Quarto vazio
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Ao chegar em casa, o silêncio impera, massacra.
O olhar vaga pelos cômodos vazios, móveis frios.
Tua presença já não mais me espreita, nem espera.
Tudo é escuro, triste, cinzento, sinto calafrios.
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Lembranças intensas a invadir minha mente,
Como um filme a passar em telas brancas.
Momentos únicos de um amor mui ardente
Que num dia mágico acenou com esperanças.
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Agora, só resta o triste lamento, triste pesar
De um amor que se foi, nunca há de voltar.
Dor que não dilui, nocauteia, eterno sofrimento.
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E aqui eis-me a vigiar o tempo, a esperar
O momento certo para te encontrar e te amar.
No fim da madrugada, fria e silenciosa, te procuro.
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M.A.Oliver
Desafio Edith – Soneto sobre tema:
“ No fim da madrugada te procuro”
Buenas noches a todos, en nombre de la familia de Maria Rosa Parra, soy Bruno Charles Cuello Parra, desde el Facebook de mi esposa.
Les pedimos a cada uno con su fe que la conocen desde la redes, con su fe que hagan oraciones para la recuperación de la salud de ella.
A todos lo que la conocen y conocen su trayectoria y dedicación en estos años en la literatura.
Les estaremos informando como evoluciona.
Muchas gracias !!!
Buenas noches!!!
Venho pedir orações por nossa querida Rosita , Maria Rosa Parra, que de acordo com seu filho Cláudio, sofreu um AVC e está em estado grave no CTI.
Imagem: Google Imagens
O coração que carrega
Eis que vejo um coração que carrega os sonhos
de um amor belo e infinito sonhar,
de dias de sol para lhe aquecer a alma fria,
de brincadeiras puras dos tempos de criança.
Eis que vejo um coração que carrega a esperança
de que a vida não lhe seja ingrata madrasta,
de ver o sorriso de seus filhos à brincar,
de um mundo em que as diferenças não existam.
Eis que vejo um coração que carrega um desejo
de que seu destino seja bem menos trágico que os dos pais,
do clamor por justiça pelos filhos assassinados vilmente,
sem lágrimas de dor pelo ente que partiu prematuramente.
Eis que vejo um coração que carrega a ilusão
de que as guerras não mais existirão,
de que a fome será erradicada e as crianças salvas da morte,
de que o amor ainda prevaleça e que a humanidade reviva
e que seja mais humana e solidária com o sofrimento alheio.
Eis que vejo a pureza de uma criança à carregar um coração
que há muito tempo cansado está das batalhas duras
dos dias frios e violentos, das inversões de valores
e que somente quer seguir seu ritmo... compassadamente!!!
M.A.Oliver
Tema Poesia: "O coração que carrega"
Imagem: https://www.imagui.com/a/imagenes-de-mujeres-tristes-llorando-cBXrkkgja
Ecos do deserto
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O silêncio pungente sufoca os sentidos
atordoados pela ausência do filho amado
que foi ceifado em plena flor da idade.
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A alma arrebentada pela dor dilacerante.
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A agonia, a perplexidade a deixam incapaz de reagir.
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Lágrimas tentam em vão romper a barreira do desespero,
mas um deserto de sentimentos se manifesta, ecoa
na gota de água que evapora antes que molhe a face sedenta.
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Maria Angélica de Oliveira
Tema Poesia: "Na gota de água que evapora"
Distante
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A dor da distância se faz presente.
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Todo meu ser é envolto pela bruma fúnebre.
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Segue incólume a noite fria
Que envolve meus pesares
E deixa minha alma vazia.
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Sem alcance, o amor devaneia
E esvai-se por entre caminhos ermos
Junto à solidão que sufoca os pensamentos.
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M.A.Oliver
Mote: " Quando a mão não alcança
Você sente a dor da distância
Sem poder alcançar. "
Fonte Imagem: https://images.app.goo.gl/1zZJc2XycS9Yc5Lu8
Domingos
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“Tudo na vida é transitório!”
Ouvi várias vezes esta frase, mas nunca fez tanto sentido como agora que os filhos cresceram e já tomam seus rumos.
Lembro-me de minha mãezinha sentada no sofá, sozinha, vendo tv aos domingos. Assim como estou agora.
Triste? Talvez. Depende de qual sentimento há no momento.
Eu não a entendia, a questionava várias vezes por que não ia passear, por que ficava ali?
A entendo agora. É o único dia em que podemos ficar quietas, assistir ao programa preferido, sem obrigações de cozinhar, lavar e arrumar.
O único dia em que o silêncio da casa faz sentido. Não sentimos culpas por não fazer nada. Sabemos que os filhos estão bem se divertindo ou dormindo.
A vida segue seu ritmo. Hoje estou quieta. No próximo domingo talvez haja um almoço, mas se isso não acontecer não há problemas.
O modo como encaramos esses domingos é que faz a diferença entre alegrias e tristezas.
Hoje faz sentido a cena de minha mãezinha no sofá, fazendo seu tricô, suas palavras cruzadas, vendo seu programa preferido aos domingos.
Aquele momento era dela, só dela. Ali ela recarregava as forças para mais uma semana.
Assim como eu agora, no meu sofá, vendo meu filme favorito, escrevendo esta crônica. Esse é meu momento, meu domingo vazio de obrigações, mas cheio de significados.
M.A.Oliver – 17/10/21
In Liga dos 7 - @ligadosete
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Dias de chuva
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Sempre gostei de apreciar a chuva, seus pingos na janela me trazem lembranças que há muito estão escondidinhas nos recôncavos mais profundos da minha mente.
Lembrei-me dos dias de coroação de Nossa Senhora em que pulamos a janela para participar. Minha mãe não deixava por que estava chovendo muito. Queríamos os docinhos que eram entregues no fim da coroação. Rsrsrs Coisas de criança!
Dias melancólicos de Natal. A chuva molhava as luzes da decoração e criava matizes interessantes na parede. Tempos inesquecíveis vivenciados junto à família.
Gosto de observar a rua através da janela molhada. As pessoas ficam mais apressadas, mas sempre tem aquela que larga o guarda-chuva e fica a sentir os pingos que lhes molham a face. Ficam tão imersos que passam a impressão que estão em profunda oração.
Sinto saudades dos dias de chuva de minha infância. Dos conselhos e broncas de minha mãe: “Não esqueça o casaco!”, “Tire essa roupa molhada, vai ficar doente!”, “Entra logo menina, não vê que está chovendo!”
São momentos únicos que ficam entalhados em nossa alma e que saem do seu esconderijo todas as vezes em que os pingos começam a bater na janela, numa cadência gostosa. Momentos de café coado na hora, pães de queijo quentinhos, conversa fiada e sono embalado.
Sempre gostei de apreciar a chuva! Assim como nesse momento em que, ao ouvir seu barulhinho na janela, as "lembranças molhadas pulam para o papel e transformam a chuva lá de fora em letras de uma aquarela desenhadas pelo meu pincel." (Interação com Carlos Manuel Correa da Silva )
Maria Angélica de Oliveira – 10/10/21
Liga dos 7
Imagem: https://pixabay.com/images/id-3056863/
Desfiz os nós de minha solidão
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Mais um dia se vai junto com a doce brisa
A levar meus pensamentos, minhas agruras
Que viajam ao sabor do vento que refresca
Minha alma, antes tão conturbada, agora pura.
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Não sinto mais o vazio que preenchia meu coração,
Que me entristecia, me levando a dores profundas
Que foram forjadas com o ferro do desencanto
E que fazia a vida parecer escura e sem alegrias.
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Hoje, desfiz o nó da minha solidão, se esvaiu!
Desatei toda a tristeza, não há mais lamentações!
Somente o doce sabor do amor próprio, sadio
Que me buscou do fundo do poço, curou as desilusões.
E assim, caminho confiante, sigo minha lenta sina
A cantar o amor por onde for, levar alento onde há dor,
Fazer sorrir os olhos pequeninos , de âmbar em cor!
Caminhando sempre adiante, brindando minha doce vida!
Maria Angélica de Oliveira – 28/12/16
CPP TemaPoesia: “Desfiz os nós de minha solidão”
Imagem: GREETING THE DAWN - https://www.newdawncollections.com/finearts.htm
Obscuro
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Olho o horizonte, tudo está disforme, aleatório.
Nos caminhos ermos jazem insignificantes utopias.
Palavras fúteis permeiam meus pensamentos.
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Hoje o sol já não tem o esplendor de outrora.
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Tudo para em um espaço de tempo débil
Onde os sonhos estão paralisados pela dor.
Ínfimos sentimentos atordoados pelo descaso.
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O destino se perde em trilhas obscuras.
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Maria Angélica de Oliveira – 06/09/21
Tema Poesia:
“Sigo as trilhas do destino
Através de caminhos ermos.”
Imagem: https://i.pinimg.com/originals
E quando...
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E quando a noite desce com seu manto
E o burburinho do dia se acalma,
Minha alma viaja através de vales.
Tenta encontrar a paz que lhe foi tirada.
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E quando, ao fechar os olhos, no relento do leito,
Meus sonhos se perdem em devaneios,
Povoados de sensações, de desejos reprimidos.
Anseia por teu toque, teu querer afoito.
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E quando, ao amanhecer o dia reluzente,
O sol entrar sorrateiro, por entre as frestas
E tocar docemente meu corpo nu,
Lembranças afloram de seu calor silente.
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E quando, ao lembrar de nós, num doce enlevo
Sentir o sabor de menta, que roubei de seus lábios macios,
Num beijo carinhoso, num afago amoroso
Que a brisa da manhã depositou em teu rosto amado.
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Maria Angélica de Oliveira
TemaPoesia: " Sabor de menta"