Em busca de mim
É noite e perambulo no vazio, entre pedras
Caminhos incertos, visão diáfana me atordoam
Quero voltar para sair sem ranhuras dessa aridez
Buscar o amor e a paz que em meus sentidos ecoam.
Ouço o açoite do vento que me sacode nesse ermo
Não há lirismo, tudo é soturno, não há melodia
O que era suave orvalho virou denso inverno
Senti a alma deserta, imersa em nostalgia.
Trevas me envolveram, lágrimas rolaram frias
Do céu tão escuro, ausência da luz e das estrelas
Pedi socorro à lua, mas só ouvi sons de nostalgia
E, friorenta, pedia às nuvens para aquecê-la.
Eu, como a lua, sequiosa de calor e luz, implorei
O retorno a minha condição anterior para sonhar
Com um lugar que me aquecesse, assim pensei
Queria ver brilhar o sol e desse pesadelo despertar.
Mena Azevedo