a casa com seus silêncios têm vida e suspiros
e na entrada da varanda inicia-se o enredo
era uma vez e muitas vezes sempre a luz do dia
A rede velava à tarde, esperava os raios de sol
Os vasos acolhiam as flores que se debruçavam
Em cores e cheiros a vigiarem o momento
No alpendre o gato esbanjava moleza
Na cozinha uma voz calada
As louças se batiam e se lanhavam
A água escorria da torneira
Habitual como o bocejar das manhãs
Espumas se “viralizavam” em bolhas
A limpeza, o lustrar das maneiras
O pó adormecido nos móveis
Eram sonhos... empoeirados
Às vezes eufóricos, outras vezes:
quem sabe...
gavetas abertas eram olhos desnudos
as mãos iam tocando superfícies
e as cicatrizes se abriam
de repente... a velha rede...a varanda
o corpo esquecido, talvez
lá estão as flores agradecidas,
crianças fartas de amor, pensava
o gato delinquia o tempo ronronando
e as pedras o aninhavam com ternura
A rede exibia suas rendas e prendas
enquanto o corpo enrolava-se em pudores
acolhido dentro d’alma ...lá estava
Jennifer Melânia