Posts de Mena Azevedo Leite (397)

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Em busca de mim...

Em busca de mim

 

É noite e perambulo no vazio, entre pedras

Caminhos incertos, visão diáfana me atordoam

Quero voltar para sair sem ranhuras dessa aridez

Buscar o amor e a paz que em meus sentidos ecoam.

 

Ouço o açoite do vento que me sacode nesse ermo

Não há lirismo, tudo é soturno, não há melodia

O que era suave orvalho virou denso inverno

Senti a alma deserta, imersa em nostalgia.

 

Trevas me envolveram, lágrimas rolaram frias

Do céu tão escuro, ausência da luz e das estrelas

Pedi socorro à lua, mas só ouvi sons de nostalgia

E, friorenta, pedia às nuvens para aquecê-la.

 

Eu, como a lua, sequiosa de calor e luz, implorei

O retorno a minha condição anterior para sonhar

Com um lugar que me aquecesse, assim pensei

Queria ver brilhar o sol e desse pesadelo despertar.

 

Mena Azevedo

 

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Enfim, chove...

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Enfim, chove...

 

Chove... Chove muito...

Não são chuviscos que batem suaves

Que respingam somente

Aqui, ali, acolá...

Gotas, muitas gotas, outras gotas

Batem na tecla invisível

De corações angustiados...

 

E escuto essa melodia...

Com ela cubro meu pranto, o pranto

De pessoas que sofrem com o estio

Que laboram a terra cinzenta...

São gotas, muitas gotas que se avolumam

E sufocam o pranto

Dos homens em desolação...

 

A ausência da chuva, nostalgia...

Cantoria das gotas que batem nos telhados

Faz despertar a consciência

Que dorme no silêncio da noite...

Num passe mágico, a natureza se transforma

E faz-me escutar a canção

Que, de gota em gota, inunda rios e riachos...

 

E a chuva cai... Cai mansa...

E uma cadenciada orquestra

Entra pelos meus ouvidos em êxtase

Cujo som vem pelos teclados de Deus...

E nessa ultra dimensão do espaço

Imerge de forma holística nos lugares

A transmudar, de gota em gota, a terra em lágrimas...

 

Mena Azevedo

 

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Vinho, beijos e segredos

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Vinho, beijos e segredos

 

Vem, meu amor

Já está na hora

De nos amarmos sem segredos

Vem degustar do vinho

Que guardei para essa noite

Vem brindar em nosso ninho

O amor flamejante que, sem medo

Ponho ao teu alcance

Beija-me com ardor

E sente do meu corpo em compulsão

Escorrer um vinho puro

No doce calor desse encontro

Revelarei meus segredos

Nessa hora de encanto e magia

Enquanto derramas a taça

Do líquido que banha meu corpo

E num beijo regado a vinho

Que flui copiosamente em mim

Desvendarei esse mistério

Para seres por todo o fim

Na minha vida refrigério.

 

Mena Azevedo

 

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E chega o outono...

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E chega o outono...

 

Absorta nos meus pensamentos difusos

Olho em volta e observo a paisagem

São sentimentos que renascem confusos

Ao ver a Quaresmeira no meu imaginário

Abrir-se no seu colorido numa bela imagem!

 

Uma saudade pungente acelera meu coração

O verão despede-se sem preparar o terreno

Para receber nostalgicamente essa estação

Para muitos de cores vermelhas e amarelas

Que se despede num suspiro, do sol moreno!

 

É a vida refazendo-se, mudando o prisma

Da exuberância das flores em harmonia

Que ofertam às almas carentes o seu carisma

Num panorama de olhares tristes, tisnados

Pela luz que se esvai, aos poucos, sem sincronia!

 

Ah! Dias de primavera se dissolveram ao vento

E o verão queimou as fantasias mais coloridas

Chega o outono lentamente amarelando o tempo

Reativando sonhos embalados na memória

Quais Quaresmeiras nas suas pujanças híbridas!

 

Mena Azevedo

 

 

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Retalhos da vida

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Retalhos da Vida...

Andei por todos os caminhos...

Ao longo da minha caminhada, encontrei espinhos

Que me machucaram devagarinho... devagarinho...

Sangrando a carne, despedaçando os sonhos, mutilando a vida.

Mas encontrei rosas também, que perfumaram as feridas,

Deixando uma pétala em cada cicatriz...

O seu perfume foi bálsamo que aliviou a dor e resgatou os sonhos

E uma suave fragrância se espalhou pelos meus dias.

Não desisti da caminhada, porque o amor renasceu da dor,

Construindo sonhos, destruindo pesadelos.

Prossegui com garra e aqueci meus dias com a chama da esperança 

E com a luz da imaginação que emanava de mim.

As noites insones transformei-as em oração de fé, confiança e alegria.

Fiz da vida uma canção de paz, amor e harmonia.

Revigorei o ânimo, restaurei a calma: confiando, acreditando e amando.

Estou de pé, firme nos meus propósitos de ser sempre melhor.

 

Mena Azevedo

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Amigo

Amigo

Esse pelo sedoso, esse olhar profundo

Trazem à tona uma saudade que machuca

Meu coração que chora a tua ausência!

 

Foste para mim um amigo de todas as horas

Meu cão, meu guarda, meu companheiro

Fiel, cujo cuidado jamais foi esquecido!

 

Manhã de sábado ensolarada, céu azul

E uma enxurrada de sangue pelo quintal

Fez minha alma chorar; coração partido!

Não houve tempo, meu amigo

Para dar o socorro de que precisavas

Naquela hora sufocante de tristeza!

 

Partiste e não te dei o meu adeus

Que ficou sufocado entre lágrimas

Que caiam dos meus olhos apagados!

 

Depois de tudo consumado, não te vi

Porque precisei de amparo naquela dor

Ao ver meu amigo esvair-se em sangue!

 

Hoje, resta-me uma terna lembrança

Da tua graciosidade, tua dócil presença

Na minha vida que se esvaziou naquele dia!

 

Mena Azevedo

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O nascer do amor

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O nascer do amor

 

O amor que transbordou em reluzente taça

Embriagou-se na noite ávido de desejo

Na quietude do sonho que ultrapassa

Os limites da consciência num lampejo...

 

Nasceu, cresceu, voou como aladas borboletas

Ouvindo a voz do cosmo que à noite lhe dizia

Liberta teu coração e mente dessas muletas

Busca a felicidade que virá mesmo tardia...

 

É só acreditar no amor e assimilar a sensação

Na lírica e sequiosa paixão de viver com ardor

Deixar que a semente germine , para então

Oferecer a vida como receptáculo de candor...

 

Mena Azevedo

 

 

 

 

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Vida

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Vida

 

O’ Vida, essa angústia

Numa aliança

Cheia de ânsias, lembranças

Que sufocam o peito

Desarmonizou o sonho

E me feriu como lança...

 

O’ Vida, essa nostalgia

Busca a paz retida

Numa torrente de amargura

Em movimentos bruscos

Que vão das palavras aos atos

Nos encontros sem ternura...

 

O’ Vida, esse amor

Deitado sobre meu peito

Quer reacender a chama, afastar a dor

Que é agora uma pluma

Que se transforma em borboleta

A bailar sem jeito, tocando os sentidos...

 

Mena Azevedo

 

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A poesia e a chuva

A poesia e a chuva

 

Chovia a cântaros na estéril noite

Observava da janela as grossas gotas

Que caiam em profusão e com açoite

Na vidraça da minha janela já rota.

 

Meu ser se inundou de poesia

Era o milagre na terra calcinada

Pelo sol que queimava e aturdia

Meus sonhos, desejos e fantasias.

 

Mas a poesia estava dentro de mim

O desconforto, o sofrimento não matou

Meu encantamento pela vida; era assim

Movida pela ideia que gerava meu poema.

 

E o meu coração saltitante se lavava

Com as gotas cristalinas que eram dádivas

Caídas na terra sofrida, em larva

Onde a esperança reluzente ressurgia.

 

Matizo essa imagem com a minha poesia

Que farfalha no meu peito para reagir

Ao sofrimento que morreu com a melodia

Da chuva benfazeja que voltou a cair.

 

Mena Azevedo

 

 

 

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Fenda

Fenda

 

Abriu-se uma fenda na terra ressequida

Esquecida, devastada por mãos insanas

No afã de encontrar o eldorado na lida

Que não dá trégua nessas ações levianas.

 

Desce no seio da fenda sombria um fio

D’água límpida que contrasta com a terra

Afogueada da paisagem num desafio

Que faz renascer a paz, em tempo de guerra.

 

Contemplo essa imagem e a comparo

Com a fenda aberta no meu coração

Que vive sufocado em dor e desamparo

Mas que nas suas corredeiras há uma canção.

 

Ressuscito a esperança, creio que virá um dia

Sensatez e boa vontade para mudar o que fere

A vida humana e seus biomas na bela melodia

Que será cantada por quem não a oblitere.

 

Mena Azevedo

 

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Efemeridade

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   Efemeridade

 

Tudo passa nessa vida

Passa o amor, passa a fala

E o que se disse há um segundo

Já é passado e caiu na vala

Do esquecimento do mundo.

 

É bom ao que se diz ficar atento

Para perdurar por longo tempo

Porque o discurso só será completo

Se de verdades estiver repleto

E chegar aos sentidos por caminhos retos.

 

Os prazeres caminham sem destino

E dilaceram corações gradativamente

Se não tiverem consistência

Enquanto a essência do amor exige tino

Para não envolver só em desejo a mente.

 

O que é efêmero no vento repousa

E em tudo que não é estável

Os sentidos ficam lentos e acusam

A fragilidade do amor carnal

Porque a matéria é vulnerável.

 

Há uma força suprema que clareia

Nossa mente e nos chama à realidade

As paixões são como rastros na areia

Que se desfazem após cada onda que passa

Só Deus é eterno nessa vida passageira.

 

Mena Azevedo

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Na rua...

Na rua...

 

Encontros, cumprimentos, lembranças

 Enquanto olhares indiferentes e de soslaio

Partem de pessoas que com esquivança

    Pensam que a vida na terra é apenas um ensaio...

 

Pelas avenidas da cidade, corpos enrijecidos

Nas calçadas mendigam migalhas do que sobra

Na casa daqueles que vivem meio esquecidos

   De que a solidariedade em outros bens se desdobra...

 

Na rua, há o apelo dos que sofrem pela culpa

Daqueles que em suas mãos detêm riqueza e poder

E não olham para as mãos que se elevam em súplica

Deixam, sem nenhuma atitude, a vida fenecer...

 

Mas na rua, há também, mãos abençoadas

Que afagam as mãos e a cabeça confusa

De idosos, adolescentes e crianças abandonadas

  São mãos limpas mãos do bem, sem nenhuma recusa...

 

Sejam nossas mãos, mãos que guiem os passos

Das muitas pessoas que vivem na vida muitas vidas

Mãos dadivosas que matem a fome e que troquem abraços

Mãos que acolham os pobres e cuidem das suas feridas...

Mena Azevedo

 

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Puro amor

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Puro amor

 

Na madrugada, uma voz formosa

Acorda a amada que dorme feliz

Nua no seu leito com cheiro de rosa

Amam-se e, num enlace, pedem bis...

 

Braços nus abraçam o amado pela cintura

E buscam a fonte para amar e beber

O néctar do amor e banhar-se nessa doçura

Selada com beijos na aurora rosicler...

 

Na sublimidade dessa hora, puro amor

Para uns, indigno, talvez impuro

Aos olhos de quem não sabe com fervor

Amar com a intensidade de um amor maduro...

 

Mena Azevedo

 

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Vagas

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Vagas

 

Iam e vinham as vagas beijar seu corpo

Que se jogava esguio entre as espumas

Nas ondulações do oceano em transtorno

Sob o olhar do céu que o amor consuma

Espalhou o vento e fizeram-se brumas...

 

Já era inverno e, um dia, seu corpo exangue

Tremulou entre as vagas, já sem precisão

Retomou as forças e, tal qual bumerangue

Arremessou-se nos ares em congestão

Voltando às vagas geladas do mar insano...

 

E, num lirismo fremente, amou sem medida

Aos olhos do céu que viu o corpo em nudez

E do vento que soprou feroz em sua descida

Gritou esse amor aos quatro cantos na fluidez

Das águas revoltas numa sensação enlouquecida...

 

Mas esse amor ruiu entre as vagas e o céu

Num dia de frio que afugentou o desejo

A chuva cobriu sobre seu corpo como um véu

Caiu leve, terna, selando com um beijo

O ciclo de uma vida que subiu inteira pelo dossel...

 

Mena Azevedo

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Mulher

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Mulher

 

Mulher, que na sublime condição de mãe

Embala seu filho com uma canção de ninar

Esquece nesse momento em que dos olhos caem

Lágrimas do sofrimento em seu triste caminhar...

 

São estradas desiguais que seus olhos veem

E nessa hora só contentamento existe em seu olhar

           Ao romper as fronteiras da alma para atender cada filho            

E aparecem na face as lágrimas que enxuga faceira...

 

Ao sentir dor, esconde-a e põe no olhar o brilho

Transmuda-se em mulher forte mesmo à beira

Do abismo e, em esperança, abre o sorriso

Com amor sem medida abraça seu filho...

 

Mulher, que sendo também esposa, dedica

Sua vida, seu tempo, seu amor

A sua cara metade, mesmo em fadiga

 E transforma o mais frio sentimento em calor...

 

 Aquece a alma que, em devaneios lhe instiga

 O coração a amar sem nada exigir, mesmo na dor

Que esboça um sorriso quando uma lágrima rola

Pelo rosto cansado do eterno labor...

Mena Azevedo

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Eu e o mar

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Eu e o mar

 

O’ inconfundível beleza que me extasia!

Quisera compor a canção mais terna e pura

Para cantá-la ao por do sol, hora da Ave Maria

Para aquietar meu coração que a saudade perfura

Como lança, reativando sentimentos em letargia...

 

O’ doce mar, cuja transparência das águas me incita

A um mergulho profundo para enterrar minha dor

E emergir das suas profundezas livre e esquecida

Para, em liberdade, voar bem alto como o condor

E retornar incólume para dizer presente à vida...

 

Eu e o mar temos histórias, vivemos tormentas

Numa cadeia de mistérios tão bem escondidos

Na exuberância das ondas ora calmas, ora violentas

Vividas na mesma proporção dos nossos gemidos

Gerados pela omissão das mentes nevoentas...

 

Eu me assemelho às variações por que passa o mar

Sou onda desmanchando na areia; sou espuma fugaz

Mas sou o rugido da marola; sou gigante a gritar

A depender do estado de espírito sereno ou tenaz.

 

Mena Azevedo

 

 

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Ao cair do dia

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Ao cair do dia

 

Ao anoitecer, quedo-me diante do altar

E um sentimento de ternura e paz

Envolve meu ser e ponho-me a orar...

 

Os Anjos entoam hinos de louvor

E os toques plangentes da Ave Maria

Penetram na alma como bálsamo pra dor...

 

Hora silenciosa de doce sinfonia!

 

O mundo parece viver em pura harmonia!

 

Mena Azevedo - 03/02/2014

 

 

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Instante

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Instante

Pela janela, espio a lua

Na calma da noite...

Um ai de saudade

Sufoca meu peito.

As estrelas sorriem

Espalhadas no leito

Do céu que vejo lá fora.

E as nuvens alcoviteiras

Escondem a lua que chora.

 

Mena Azevedo

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