Vida e Dor, Morte e Renascimento!
Estava só à margem do rio
Ouvi um gemido sofrido
Um gemido plangente que ecoou além da mata
Além da margem do rio que divisava aquelas terras...
Era o mundo físico, separado do mundo metafísico.
Bem distante do fulgor que soterra a dor...
Lá estava a criatura inerte e já sem cor
Nas últimas manifestações de vida...
E o gemido perdido passou por entre árvores
Atravessou a mata povoada de aves e insetos
E habitou a margem na fronteira
Da dor e do prazer para dias incertos viver...
Era um gemido dorido
De dor que machuca o coração e a alma
Que penetra as entranhas, que dói o ouvido
E nas dores mais atrozes busca um sentido...
Para onde foi o corpo sofrido
Perdido no gemido
Além da mata, muito além?
Vi adiante um corpo esquálido...
Além, muito além da margem do rio.
Um grito ecoava perdido na mata
Sufocado entre as árvores...
E a dor que nascia agora
Era a mesma dor que morreu
À beira da margem do rio...
E o grito de morte se juntou ao corpo
E o corpo com o grito sumiu
Na tarde silenciosa que também morria...
Nasceu a esperança...
Uma luz brilhou nas campinas...
Além, muito além da margem do rio
Um mundo novo e sem dor surgiu
Um mundo lavado pelas lágrimas de lamento
Que inundaram aquele ser
E o levaram para longe, muito longe
Do infame tormento.
Era o renascer... Isento de sofrimento!
Mena Azevedo