Meus dias são invernos duradouros
São ninhos de pardais desaforados
São opacos! Raras vezes os vi dourados.
Não insisto para que eles sejam d' ouro.
Prefiro os dias assim, pois tesouro
acobertam com véu, sob o nublado.
Todo o desgosto que tenho velado
servem de amparo e de meu ancoradouro.
Não importo que não tenham primaveras
Nem sol brilhante e só o desbotado.
Pois, guardam na lembrança meus amores.
Amores, que não deixo ser quimeras
Quero levar comigo sepultado
Sob o jazigo triste sem ter flores!
Márcia A Mancebo
05/07/20
Afinal, entendi que sou nada.
Nada mais que um fantoche da vida
Sem forças pra seguir a estrada
Rastejo levemente sem guarida.
O remorso vive a me perseguir
Há muito deixei de ser nobre
Não tenho motivo pra existir.
Nada sou, além um homem pobre.
Minha mente é turbilhão de anseios
e culpas ... Acordado não tenho paz.
Tenho algo sagrado em meus devaneios,
Me tira da lama, como quem desfaz,
Como um desatador de enleios,
como se fosse meu capataz.
Levo comigo um inimigo, o medo
De levantar – me e cair novamente
Meus dias são cobertos de segredos
Na caminhada sou muito carente
de humildade pra pedir perdão
À quem o amor me deu com o coração.
Embriagar– me de tristeza é o que resta
Ficar no chão tem sido rotina.
Quem deseja alguém que não presta?
Viver assim na rua...é minha sina.
Márcia A Mancebo
05/03/2020
A poetisa contempla com garço olhar
A paisagem e, reflete sua grandeza.
Sua alma enternece nesse divagar
Sente - se agraciada pela natureza
Sua mente viaja por lugares bonitos
De onde vem sua fé sacramentada.
Nem a hermenêutica chega a esse infinito
povoado da certeza...o quanto ela é amada.
Deus, não a faz ver o mundo como um cimério
Sim, como alguém ciente que o belo existe
Que há lugares encantadores e não cemitérios
de flores apodrecidas onde o mau cheiro persiste.
Cenas que podem ser reproduzidas
em telas coloridas com esplendor
exaltando a essência linda na ossatura
de criaturas, que vivenciaram a vida com amor
sentindo a cada espaço, afável olor.
Márcia A Mancebo
03/07/20
Inverno.
Chegou o inverno.A noite adormece
E as estrelas ofuscam na imensidão
Minha alma terna se embece
Tendo como companhia a solidão...
O vento assovia, a lua decresce
Respiro a saudade em profusão...
Na janela do tempo, a dor aparece
Ferindo fortemente o coração.
Chegou o inverno...
Meu Ser se esconde e padece.
Pois o vento frio não me aquece
Para o pensamento não vem inspiração...
Silenciosa, inibida a poesia
Se cala tristemente sem emoção.
A madrugada segue erma e vazia
Chegou o inverno...
Márcia A Mancebo
01/07/2020
Almas gêmeas
Se te abraço, te enlaço, sou mais eu.
Sou flor, sou primavera em apogeu...
Sem tua presença as noites são breus
Só descanso se estou nos braços teus...
Nessa ânsia de desejo que arde,
Eu te peço meu amor, não retarde!
Venha logo pra sanar a saudade
De teus, doces, beijos que me invade.
Não me canso em repetir que te amo!
Nas insones madrugadas te chamo.
Nós somos almas gêmeas do infinito
Contigo meus dias são mais bonitos!
Somente tu, fazes que eu esqueça a tristeza,
Encontre no meu viver a certeza
Que o amor faz renascer a esperança
E deixa de lado as tristes lembranças.
Márcia A Mancebo
(17/03/19)
Paixão
Sequiosa chegou pela madrugada
Quando meu corpo em combustão
Junto ao teu...Ah, me senti amada!
Sentimento bom, é sentir paixão!
Regozijada em ricos primores
Me acobertando de muito carinho
No ar resplandecia olor de flores
Naquele recanto...nosso ninho!
Há quem diga que paixão é crença.
Que não passa de mera fantasia
Que o coração deseja, a mente dispensa
E que ela não consegue fazer magia.
Quem diz nunca sentiu doce momento
Que audaz se apodera da gente
O mundo gira mudando o pensamento
Tudo ao redor fica colorido... deferente.
Márcia A Mancebo
25/06/20
Esse silêncio da noite escura e fria
Abraço o que tenho de mais precioso
Com esperança, olho para o céu
Em pleno estado de agonia
pensamentos sem sentido, ao leu
Amargurada, sem ter mais alegria
Num apelo ao Pai que dê fim ao medo.
Pois, o mundo vive profundo degredo.
Pessoas seguem os meus passos
Cobrindo a face com máscaras pra se proteger
Esse mal vem forte e num abraço
sem dó muda o rumo do viver.
As manhãs não são mais as mesmas...são tristes
Nem mesmo o Sol tem o lindo brilhar
Não se vê sorriso nos lábios... Inexiste.
Perderam a beleza, deixaram de encantar.
Abraço meu tesouro, minha criança.
Aperto junto ao meu corpo com amor
Pretendendo dar a ela a esperança
Ensinando que nos momentos difíceis da vida
A fé, a afetuosidade é o único clamor.
Márcia A. Mancebo
21/05/2020
Glosa
Mote
Os meus versos não são de rimas ricas .
São frases espalhadas ao relento
Sempre digo o que sinto no momento
Ao escrevê – los, minh'alma danifica.
A lágrima caída a certifica.
Sigo e deixo liberto o pensamento
Mas, não há o que fazer com o sentimento
A emoção ao chegar nada retifica.
Os meus versos são pobres e sem graça
Neles estão gravados minha história,
Desafogando o arquivo da memória.
Minha palavra caminha e onde passa
eu deixo um pouco do meu coração.
Quisera grafitar com retidão.
Não sou poeta, quanta pretensão!
Márcia A Mancebo
Digitais
Dá -me a taça que em teus lábios entornas
pra eu sentir dos teus lábios o sabor
Nele deve estar digitais com olor
De tuas mãos que meu corpo contornas.
Deixe que eu beba do vinho carmim
até que me embriague de paixão,
Esta noite desejo com emoção
Pra sempre degustar teu gosto em mim.
Quando vier de súbito a saudade
Eu lembrarei teus lábios com estasia
Minha alma feliz com infinda alegria
se aquietará ... É de felicidade!.
Márcia A Mancebo
Quiçá...
Olhando pela janela dos dias
Vejo longe as periféricas situações
De um povo oprimindo, sem alegria.
Sofrendo as maiores privações.
São vagas as rotina de suas horas,
São feitas de esperanças embutidas.
Gente sofrida, segue a buscar nova aurora
E, cada amanhecer é uma nova vida.
São tantas ilusões acumuladas!
Creem no sortilégio com fervor.
Com mochila nas costas vão pela estrada
Para ganhar o pão de cada dia com seu labor.
Povo humilde, povo trabalhador.
Não espera ser ovacionado, não.
Quer apenas pra família um cobertor.
Um agasalho, um alimento, quiçá um alento para o coração.
Márcia A Mancebo
20/06/20
A vida, a esperança prometedora
Cuja saudade a voz extingue.
Aos meus ouvidos ė embaladora
Seguir com fé, pois só a fé redime
E não há a dor que não elimine
Clareando o trilhar com fervor.
A vida segue tecendo laços
Alguns impossíveis de romper
E, tudo que amamos são pedaços
Que habitam em nosso Ser.
Enfim, viver muito me afeiçoa
Enlaçando– me a buscar sempre o amor
Ah...eu sinto a minha vida muito boa,
Cada amanhecer oferece– me uma flor!
Márcia A Mancebo
26/06/2
Angústia
É noite em mim e o tempo me apavora
Quando ouço o sino da matriz tocar
Com medo, não sei o que fazer agora,
resta implorar a Deus pra me ajudar...
A ansiedade em mim veio pra ficar
e o desespero chegou sem demora.
É noite em mim e o tempo me apavora
Quando ouço o sino da matriz tocar.
A angústia insana, sufoca...devora,
Não há como desse mal se livrar.
O tempo é cruel, não marca hora;
Chega somente pra me torturar.
... É noite em mim e o tempo me apavora!
Márcia A Mancebo
22/06/20