Posts de Diego Tomasco (230)

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Urso branco

Ainda vejo aqueles velhos fracassos, junto com seus punhais cravados no tempo e no espaço e de repente existem versos que não consigo entender pois eu mesmo os escrevi;

Então saio desprovido de pudores e quasse míope de nostalgias porque ninguém poderia entender antes de mim essas dores que já não doem,

O bairro não é o mesmo, as luzes não iluminam como antes e apenas queria ser tudo aquilo que hoje me constrange;

Saio e ninguém me abana ,

Saio e ninguém me espera,

O que desenhei na areia aquele dia não era para ti, Estava inquieto e assustado, procurando uma maneira de fugir dos meus pecados, perdi 

a áurea e a fragilidade e não sei porque tudo parece tão tranquilo;

Vou ter de acelerar, ou tentar explicar-me esta loucura...

Não espero nada de mim porque sou simples e estranho, desconhecido e lento em minhas lágrimas

 que derramei naquela noite que foi a mais importante;

Te propus não fazer nada e de repente fizemos tudo, Mistura de fragrância e pele,

 Amor que tentamos salvar uma única vez,

 Havia após algumas noites compreendido o limite entre minha loucura e teus encantos;

Por isso dei-me conta que todos os dias foram uma versão pessoal

de esperar por ti...

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Esquizofrenias de um menino

 Eu era pequeno mais lembro-me bem daquele senhor magro e vestido de uma pobreza decente, seu olhar trazia lembranças doces e um pouco de dor,

Talvez muita dor,

Parecia que já não tinha conexão com o resto do mundo , um rosto que caducava extinto sentindo o pasmo de ter perdido o entusiasmo,

Há tantas mortes dizia ele nessa atmosfera tênue entre alguns suspiros e tantos argumentos, á tanta iminência desmentindo o vazio, e depois esses planos mumificados e cheios de derrotas confortáveis.

Lembro-me da sua consternação quasse raivosa externando uma certa doçura,

 Respiramos tranquilos, eu na minha inocência infantil e ele numa tranquilidade pálida que exumava rancores. 

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Fragmentos

 Quando germina a raiva recheada de angústias enterramos o mundo e seu futuro, lembrar desse abismo é compreender a única culpa que preenche o vazio,

Ainda viver e sentir- te aqui incisiva e lúcida, protagonista dessa realidade concreta como algo que transita o mesmo tempo universal,

Talvez a realidade é apenas uma imaginação sem análise comparativo, como uma justificativa que transita nutrida a concessões,

Quando germina o amor a vida se torna solidária, como um ideário militante e cheio de sonhos que não envelhecem, 

Talvez a metáfora seja absoluta, como um poema cheio de fragmentos e coincidências, como um pequeno verso sem nexo porém enriquecedor. 

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Água Verde

 Aquele cara de cabelo grande capaz de intimidar, agora olha o mundo triste e lento, 

Arrasta lembranças exaustas que já não querem repetir se. Lá fora essa taciturna epifânia existe cheia de dor e tempo,

Esquecer os acasos, os amores e pórticos com seus pálidos prazeres, saber de ausências e horas abafadas em camas incandescentes,

Aquele cara cheio de sonhos e devaneios resiste amargamente á roda do tempo, como um poço de água verde que desvanece febril e sereno...

 

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Galáxias

 Sonho além, levanto e ouço o trepidar dos meus passos, entendo a sorte de viver, 

Sei da espectativa do entardecer, e de ter que esperar essa insolvente eternidade, ainda carrego a confiança comigo num inventário de sonhos e perdões,

Vou além, e viajo numa utopia de galáxias onde o tempo leva mensagens exíguas e frágeis perdidas na solidão oculta do nada.

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Ensaio sobre um corvo na janela

 E tão estúpido ver como ele continua voltando aqui todos os dias , será que corvos tem reflexo condicionado? Ou quer me dizer alguma coisa??

Honestamente me deixa desconfortável, já não importa pois sempre carrego essa mania de tecer hipóteses sobre coisas inúteis,

São poucas palavras e muitas horas perdidas, enquanto morrem as manhãs dia após dia, e como um vidro de morfina que vai acabando pouco a pouco, essa intensa palidez ,esse encolher de ombros quando poucas coisas importam,

Olho com essa perfeita razão que sempre me persegue, me embriago com a ilusão de um dia ter sido um sonhador, as repetições se repetem, as situações são como um dogma de tensão e acasos de pretensas e pálidas lembranças,

O corvo me olha insistente com seus olhos frios e dolorosos, e um instante brutal, compreende essa pureza pueril, sabe dessa chama que queria esquecer, golpeia violentamente o vidro tentando me tirar dessa imobilidade, desse marasmo suspenso e solitário,

O corvo e um excelente companheiro, não canta quando a maioria canta, apenas sente a dor fulgurante e calcula as horas penetrantes de silêncios , seus olhos são frios e tranquilos ,

Desta vez compreendi calado e convencido que está melancolia seca e apenas uma certeza que atravessa meus dias, sou apenas uma fúria ondulante guardando quietude, alimentando essa doméstica miséria que me permite seguir respirando,

Por um segundo o corvo me entendeu...

 

 

 

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O pescador e a sereia

 Eu te amei apesar desses muros de repulsa e doçura, e gastei todo o canto e o encanto que restavam em mim,

A umidade da areia e a suavidade do vento naquela noite onde recolhi tua última resistência já são um espaço imaginário, como uma sequência de saudades no meu inventário,

Eu te amei submergido e translúcido, como um pescador a espera da sereia, 

Como uma solidão vazia e cheia ,

E agora sou um vinho de mil anos , 

Uma esplêndida e remota estrela,

Apenas um poeta...

 

 

 

 

 

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Pedras que cantam

Eu vejo essas manhãs perfumadas de primavera, essas serras escuras e calvas cheias de nuvens cinzentas,

Eu vejo o sol batendo nas pedras que cantam a terra em agonia, que sentem a monotonia de estarem sempre no mesmo lugar,

Ei sei desse caminho solitário que avança com medo de chegar, 

E agora o infinito acompanha a solidão, como um barco sem barqueiro, como alguém que cansou de sonhar.

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Fugaz

Tinha um quadro naquela parede que era quasse uma metáfora com sua natureza morta, e depois do cume da escada eu descia planando pelo corrimão,

O passado com sua fugacidade existencial, sensação melancólica de algo irreparável, estruturas e repetições de ternura materna,

E depois a sala familiar tão sóbria e tão sonora mais também solene em seu silêncio de leitura e conversas reservadas, ainda vejo essa função temporal, esse relógio como símbolo do tempo que resume velhice e morte,

Mais agora a realidade se esconde no íntimo do meu ser matando muitas ilusões e semeando interrogações,

O presente transcorre com esse desprezo cheio de propósitos e aspirações...

 

 

 

 

 

 

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Soletrando ausências

 As dúvidas, as existências e os ódios,

Esse adeus tão difícil de dar, essa enorme e submersa solidão, 

Essa acidez na tua resposta que brota como um relâmpago,

Esses últimos sinais que correm contra o tempo, esse tormento difícil de soletrar, 

Jamais descansarei raivoso em teu silencio, Nem esperarei tua ausência...

 

 

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Hemisfério escarlate

Represento a verdade com medo de ser dita,

Represento um voluntário quasse invisível,

Sou um vidro quebrado visceral e delicado,

Posso entrar nesse vazio, acreditar nas mentiras e gostar de ser iludido,

Represento essa trepidante fronteira que não espera , mais ultrapassa sonhos a procura de outras primaveras,

Posso desmoronar no teu hemisfério escarlate, e acreditar no drama de olvido a que me remete teu universo seco,

Mais destronar o medo trás a claridade genérica do silêncio ,

Represento o incêndio que bebe na fonte da doçura e devolve a claridade dessa última aurora.

 

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Solidão repentina

Indiferenças exiladas e tempos suaves,

O ponto insólito de algumas verdades,

A doçura que envolve teu alento de primavera,

Essa última curva imaginária antes do fim da jornada, Agora ou nunca perdoamos esses velhos inimigos, 

Pois a sabedoria e lenta nessa solidão repentina, 

 

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Águas vivas

 Ouviremos o paraíso ou permaneceremos nesses porões e sótãos de ignorância?

Talvez essa dor infatigável tornou-se a vocação de alguns homens que perseguem a utopía sem ter esperança, 

O amor também é prática, e se guia pela sabedoria. Conquistar corações entre arbustos que florescem a beira de um deserto não e tarefa fácil,

Amar a vida no esplendor do anonimato,

Ser pacífico entre contradições,

Recomeçar nadando entre aguas vivas,

Entender o que não importa,

Circular entre as lutas quando falta o necessário,

Oferecer teu coração sem ter mais planos.

 

 

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Estação Manhattan

Brian Telfs todos os dias tomava aquele trem, era uma tortura , a raiva e a maldade cresciam dentro dele , essa rotina degenerava sua sanidade mental cada dia mais...

Qual era o sentido da sua vida afinal ? Esses e outros pensamentos sombrios o atormentavam constantemente, mais aquele trajeto da parada seis do metrô que conectava o Brooklin a Manhattan nunca o deixava de chocar, as pessoas que entravam simplesmente eram um tormento para ele.

Se tivesse aproveitado as oportunidades que teve de ter um futuro sonhado pelos seus pais talvez não estaria ali, e agora com trinta anos sabia que seu discernimento das coisas estava comprometido.

Brian Telfs caminhava cerca de oito quarteirões após descer da estação para chegar no serviço, um escritório contábil onde trabalhava á alguns anos. Naquele dia decidira acabar com tudo,e enquanto aquela chuva fina e gelada batia nas vitrines daquelas lojas finas ele olhava o reflexo distorcido e pálido do seu rosto e planejava o fim.

 Lembrava muito bem dos abusos que sofrerá do seu padrasto quando tinha apenas seis anos de idade e de como sua mae não fez nada para protegê-lo. Após a morte daquele monstro a vida continuou como se essas coisas nunca tivessem acontecido.

Enquanto pensava estas coisas sentado na sua mesa de trabalho sua colega Diana o observava, para ela apesar de conhecê-lo á mais de cinco anos Brian Telfs não passava de um colega fechado que beirava antipatia, afinal nesse tempo todo quase não se falaram salvo algumas vezes , geralmente para resolver problemas rotineiros.

No trajeto de volta para casa a chuva estava ainda mais forte, para ele não fazia diferença, acabara de jogar seu laptop e alguns documentos de seu emprego no lixo. Brian sabia que não voltaria.

Ao descer no Brooklin caminhou algumas quadras , entrou num comércio saindo alguns minutos depois. Brian e sua mãe moravam num pequeno apartamento no subúrbio, depois que seu padrasto morrera sua mãe acabou ficando com ele.

A relação de Brian com sua mãe era estranha, quasse bizarra , as vezes não se falavam durante meses a fio, outras vezes conversavam cordialmente e noutras brigavam com palavras de baixo calão de forma violenta chegando a assustar seus vizinhos.

Suas diferenças eram profundas e graves e Brian nunca a perdoara por não telo protegido quando estava frágil e indefeso. Assim que entrou preparou a messa como fazia sempre, só que desta vez decidira jantar com sua mãe.

Clarisse Telfs achará estranho o convite do seu filho, afinal já não lembrava a última vez que sentará á mesa com ele, então aceitou.

Sentaram sem dizer uma palavra, o cheiro da comida era ótimo, o sabor era bom apesar de estar um pouco amargo no final, após alguns minutos Clarisse sentiu uma dor muito forte no estômago e sua cabeça começara a rodar ,os espasmos a paralizavam estava morrendo.

A última coisa que sua mãe viu foi um sorriso assustador e uma pequena lata de raticida na mão de seu filho.

Brian caminhou e abriu a janela da sala, o mal tempo já tinha passado e o céu estrelado estava lindo, sentia-se bem como nunca antes, caminhou para o vazio , finalmente estava livre.

 

 

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O diário de uma patricinha

Salto quinze, chapéus e cílios postiços,

Esforços desperdiçados e pouco inteligentes, momentos frustrados e misturados a uma burrice quasse intencional.

Essa educação suficiente de uniformezinho cor de rosa que perfura a matemática mais esquece a história, 

O mundo e injusto quando não se ganha o primeiro carro aos dezeseis, mais as palavras não são bem assim , elas machucam quando não se consegue o desejado.

E tão desagradável quando te ouvem sem ouvir, e por alguma razão misteriosa a realidade resolve derrubar esses muros de fantasia imediatista e aqueles idiotas que pareciam expertos soam o alarme ao verem esse brilho novo em teu olhar...

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Janela furtiva

 Pela janela olho a mesma avenida, os anos transcorreram em dias pausados com amor e desafios, alguns dizimados, outros esquecidos,

Quantas perguntas não respondidas, quantas respostas furtivas, nunca gritei esse grito imprescindível com esse plural que me indicava outros sonhos, 

Pela janela olho essa fronteira clandestina de promessas abstratas, com folhas mortas, que transitam nessas ruas onde o tempo parece um labirinto repetido feito de sobressaltos e sombras.

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A agulha e o camelo

 Quando sufocavas teu sorriso apertando teus lábios e humedeciendo os olhos eu tentava sacudir o silêncio murmurando palavras que permanecían imóveis, 

Os minutos transcorrían numa larga distancia de angustias oferecendo injurias febris e caladas, horas mais tarde renascia ese amor insolidario, com alertas e voraces argumentos,

Quando lentamente dizias te quero nessa atitude irresistível de rápida paisagem algo ficava para traz, era como um tempo giratorio, uma piedade, um sonho, 

Quando a agulha e o camelo já não se traspassam, continuamos acumulando rancores, como em jogos proibidos com pretextos deixados no divã...

 

 

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Rústico jardim

 A manhã atravessa o céu com seu último sereno, o vento arranca folha por folha dessa grande árvore com fúria solidária,

A alegria se dissolve nesse rio que reflete o sol tão necessário, a pureza desse caminho sem trilha feito de luz e aspereza segue hostil e invulnerável sem destino final,

O amor entende esses segredos delicados de esquecimento e tempo, de espaços habitados por minutos dilatados que enchem a terra de vida e natureza,

O desamparo irremediável é tão essencial quanto esses séculos de silêncio e simetria, 

 Nesse jardim rústico e perdido...

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Anónimos

 Nesses dias em que uma incompreensível solidão nos ataca seremos uma ilha inesgotável desse pálido prazer com ausências de sombra e frio, 

Nos que viemos desse útero fértil e febril com agonias devoradas por um mundo que não nos pertence contaremos esses anos com paciência raivosa, 

Nesses dias em que fechamos os olhos e aprisionamos o choro na ilusão de um mundo diferente, a distância que nos separa se abrandará com um céu azul a cada dia,

Nós que nacemos do pó e não temos história, não aceitaremos essa fábula cruel que persegue esse desdém permissivo e sem sonhos num esquecimento infinito.

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CPP