Nesta vida cheia de portas,
Por vezes batemos sistematicamente,
Mas agem como se estivessem mortas,
As pessoas que amamos, tão arduamente.
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Elas levam tanto tempo a responder,
Que a gente acaba por desistir,
O melhor mesmo é deixá-las morrer,
Do que continuar a bater, a persistir, a persistir.
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O vento leva as coisas ocas,
De tão vazias que elas são,
Depressa esquecemos... das memórias loucas,
E ficamos à mercê das nossas mãos.
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Um dia porém estamos à janela,
A campainha toca, inesperadamente,
Já nem te lembras ...que pessoa é aquela,
E fechas-lhe a porta para sempre.
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Com o tempo a gente aprende,
A valorizar a nossa pessoa,
Cria em volta uma grande rede,
E prende quem nos magoa.
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Cristina Ivens Duarte-13/09/2017
Porque falar me provoca ansiedade?
Dizem que desabafar nos faz bem!
Mas o falar de extrema necessidade,
É uma enfermidade na cabeça de alguém.
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Falar simplesmente...falando,
Das coisas da vida, das nossas dores,
O ar começa faltando,
E o corpo se enchendo de tremores.
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Depois vem aquele aperto no peito,
Que sobe e nos tira o ar,
Inspiro para não se tornar suspeito,
Que um ataque de ansiedade me está a dar.
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Devia sentir-me descomprimida,
Ao desabafar os meus lamentos,
Mas os amigos da minha vida,
Não entendem meus sentimentos.
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A ansiedade é um sintoma de stress,
Uma má experiência... traumática,
Que dificilmente se esquece,
E deixa a pessoa apática.
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Assim falo comigo simplesmente,
Os meus dias são uma grande luta,
Não falo com qualquer tipo de gente,
Para não ouvir que sou maluca.
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Cristina Ivens-11/09/2017
Há dias, que os dias não são dias,
São uma coisa qualquer,
Como vidas vazias,
Que nem dias têm sequer.
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O amanhã não interessa,
Se o dia vai ser igual...
E se passar bem depressa,
Não se vê no dia o que está mal.
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O mal não está no dia,
Mas no mal que o dia faz,
E se o dia para mim sorria,
Fazia o dia andar para trás.
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Atrás do dia eu correria,
De manhã ao anoitecer,
E os dias seriam dias,
Passados a correr.
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Cristina Ivens Duarte-14/08/2017
A minha pele será sempre pálida,
Não ouso sequer maquilhar-me,
Para quê fingir que sou ávida,
Se a terra vai comer-me a carne,
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Os meus olhos continuam chorosos,
Chorosos de já não serem jovens,
E nos cantos tão rugosos,
Só se vêem certas miragens,
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Engana-se aquele que encobre,
As marcas do tempo que passa,
Esquecendo que também morre,
Passando a ser uma farsa.
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Assim quando eu partir,
Me dêem uma só cor,
Uma rosa na face a sorrir,
Para morrer digna de amor.
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cristina Ivens Duarte-13-08-2017
Voava como um avião de papel,
Tão leve como um pedaço de napa,
Que eu guardara desde longa data,
Enrolado a um fio de cordel.
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Achei-o num dia tristonho,
Amassado parecendo chapa,
Uma noite apareceu no meu sonho,
Caído num bairrinho de lata.
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Ele voara tanto com o passar dos anos,
Como um tufão que provoca danos,
No peito um cordel apertado.
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Ao dormir, por vezes está ao meu lado,
Destemido...ainda me pergunta,
Porque sonho eu acordado?
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Cristina Ivens Duarte-11/07/2017
Quanta ternura em nosso olhar,
Quando em harmonia nos beijamos docemente,
E o sol sorrindo em nossa mente a iluminar,
O primeiro amor flutuando entre a gente.
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Fechámos os olhos e ficamos a sonhar,
Pincelámos o céu de rosas adoçadas,
E a ternura quase nos fez chorar,
Com a macieza dos lábios inesperada.
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Beijar...beijar até tapar os ouvidos,
Para sempre com os lábios unidos,
Duas crianças, dois beija flores.
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O amor, o nosso coração invadiu,
No ar, um brilho mágico que nunca se viu,
Duas sombras...a verter de amores.
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Cristina Ivens Duarte-1/06/2017
Eram aromas, fragrâncias por inteiro,
Como se em flores, eu estivesse estendida,
Que na brisa do teu sopro...senti o teu cheiro,
Alucinando, meus dias, minha vida.
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O cheiro do teu perfume impregnado,
No meu corpo, minhas mãos, minha cama,
Como se um fogo, se tivesse inflamado,
Num ápice, tudo em volta ficou em chama.
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Entrelaçando todos os meus nervos em versos,
Labaredas, vindas da alma a navegar,
Carinhos e beijos ficaram impressos.
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Corpo entre corpo, num enlace primordial,
Fomos astros a brilharem neste amar,
Jamais haverá um momento deste igual.
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Cristina Ivens Duarte-2/05/2017
Os Três Males Da Vida
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Os três males da vida,
Responsáveis pela infelicidade,
É a «Ganancia» sem medida,
A «Vaidade» e a «Necessidade»
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«Ganância»
Não escrupulosa ganância,
Que trazes a infelicidade,
Fazes o homem de importância,
Escravo sem necessidade.
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Muito mais quer apanhar,
Porque muito mais quer ter,
Esquecendo que vai deixar,
Cá tudo, quando morrer.
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«Vaidade»
Pode não ter um tostão,
Ou até estar empenhado,
Mas vai todo fanfarrão,
Ao vizinho pedir emprestado.
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A vaidade, não deixa ter,
A ninguém nenhum valor,
Veste muito bem sem poder,
Querendo imitar o doutor.
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É a vaidade que faz,
A miséria engravatada,
Porque ninguém é capaz,
De dizer que não tem nada.
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«Necessidade»
A necessidade é sofrimento,
Dos que não têm que comer,
Explora a cada momento,
Os que nela querem ter.
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E não faça confusão!
A necessidade é um perigo,
Não perdoa ao irmão,
E muito menos ao amigo.
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E não há nada a fazer,
Não pode ser corrigido,
Com estes males a correr,
O mundo está perdido.
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E não sendo nenhum igual,
Qual destes é o maior?
Destes três tipos de mal,
Qual deles é o pior?
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Cristina Ivens Duarte-28/04/2017
À luz do sol, ao fim da tarde,
O sentimento é forte, de pura emoção,
Contemplá-lo, é amor que arde,
É platónico, é transfusão.
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Em versos, trovas e melodias,
Me reporto aos sonhos desvanecidos,
Que na cegueira das minhas fantasias,
Em amor e luz ficamos fundidos.
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Ora brilhamos, ora escurecemos,
Andamos nisto, num vai e vem,
Porém, só nós é que sabemos,
A cor que a nossa alma tem.
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Na genuinidade da minha transparência,
Cujo a vida me tem sido traiçoeira,
Transponho em versos a minha essência,
Com cheiro a flores de uma laranjeira.
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Cristina Ivens Duarte-25/04/2017
A minha ausência tem sempre um significado,
Embora por vezes eu não diga a verdade,
É uma desculpa, um argumento inventado,
É uma fase, não é defeito ou maldade.
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Não estou aqui, nem ali, nem além,
Não estou capaz, nem sequer de falar,
Não quero ouvir, nem saber de ninguém,
A minha alma não está em nenhum lugar.
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Eu sou assim, de uma tremenda inconstância,
Como a temperança dos climas sazonais,
Que para uns, são de grande importância,
Mas para mim, são dilúvios existenciais.
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Um dia amo, outro dia odeio,
Estou em total descompensação,
Não penso, não sinto , nem creio,
Que no meu peito exista um coração.
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E então, ausento-me para me procurar,
A mim, e à minha esperança,
Que está constantemente a chorar,
E tem o tamanho de uma criança.
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Cristina Ivens Duarte-12/04/2017
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