Todas as vidas importam

Não é sobre setembro amarelo

É sobre a vida que eu quero

Com pessoas se amando mais

Com todos vivendo em paz

É sobre acolher e estender a mão amiga

A qualquer um que precisa

É sobre mostrar que a vida ter valor

Cuidando e dando ao outro o amor

É sobre ver que o outro não está bem e tentar ajudar

Com uma palavra amiga, uma companhia ou um simples abraçar

É demonstrar que ele faz diferença no mundo

Antes que sinta um sofrimento profundo

E busque um fim em questão de segundos

Eu sei o quanto dói não estar bem

Sei como é difícil se sentir um ninguém

Invisível e sozinho nesse lugar confuso

Em que apenas existimos nos sentindo intruso

Por isso, me procure se precisar conversar

Não tenha vergonha, não tente hesitar

Faz parte do processo de cura, o melhor é falar

Do que tentar esconder com medo de desabafar

Ou procure ajuda com um profissional, família ou amigo

Só não permaneça nesse castigo

Não aguento mais ver tanta gente se mutilando e precisando se matar

Para aliviar uma dor que ninguém quer enxergar

Saia da rotina, faça coisas que nunca fez

Observe o céu, aprecie a natureza, viva de uma vez!

A vida é cheia de fases, logo vai melhorar

Apenas insista em acreditar

Fique bem e ajude quem precisar

Muitas vezes quem estende a mão é quem mais precisa se curar.

Nascimento, J.

Aurora

Sinto falta de quando meu maior problema era uma espinha enorme no rosto

De quando ficava na cama por estar indisposto

Sinto falta de quando chorava por causa de um joelho ralado

De quando minha maior decepção era por causa do primeiro namorado

Sinto falta de quando nada me preocupava

De quando um quarto escuro me assustava.

De quando eu era livre, feliz e só queria crescer

Quem me dera hoje estes momentos reviver

Sinto falta da aurora de minha infância

De não me preocupar com coisas, nem dar muita importância

Sinto falta de quando coisas tão pequenas me machucava

De quando eu não sabia o peso de uma vida conturbada

Sinto falta do sonhador que eu era

De quando meu maior medo era uma fera.

Sinto falta de me divertir sem parar

De nos meus sonhos acreditar

Sinto falta de ser como criança

De ter pela vida esperança.

Nascimento, J.

O sol e a lua

À distância se enamoram

O sol e a lua

Em extrema solidão

Que pelo universo flutua

Vivem separados em constante amargura

Na triste escuridão está a lua a lamentar

Como que em universo paralelo

Na claridade do dia o sol a brilhar

Dois apaixonados

A procura de uma chance

Lamentam entre olhares

A distância desse romance

Gravitam a terra  na esperança de um dia se encontrar

Em movimentos contínuos

Buscam um eclipse solar

Encontram-se a sós

Depois de muito esperar

Enamoram-se

Por breve tempo a amar

Logo despedem-se com tristeza

E sofrimento no olhar

Enquanto lágrimas escorrem

Ao se separar...

Nascimento, J.

Criança 

Que em cada adulto

Haja uma criança em seu interior

Convertendo toda maldade

Em esperança e amor.

Pois ser criança é não olhar o outro com diferença

É amar, cuidar

E brigar sem ofensa

Ser criança é ternura

Aconchego

E doçura

É não ter maldade

Fazer coisas certas ou erradas

Baseadas na ingenuidade

Ser criança é ensinar ao mundo como se deve viver

Com alegria

Gentileza

E um sorriso sempre a oferecer

É ter pureza no coração

Ter boa conduta

E pelo outro muita afeição

Ser criança é ser amor

Da cabeça aos pés

É dar um sorriso traquina

Ao receber cafunés

As crianças são o futuro da sociedade

Quem pode transformar esse mundo egoísta

Em um lugar de tranquilidade.

Vida de criança

É que é vida boa de verdade

Brincar e se divertir sem complicações

Correr, pular e fantasiar

No mundo das imaginações

Quão bom é ser criança

E lutar por aquilo que se acredita

Com muita perseverança

E uma alma bonita

Que a criança que em nós habita possa ser acordada

Permitindo-nos uma vida mais leve

E menos complicada.

Nascimento, J.

Amizade de infância

Pureza de criança

Brincando e correndo para todos os lados

Fazendo bagunça

Me lembra momentos sagrados

No tempo da infância

Dois pequenos desconhecidos

Aproximados pela diversão

Se tornaram melhores amigos

Daqueles que moram no coração

Fosse manhã, tarde ou noite

Sempre juntos estavam de modo presente

Eram como verdadeiros irmãos

De pais diferentes

De alma leve

Sem maldade no coração

Andavam aquelas duas crianças

A viajar pelo mundo da imaginação

Compartilharam experiências

E muito aprendizado

Cresceram

E de repente tudo ficou no passado

Alguns lugares trazem essa recordação

Lembranças boas de sonhos planejados

De planos para o futuro

Que deveriam realizar acompanhados

A distância agora é a separação entre os dois amigos

Que raramente podem se encontrar

Mas sempre que podem

Nem sequer pensam em hesitar

Outrora estavam tão próximos

Agora ‘matam’ a saudade por mensagem no celular

Relembrando das férias divertidas

Das brincadeiras e noites a conversar

Os dois seguiram caminhos diferentes

Daquele dantes planejado

Mas cada um no seu canto

Sorri

Ao relembrar de um doce passado

Agora são adultos responsáveis

Que tratam-se com respeito e importância

Que tem um pelo outro

O verdadeiro amor

De melhores amigos da infância

Nascimento, J.

Avós

Avós é casa de aconchego

De carinho e chamego

É casa de amor dobrado

De doçura e cuidado

Avós é casa de mimos e proteção exacerbada

É lugar onde a infância faz morada

Avós é coração fora do peito

É sabedoria

E muito respeito.

Nascimento, J.

Escritor

Com palavras se tomam atitudes

Se revelam sentimentos

Emoções

E virtudes

Com palavras acalentamos a dor

Alegramos tristezas

Transbordamos amor

Com palavras o poeta fica despido

Mediante todo o mundo

Através da escrita

Revela sentimentos profundos

A válvula de escape do escritor

É uma página em branco

E caneta a mão

Donde surgem segredos

Que nos deixam no chão

Ser escritor é mais que escrever

É tocar a alma

Com palavras

Que faladas não saberíamos dizer.

Meus aplausos a quem

Alegra, fortalece e incentiva

A quem com a escrita

O coração cativa

Meus aplausos a você,

Caro escritor

Que transborda

Em seus versos

O Amor.

Nascimento, J.

Sonho de consumo

Planejei aos 18 anos ser independente

Física, emocional e financeiramente.

Planejei ter meu apartamento na cidade

Com o carro dos sonhos na garagem.

Planejei entrar para a faculdade

E me formar no curso de contabilidade.

Planejei conquistar o emprego dos sonhos

Ter uma vida confortável e realizar todos meus planos.

Planejei pelo mundo viajar

De carro, avião e navio a velejar.

Planejei o príncipe encantado encontrar

E com ele aos 25 anos me casar

Com tudo nos conformes, aos pais eu iria o apresentar

E depois de anos namorando iríamos noivar.

Planejei que da vida muito eu aproveitaria

E depois de alguns anos dois filhos teria.

Planejei alcançar a tal ‘vida estável’

Com direito a riquezas e uma vida agradável.

Planejei tanto que não vi o tempo passar,

Tudo ficou nos planos, não pude executar.

As dificuldades apareceram e outra opção me restou escolher:

Permanecer no interior e batalhar pra viver.

Cuidando da família nem me permiti namorar

Não encontrei ninguém compatível nesse pequeno lugar.

Ainda não alcancei a idade para o casamento e gravidez outrora planejada

Mas sem pretendentes e com tantas obrigações é certo que ficarei encalhada.

Ainda tenho tempo, mas não tomo uma decisão

E assim permaneço sem realizar antigos planos - minha maior frustração-.

Da vida muito apanhei, mas também aprendi,

Agora tenho novos sonhos e por eles irei persistir.

Por isso, deixo-te esta mensagem:

Corra atrás de seus sonhos,

Tenha força e coragem.

Muitos obstáculos há de encontrar,

Mas nenhuma decepção será maior

Do que a de não lutar para seus sonhos realizar.

Nascimento, J.

Padrão de beleza 

Se sou magra deveria engordar uns quilinhos

Se sou gorda deveria fazer dieta

Se sou perspicaz sou atrevida

Se sou recatada, sou pateta

Se sou triste deveria sorrir um pouco mais

Se sou alegre deveria ser mais retraída

A sociedade nunca se contenta

Sempre encontram algo de errado em nossa vida

Os padrões já estão definidos

E poucos conseguem alcançar

Deve-se ser elegante e sensual

mas sem ser vulgar

Deve-se ter o corpo ‘ perfeito’

Cabelo, unha e sobrancelha impecável

Deve-se andar sempre na moda

Para estar minimamente aceitável

Ditam regras sem parar

Regem comportamento, vestuário e até maneira de falar

Criam ‘perfeições’ imperfeitas

Para então nos aceitar

Deveriam mesmo era tratar a todos de modo igual

Sem discriminar

Pensar em como sofrem

Quem estas regras não consegue alcançar...

Com nossas ‘ imperfeições ‘insistem em nos desprezar

Por que é tão difícil -do jeito que somos- nos aceitar?

O padrão de beleza deveria ser o caráter pessoal

Que é mais rico e admirável

Que qualquer outra ‘beleza’ superficial

É mais verdadeiro e encantador

Uma beleza natural

Que não aprecia de modo exclusivo

Nem faz seleção

Que engloba a todos de modo igual

Em um único padrão

Pois a beleza real

não está no exterior,

mas dentro do coração.

Ame-se, cuide-se do jeitinho que é

Não seja o padrão da sociedade

Você é seu próprio padrão de beleza

Faça-se você sua própria beldade.

Nascimento, J.

Duas faces

— Você não tinha esses olhos tão frios e fundos. Essa face tão pálida e magra. Esse corpo enfraquecido. O que houve com você? Quanta dor posso-te encontrar.

— Você sabe... desde que... tudo mudou... eu fiquei assim. Perdi a força, a coragem, o ânimo... até a beleza me abandonou...Precisei de um tempo sozinha e nem me dei por tal mudança.

— Mas como? Eu nem sequer percebi ... Lembro da última vez... em que uma bela jovem radiante de alegria em ti morava. Como pôde se perder assim?

— Foi a vida, ou melhor, as circunstâncias das minhas escolhas. Eu sabia que um dia a conta iria chegar...  e aqui está.

— Não aguento tanto sofrer ver em ti. Não aceito tantas mudanças sem eu nem poder intervir... Eu não quero, não quero viver assim... será apenas tristeza daqui pra frente? Eu não quero viver essa vida deprimente.

— Perdoe-me... Eu sei que você tinha grandes sonhos... Eu fiz escolhas erradas... tive medo...Vivi um engano... Agora tenho que me acertar com o destino... eu sei que não é o que desejavas, mas não tem outro caminho... É tarde demais, minhas esperanças foram roubadas, meu tempo está se esgotando... Desculpe por não ter te libertado... Levarei esta culpa por toda eternidade, você merecia o mundo por inteiro e eu não te dei sequer a metade... Eu preciso ir, talvez não voltemos a nos encontrar... Mais uma vez te peço perdão...eu não... não pretendia te machucar...

( choro de ambos os lados)

Releitura de Retrato de Cecília Meireles

Nascimento, J.

Amigo 

Amigo é aquele que ama

Que perdoa

E cuida

Amigo é aquele que nos momentos difíceis te ajuda

Amigo é aquele que está sempre a teu lado

Quem o reprime quando você está errado

É aquele que te fala as verdades que precisa ouvir

Amigo é aquele que mesmo distante

Está próximo de ti

Amigo não é sobre presença

É sobre ser abrigo

Mesmo na ausência.

É sobre caminhar lado a lado

Mesmo que estejam em lados separados.

Amigo é sobre ser família

De sangue diferente nas veias

Amigo é sobre união

Até nas ‘brigas feias’

Ser amigo é não se importar com a diferença

É admirar

E amar a essência

É  Chorar e sorrir

É compartilhar, mas também ouvir

Ser amigo é amar

E as vezes corrigir

É ajudar a levantar se o outro cair

Amigo não é sobre prender

Mas sim deixar ir

Amigo é sobre falar a verdade

E não mentir.

Ser amigo é respeitar qualquer decisão

É apoiar e incentivar em toda ocasião

Ser amigo é mais que companhia

É ser irmão

Escolhido não pelos pais

Mas sim pelo coração.

Ser e ter amigo é um grande privilégio

Pra todas as doenças

É o melhor remédio.

'Feliz dia do Amigo' 

Nascimento, J.

Primeiro beijo

As mãos suavam

E as pernas bambas ficaram

O coração rapidamente pulsava

Enquanto pela primeira vez nossos lábios se encontram

Naquela noite escura

Dentro do teu abraço

Me senti protegida

E assim construímos nosso laço

Quando nossas mãos se tocaram

Senti o coração acelerar

Nossos lábios se encaixaram

E me fizeram apaixonar

Foi o meu primeiro beijo

E eu ansiosa estava

Foi tudo tão perfeito

Em teus beijos me embriagava.

Eu fechei os olhos

E em meus cabelos você tocou

Me fez um carícia no pescoço

E minha pele arrepiou

Nossos olhos timidamente se cruzaram

E nossas bocas lentamente se tocaram

Suas mãos pelo meu corpo subiam e desciam

Em movimentos compassados

Enquanto dentro de mim desejos floriam

Através de um jeito desajeitado

Eu jamais esquecerei o dia em que te beijei

De menina, mulher me tornei

Você tinha um gosto só seu

Que ainda consigo lembrar

Mesmo que a tanto tempo

Nossos lábios tenham deixado de se encontrar.

Ainda tão inexperiente

Percebi naquele instante que era você

O homem da minha vida

Com quem pra sempre queria viver.

Agora olho as fotografias e lembro do teu sorriso

Onde minha língua morou

Dentre os poucos beijos

Que as escondidas rolou

Olho as estrelas e admito:

Você foi meu grande amor

Lamento não termos nos entregado

Por inteiro ao esplendor

Durante o pequeno tempo 

Em que nosso beijo durou.

Nascimento, J.

Mulher de fases
Tem dias que ela quer ficar sozinha
Isolada do mundo
Tem dias que ela quer companhia
A todo instante, a cada segundo.
As vezes costuma chorar escondida pra não explicar a razão
Aparenta ser rígida e dura
Mas na verdade, tem um grande coração
As vezes ela demonstra estar triste
Pra ver se alguém se importa
E se cansa
Por não obter resposta

Tem dias que ela adora chamar atenção
Em outros se reprime, prefere ficar na solidão.
As vezes ela acorda alegre e sorridente
As vezes ela nem dorme e levanta deprimente.
As vezes ela se olha no espelho e aprecia sua beleza
As vezes esquece de si com tamanha tristeza.
Tem dias que ela quer se cuidar
Tem dias que prefere se abandonar
Hora ela quer tudo com muita intensidade
Hora não quer mais e
Larga com facilidade.

As vezes sonha sem parar
As vezes para de sonhar
Por vezes duvida de sua capacidade
Por vezes reconhece sua habilidade
As vezes tudo o que quer é viver
As vezes ela clama
Pedindo para morrer
Ela é assim cheia de contradições
Tem sentimentos ambíguos
E muitas rejeições.
Ela acredita desacreditando
Confia desconfiando
De tudo ela duvida
Diz não ter amigos
Mas da infância tem uma melhor amiga.

Tem dias que ela está cheia
Em outros, vazia
As vezes apenas mingua
Em uma noite fria.
Ela cresce
E diminui sem parar
Ela alavanca
E tende a despencar.

Ela se acha a melhor de todos
No dia seguinte pior que qualquer um
Ama sem medidas
Mas por si própria não tem amor algum

Ela tem um ciclo
Marcado por términos e recomeços
Acertos, derrotas e muitos tropeços.

Ontem ela não sabia o que fazer
Hoje talvez saiba o que quer
Amanhã já duvida desse querer.
Ah, essa menina mulher
Ela é cheia de fazes
Por vezes amável
Por vezes crua
Mas sempre admirável
Como a lua.

Nascimento, J.

Revivi

Sabe amor?!
Revivi todos aqueles momentos
Em que estivemos ali
Foi tão bom
Tão perfeito
Foi muito mais do que apenas um beijo

Tão juntinhos
Estivemos
Como se soubéssemos
O que estávamos fazendo
Foi o fim
A despedida
Aquilo marcou e acabou com minha vida

Não pensei
Sofrer tanto
Mas sem você
Não tenho pra onde correr
Não sei nem
Disfarçar
A tristeza
Que se vê em meu olhar
Pensei que fosse
Um pesadelo
Mas você se foi e não voltou
Agora me vejo
Sem saída
Sem saber o que fazer
Da vida.

Sabe amor?!
Revivi todos aqueles momentos
Em que estivemos ali
Foi tão bom
Tão bonito
Foi um sonho lindo.
Foi o fim
Eu sei bem
Não quis aceitar
Mas estou aqui
Foi melhor
Pra nós dois
Eu fiquei
E você se foi.
Está feliz
Eu espero
Seu amor
Se tornou meu pesadelo..

Volta amor,
Eu te chamo
Corre para meus braços
Que ainda te amo.
Eu chorei
Também sofri
Mas de volta
Te espero aqui ...

Vem amor
Reviver
Todos aqueles momentos
Que me fizeram perceber
Que a vida
É tão linda
Quando se tem alguém
Para construirmos uma vida

Vem amor,
Eu te espero
Pois ainda te quero

Sabe amor?!
Revivi, todos aqueles momentos
Em que estivemos ali
Foi tão bom
Tão bonito
Foi um sonho lindo...
Foi tão bom
Tão perfeito
Foi muito mais
Do que apenas um beijo.

Nascimento, J., 2013

Intruso

Não me sinto parte desse mundo
Nada aqui parece fazer sentido
Eu até tento sobreviver
Mas nem sempre consigo
Tem dias que desmorono
Em lágrimas e sofrimento
O que é um verdadeiro castigo

Um eterno tormento.

Por vezes permito-me tirar a armadura

E desabar

Chorar a noite toda
Até a lágrima secar

É como se eu não fosse do mundo
Pelo menos não desse
Uma sensação de não pertencimento.
De proximidade Física

E ao mesmo tempo
Um gigantesco distanciamento

Me sinto um intruso

Aqui nesse planeta terra

Vivo sempre tão confuso

Enfrentando na mente uma guerra.

Tenho uma necessidade
Que nenhum dos que aqui habitam
É capaz de suprir
Uma vontade enorme
de alguém viver por mim
Mas sempre que me apego a alguém
Algo de negativo me persegue
E o leva pro além

Daí percebo que conseguem viver sem mim
O que me deixa triste
Com vontade de sumir

Alguns chamam de carência
Eu, apenas de ausência

Ausência de algo verdadeiro

Não apenas temporário

Mas definitivo, por inteiro.

Nascimento, J.

Amiga solidão

Minha companheira de vida

Anunciou nossa separação

Deixou-me um bilhete escrito:

“—Adeus!

Att:  sua Solidão.”

Não acredito que ela me abandonou

Se foi e nem o novo endereço deixou.

Outrora já havia falado sobre o fim de nossa relação

Pois já tinha em mente uma nova morada, um outro coração.

Então disse-a:

“—Minhas dores já não são só minhas, mas também suas.”

E ela me respondeu que agora não éramos apenas nós duas

Havia um novo personagem a me visitar

Chamado Amor

Que pretendia dela me tomar.

Que esperta essa minha Solidão!

Já sabia de tudo

Sobre este partidão.

Sentirei falta da minha companhia

Que estava comigo nas noites mais frias...

É verdade que a princípio temi dela me aproximar

Pensei que me destruiria, me faria chorar...

E de fato, no começo, isso aconteceu

Mas com o tempo

Ela só me fortaleceu...

Essa era a única razão para ela comigo estar

Eu não podia ficar sozinha

Então chegou para me acompanhar.

E agora que reencontrei o Amor e voltei a amar

Disse-me: “—está chegando a hora de encontrar um novo lar.”

Sentirei saudades das nossas noites lado a lado

De receber nos cabelos teu afago

Sentirei falta de por ti ser acalentada

De me sentir por ‘minha Solidão’ acompanhada.

Será que já estás acomodada, ou estás ao relento?

Escreverei-te uma carta e lançarei-a ao vento.

Já que não me deixaste endereço

O destino que se encarregue de te encontrar

De te pronunciar minhas palavras

Que aqui irei registrar:

“— Querida Solidão

Sentirei falta de um momento a sós contigo

Mas já não encontro vazio em meu coração.

Saibas que aqui tem abrigo

Após a visita da Decepção.

Desejo- te uma morada calma

Como a que tinhas aqui

Dentro de minh’alma.

Lembro que quando você me abraçou forte

Pensei que não fosse mais me largar

Agora me deu às costas no

Para o Amor me abraçar.

O que provas que cumpriu muito bem o seu dever

Me ajudou todos os dias a evoluir e amadurecer.

Adeus, minha Solidão.

Acalenta por aí um outro coração...”

Nascimento, J.

Clichês

Não sei você

Mas eu amo um clichê

Daqueles que primeiro te encantam

Depois incitam ao prazer.

Um pedido de namoro  no meio da rua

Uma noite pra observar as estrelas e a lua.

Um beijo a luz do luar

Abraçados em plena rua à bailar.

Cartas e mensagens falando de amor

O primeiro eu te amo dito com louvor.

Jantar à luz de vela

Com beijos e olhares de casal de novela.

Flores e chocolate

Ao som de uma música dançar agarradinhos na boate.

Uma noite romântica preparada para a primeira vez da donzela

Com pétalas espalhadas pela cama de forma singela.

Não sei você

Mas eu adoro um clichê

Dormir de conchinha

E tomar café na cama ao amanhecer.

Nas ruas de mãos dadas caminhar

Observar o pôr do sol à beira mar.

Um tradicional pedido de noivado

Com aliança e planos para casados.

Viagens à dois pelo mundo a fora

Loucuras de amor em cada aurora.

Lua de mel em Paris

Dançar na chuva ao ver o arco-íris.

Visitar a casa de Julieta em Verona e escrever as iniciais dos nomes em um cadeado

Um clássico que não pode faltar entre dois apaixonados.

Eu não sei você

Mas eu amo um clichê

Daqueles que arrepiam a pele

E faz o coração se render.

Nascimento, J.

Pai

Eu o vi enfraquecer de tanto trabalhar

Ele me viu crescer

Sempre por mim

A labutar

Ele enfrentou dificuldades

Para poder me sustentar

Mas nunca permitiu

Que o pão de cada dia na mesa viesse faltar

Que grande homem, tu és.

Digno de honra

da cabeça aos pés.

Orgulho- me de Pai te chamar

De ter tua benção

E sempre contigo poder contar.

Alegro-me pela tua existência

Um exemplo de homem

Minha maior influência.

Amo-te do jeito que é

Um exemplo de honestidade

Decência e fé.

Nascimento, J.

Mãe

Longe ou perto

Alegre ou triste

Minha maior felicidade

É saber que você existe

Ou que um dia já existiu

Mesmo que em um tempo distante

Longo como um rio

Não tenho palavras

Para descrever teu valor

Tu és meu maior orgulho

Meu mais puro amor.

Nascimento, J.