos sonhadores
Girando entre encantos e amores
Da luz que tua alma irradia
Verdes, vermelhas, brancas, azuis e amarelas.
Alexandre Montalvan
Amor Ardente
. . .
O que os meus olhos já deixam de ver
com a intensidade que minha alma sente
és em mim fruto doce do meu amanhecer
eu toco teu corpo te amando para sempre.
Alexandre
Adeus
Havia mais que uma lágrima trágica
Que em meu rosto se espalhava
Havia também tristeza e magoa
E uma realidade mágica
Que me assustava
O escuro caixão na terra vermelha
Descia e se escondia
Era você ali enterrada
E eu olhava tudo ali sentado
Em minha cadeira surrada
Amei-te mais que a própria vida
Entreguei à loucura, o meu viver
E a cada verso que fizer
Neste obscuro universo,
Faz-me aos poucos morrer
A cada verso uma ilusão
È uma chama se apaga
Em meu pobre coração.
Alexandre
Não Deixem
. . ."escrever um verso como fosse um beijo
dado no canto da boca, na boca todinha
um beijo de língua, escancarado no verso
linha a linha."
. . .
Alexandre Montalvan
Morrer com Você
. . . .
Se mil vidas eu viver
mil vezes quero morrer
te amando por todas as noites
e morrendo com você.
Alexandre Montalvan