Posts de JOSÉ CARLOS DE BOM SUCESSO (181)

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Vaca

Um bufado

No clima nublado.

Debaixo de uma árvore

Onde a brisa parece uma maré.

A vaca puxa o capim

Com tamanha força, que vai até o fim.

Levanta a cabeça de repente

Parecia ver uma serpente.

Mastiga tudo, de uma vez,

Engole rapidamente à espera do revês.

Olha para um lado,

Faz um sinal com rabo.

Deverá ser de alegria.

Tosse. Deve estar com alergia

Do capim seco.

Uma gordurinha, um sossego.

Mais uma baixada

Fica até calada.

Novo feixe de capim

Queria mesmo ir para o jardim

Ao lado do pasto.

Anda até de fasto,

Quando vê o dono,

Enrolado no pedaço de pano.

Vem devagarinho

Pisando de mansinho.

Na escuridão da tarde que se aproxima.

 

José Carlos de Bom Sucesso

 

 

Saiba mais…

Dançar (José Carlos de Bom Sucesso)

Psiu...

Estás ouvindo esta música?

“A valsa do imperador”.

Não me lembro... Será, talvez,

“Danúbio Azul” ...

Sim, é a valsa dos sonhos,

A valsa que dançaste no dia da tua formatura.

Estavas linda,

Os cabelos longos e bem negros,

Até a cintura,

Rodeavam por todos os lados.

O vestido branco, com detalhes liras,

Resplandecia no grande salão,

Rodeado de flores brancas e vermelhas.

Quando giravas,

O sorriso meigo e radiante,

Parecia contagiar quem ali estivesse.

Os lindos olhos negros

Fitavam ardentemente o rosto do inesquecível pai.

Nos passos pelo salão,

Todos tinham os olhos para ti.

Quando os violinos faziam o som cantante,

Os fios de cabelos do corpo ouriçavam

De alegria por seres a minha rainha.

Hoje, porém, com a neve natural nos lindos cabelos

Que negros eram,

Estás aí, sentada junto à varanda.

Não ouves direito,

Nem mesmo enxergas a bela natureza.

Tudo mudou.

O tempo passou,

As lembranças ficaram,

Porém ainda lembras da valsa

Que o amor te confiou.

 

 

 

 

 

             

Saiba mais…

Furto

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Um dia,

Na calada da noite,

O adolescente queria presentear.

Não tinha dinheiro,

Pois o pagamento ainda não tinha saído.

Percorreu o comércio,

Viu lindos vestidos,

Belas blusas,

Saias de várias cores.

Não se agradou.

Queria algo melhor.

Sentou-se no banco da praça,

Deliciou em ver a imagem da garça.

Lembrou da amada,

O primeiro amor.

Coleguinha de escola,

Que passava a cola,

Da prova de Português

Até mesmo o Inglês.

Os olhos se abriram

Quando ali, eles viram,

Uma pequena rosa.

Na cor rosa,

Seria um lindo presente.

Não quis apanhá-la.

Com o celular ligado,

Uma linda fotografia tirou da rosa.

Abaixo da fotografia escreveu:

Se eu a tivesse cortado

Não ficaria linda como está.

Lembras de mim,

Ao vê-la no celular.

 

 

Autor- José Carlos de Bom Sucesso

Saiba mais…

Aquela flor

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Lembra-te da flor que ganhaste?

Era uma pequena rosa,

Uma rosa vermelha, toda aberta.

O caule verde,

Ainda lembra os pequenos espinhos

Que hoje estão na vida.

Um pequeno inseto,

Talvez uma pequenina formiga,

Passeava tranquilamente sobre ele.

Tinhas medo,

Pois não sabias se o inseto era venenoso.

Os olhos brilharam tanto,

Que refletiam a luz de teu amor.

Lembras, também, da vizinha do lado.

Ela sempre te dizia coisas lindas das flores.

As rosas eram a especialidades.

Dizia como as cultivarem.

Ouvias e encantavas com as belas palavras.

O amor crescia dentro de teu coração

Que às vezes explodia em cores no rosto.

A vermelha combinava com as rosas,

O brilho dos olhos combinava com o coração.

A paixão ardia no fundo da alma,

Que o sorriso mais parecia com a velha canção:

“Receba as flores que te dou”.

 

 José Carlos de Bom Sucesso

Saiba mais…

Olhar

 

Brilhante.

Está olhando para o amante,

Na noite clara e serena,

Aquela linda e pequena

De cabelos pretos como a noite.

Fazendo da vida dele, um açoite.

 

Por mensagens de WhatsApp

Sempre disfarça que não é p.

É jovem como muitas são

Querendo deixá-lo na mão.

 

O sorriso pequeno e belo

Lembra dos contos de Otelo.

O meigo carinho e sorriso

Fazem qualquer um perder o juízo.

 

As palavras saem com voz suave

Semelhante ao voar de uma ave.

Nas finas estampas e modelos

Do coração fazem elos.

 

 

 José Carlos de Bom Sucesso

 

Saiba mais…

Ontem

O que seria do hoje

Se não tivesse existido o ontem?

O amanhã é incerto,

Tem projeto de ser bom,

É uma escuridão dentro da incerteza.

O ontem ficou para trás,

Ficou no pensamento,

Realizou o que estava sendo feito.

Foi feliz,

Foi triste,

Foi bom,

Foi ruim.

O ontem teve saudade,

Que ficará para a eternidade.

O fato foi concreto,

Também discreto.

O planeta girou,

Em grande velocidade.

As pessoas sentiram o prazer,

Sentiram, também, a desilusão.

Algumas riram,

Outras choraram.

Umas nasceram,

Outras morreram.

A vida persiste em uma longa estrada.

Sem fim, talvez.

A ligação do ponto A ao ponto B.

É só acreditar.

É só viver.

Saiba mais…

Ritinha

Era aquela pequena menina

Que todo dia,

Sentada na escada

Não sorria, estava sempre calada.

Com seu vestidinho de bolinhas,

Escrevia as primeiras linhas.

O caderno era cor de rosa,

O texto, uma pequena prosa.

Escrevia os passarinhos

Sendo todos bonzinhos.

De vez em quando olhava o dicionário.

Falava do lindo canário.

Não tinha rimas,

Escrevia direto para as primas.

Dava um sorriso e batia palmas.

Deveria estar escrevendo para as almas

Dos grandes escritores,

Hoje os seus doutores.

De vez em quando apagava a escrita.

Dizia que não estava bonita.

Rasgava a folha do caderno,

Seu grande amigo eterno.

Os olhos brilhavam e se misturavam

Nas flores ao redor, onde os pássaros a admiravam.

Ritinha cresceu.

Estudou,

Namorou

E escreveu

Uma linda poesia para a natureza,

Hoje é uma beleza.

 

 

 

Saiba mais…

Doce lembrança

 

Doce lembrança

Do tempo de criança.

Não se tinha nada,

Nem mesmo o conto da fada.

 

Aos domingos vestia-se uma calça.

Ficava grande, mas punha-se uma alça.

Ia arrumadinho para a missa,

Mesmo estando com preguiça.

 

Escutava o padre falando,

E o menino ao lado xingando.

Queria que a missa acabasse rapinho

Para ele jogar bola no campinho.

 

A catequista punha as crianças para frente,

Fazia que elas cantassem de alma presente.

Alguns fingiam cantar

Para a música lhes despertar.

 

Quando o padre dava a bênção final,

Parecia que estava na capital.

Era gente correndo para todo lado,

Pensando na sobremesa, o melado.

 

Na mesa, como um banquete,

Tinha arroz, feijão e macarronada. O porrete,

Se não comesse, era a ordem do dia.

Engolia tudo, mesmo quem não podia.

 

 

 

Saiba mais…

Ponte

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Existe um lugar na vida

Onde todos vão passar.

Alguns vão primeiro

Outros vão mais atrás.

 

Não se sabe como é a ponte

Que leva a esperança

Em dias melhores,

Em noites estreladas.

 

Lá do alto do morro,

Alguém observa com carinho.

Vem lento, muito lendo, observar

A travessia de quem na ponte está.

 

O pequeno riacho cortante,

Leva a vida para outro lugar.

Não é feio, mas possui luz

De alguém que deseja ir lá.

 

A ponte separa a felicidade,

O medo, a dor e a esperança.

Bem perto, muito perto de você,

Pois a travessia ainda é sua.

 José Carlos de Bom Sucesso

Saiba mais…

Borboleta

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Borboleta

 

Voa, minha querida e linda borboleta.

Não sei onde queres chegar.

Entre uma planta e outra,

Levas algo dentro de ti.

Não sei se viajas no tempo,

Será que recordas do passado.

No presente, és admirada,

Por muitos que encantam com teu voo.

Encontras uma margarida.

Um pouco mais, pousas em uma rosa vermelha.

Não contentas, nem mesmo alguns segundos.

Bates novamente as asas...

Como um turbilhão de vendo de calda,

És empurrada para frente.

Fazes uma manobra perigosa.

Quase bates na árvore de cedro.

Penso que foste embora, desaparecendo no verde do bosque.

Alguns minutos passam.

Como uma notícia,

Ressurges no alto da árvore.

Uma descida rápida,

Pousas na rosa amarela.

Não demoras.

Mais uma vez, fazes alguns malabarismos.

Decolas novamente.

Não dás um pequeno tempo para observar-te novamente.

Vais novamente para outra planta.

 

 

José Carlos de Bom Sucesso

 

 

 

 

 

Saiba mais…

Amor

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Amor

 

Como é bom amar,

Por um pequeno instante estar.

Junto à pessoa amada,

Mesmo que esteja de boca calada.

Bem juntinho,

Mesmo trocando um beijinho.

Contando os causos,

Rindo para os aplausos.

Na rua, sentando a um banco,

Vendo a amada calçada de tamanco.

Observando a natureza,

Veja só a cara da Tereza.

Está com raiva e desesperada,

Porque o amor vence qualquer parada.

Fitar as pessoas que ali passam

Encontrando as mãos que se amassam

No longo aperto de mão,

Onde os pés, juntos, estão.

Olhar dentro do olho de cada um,

Falando versos em comum.

 

José Carlos de Bom Sucesso

 

Saiba mais…

Menino emburrado

     * José Carlos de Bom Sucesso

Olhe para ele.

Que menino é aquele.

Com a cara feia

Calçado de sandália e meia.

Não fita lado nenhum.

Detesta o zunzum

Dos colegas na sala de aula.

Faz careta para a menina Paula,

Que ousa lhe dar atenção.

Nega tudo, até a própria mão.

Sempre de cara fechada,

Sem sorriso com uma piada.

Fica assim a aula toda,

Mesmo contando a história da loba.

Parece estar enfurecido

Igual a filme de bandido.

Os olhos piscam pouco

Imagine um filme de louco.

Lê o tempo em que está disponível.

Será um gênio, muito provável.

Faz a redação

Sempre comendo um pedaço de pão.

Olha para o professor

Que imagine ser o doutor.

Fica quieto e jamais conversa.

Adora uma controversa

Dos colegas que batem boca.

De braço cruzado,

Cada vez mais emburrado.

O menino da cara feia

Que não sorri, mas tem uma ideia

De crescer e ser doutor.

Quer também ser professor.

Assim é o menino emburrado.

 

 

Saiba mais…

Senhores poetas

 

Dois poetas se encontram

Na via central, bem movimentada.

A tarde chegava ao fim.

No horizonte, um vistoso pôr-do-sol,

Anunciava o próximo “Angelus”.

As pessoas passavam apressadas.

Vinham do mercado central.

Os automóveis desfilavam em velocidades,

São os erros das cidades.

Um andante passa apressado.

Voltava do funeral do amigo contemporâneo.

Uma jovem distraída passa por eles e ameaça parar.

A mãe dela olha assustada e com um agradável sorriso os saúda.

A jovem assim diz:

- Quem são eles, minha querida mamãe.

Filhinha, ali está uma biblioteca ambulante.

São dois poetas que ali conversam.

São iguais a nós, mas são os criadores

Dos versos que você estuda na escola.

Que os casais declamam uns para os outros.

Que olham para a natureza e a transforma nas harmoniosas palavras.

Que falam de amor, de saudade, de aventura.

Estão conversando entre si,

Os pensamentos deles estão nas letras.

Um escreve o sol forte,

O outro, a leve chuva que cairá.

Um abraça uma flor e a transforma no lindo buquê de rosas.

Poucas são as pessoas que os veem assim.

São eles pessoas abençoadas

Na arte de escrever, de recitar e até mesmo dizer

Belos versos em poucas linhas.

Deveriam ser muito respeitados,

Deveriam ser sempre saudados,

Deveriam ser grandes autoridades.

Os dois devem estar imaginando o fim de tarde.

Então, a menina, assim diz:

- Boa tarde, senhores poetas.

 

 

Saiba mais…

Torresmo

 
 
Quer comer torresmo do "bão"?
Vá à roça do João.
No sábado, pela manhã,
Assistindo ao jogo no Maracanã,
Terá carne fresca.
Fígado, com cebola.
Finja que está jogando bola.
Miúdos, com cebola de folha.
Beba água e fique uma bolha.
Linguiça bem temperada
Para aguentar esta parada.
Toucinho gordo é sinal de torresmo.
Coma e rote a esmo.
Tem o chouriço bem cozidinho,
Também um pedaço de bifinho.
Chame o Pedro, com apelido de Minga,
Cante, fale e beba uma pinga.
O limão está do lado de fora,
Perto da árvore de amora.
O arroto alto e forte,
Sinta o vento vindo do norte.
O cheiro é bom,
Escute a música com um som.
É dia de torresmo, de carne, de festa.
Vai doer a cabeça e por isso põe uma batata na testa.
 
 
 (José Carlos de Bom Sucesso - ALL)
 
Saiba mais…

Dia no campo

Quem não gosta de passar, pelo menos, um dia no campo.
Na fazenda repleta de gado,
Onde corre uma límpida água,
O galo canta na madrugada
Anunciando mais um dia.
As vacas berram chamando os bezerros.
O homem do campo levanta,
Toma o belo café reforçado,
Com broa, pão de queijo, biscoito e rosca.
Um café bem forte,
Que o cheiro exala ao longe.
O vento sopra afinado
Querendo a chuva trazer.
O sol nasce, ainda sonolento,
Prometendo as manonas arrebentar.
O cão vaga de um lado para outro.
Ele quer correr atrás do gato preto
Subido no monte de lenha.
A brisa vai soprando.
O sol vai ficando mais forte
E faz uma das vacas deitar na sombra da árvore.
Assim vai caminhando o lindo dia no campo.

 

José Carlos de Bom Sucesso

Saiba mais…

Esqueceram

 

O poeta foi à praça

Saiu sem graça.

Ninguém o viu,

O verso sumiu.

 

Olhou para cima

Procurando uma mina.

Um simples caninho de água,

Mas foi para a Nicarágua.

 

O poeta ficou desolado

Nem mesmo viu alguém do lado.

Saiu sem olhar para trás,

Pensou ser incapaz.

 

Pegou a caneta e o papel

Fez um verso sobre o mel.

Rasgou e o jogou fora.

A inspiração não estava na hora.

 

Esqueceram, sim, do poeta,

Ele pensou ser atleta.

Correr e fazer verso,

É melhor que ser perverso.

 

 

José Carlos de Bom Sucesso

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Saiba mais…

Vamos fazer o amor

 

No dia de sol,

Na calada da noite,

Até mesmo no açoite,

Uma pequena conversa, nada mal.

 

No quarto, a dois,

Os problemas virão depois.

Na noite fria, à luz de vela,

Encostados, no muro e na tela.

 

Na praça, entre as flores,

Falar dos amores,

Das dores, da aflição,

Por onde bate o coração.

 

Na igreja, com muita gente,

Por palavras, a gente sente.

Entre as multidões

Unindo os corações.

 

Dentro do ônibus, bem apertadinho

Uma forma de carinho.

Falar em voz alta e forte,

Antes mesmo da morte.

 

Fazer o amor a dois, a três

Todos os dias, todo mês.

Ensinar o que se sabe

Até onde o ideal cabe.

 

O tempo passa

Alguém se abraça.

Pois é vida, é calor

Para fazer o amor.

 

 José Carlos de Bom Sucesso - ALL

 

 

 

 

Saiba mais…

Selva

 

Que lugar é este

Onde tudo é diferente.

Não se tem coração

Nem mesmo um pouco de alma.

 

Que lugar diferente

Onde ninguém é gente

Vê-se tudo de concreto:

Casas, prédios, canteiros, ruas...

 

Que lugar é este que o rei é bandido

Do povo temido,

Morre por falta de tudo

De dinheiro, de amor, de alimento.

 

Selva misteriosa,

Pouca alma bondosa

Que acolhe o estranho.

 

Cidade de pedra, metrópole

Megalópole.

O poder, o ódio, a corrupção

Governam a selva de pedra,

A selva sem amor,

A selva do nada.

 

José Carlos de Bom Sucesso

Saiba mais…
CPP