Dias de chuva
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Sempre gostei de apreciar a chuva, seus pingos na janela me trazem lembranças que há muito estão escondidinhas nos recôncavos mais profundos da minha mente.
Lembrei-me dos dias de coroação de Nossa Senhora em que pulamos a janela para participar. Minha mãe não deixava por que estava chovendo muito. Queríamos os docinhos que eram entregues no fim da coroação. Rsrsrs Coisas de criança!
Dias melancólicos de Natal. A chuva molhava as luzes da decoração e criava matizes interessantes na parede. Tempos inesquecíveis vivenciados junto à família.
Gosto de observar a rua através da janela molhada. As pessoas ficam mais apressadas, mas sempre tem aquela que larga o guarda-chuva e fica a sentir os pingos que lhes molham a face. Ficam tão imersos que passam a impressão que estão em profunda oração.
Sinto saudades dos dias de chuva de minha infância. Dos conselhos e broncas de minha mãe: “Não esqueça o casaco!”, “Tire essa roupa molhada, vai ficar doente!”, “Entra logo menina, não vê que está chovendo!”
São momentos únicos que ficam entalhados em nossa alma e que saem do seu esconderijo todas as vezes em que os pingos começam a bater na janela, numa cadência gostosa. Momentos de café coado na hora, pães de queijo quentinhos, conversa fiada e sono embalado.
Sempre gostei de apreciar a chuva! Assim como nesse momento em que, ao ouvir seu barulhinho na janela, as "lembranças molhadas pulam para o papel e transformam a chuva lá de fora em letras de uma aquarela desenhadas pelo meu pincel." (Interação com Carlos Manuel Correa da Silva )
Maria Angélica de Oliveira – 10/10/21
Liga dos 7
Comentários
Congratulações! Muito sugestivo seu texto, cara Angélica.
Fez-nos igualmente reviver as vezes sem conta em que bátegas geladinhas vinham a nos colidir e nos molhar a face, suscitando o mágico entrelaçamento do ser com as forças telúricas da natureza.
Abraço do j. a.
Obrigada J.A. pela visita.
Belíssimo parabéns poetisa ameiiiiiiiii
Obrigada Meire querida!
Um encanto de poesia
Traz a beleza das lembranças num tom nostálgico e suave. Parabéns, Angélica
Obrigada Lílian pelo carinho!
Bom dia poeta.
Poxa. Que delicadeza no trato com as palavras... Reví-me infante outra vez apreciando as gotas da chuva que tamborilavam na janela do quarto. E a arte... Tudo a ver.
Excelente leitura.
Parabéns.
1 ab
Obrigada Nelson pelo carinho!
adorei...adorei mesmo...e se me permite com todo respeito...
"...as lembranças molhadas pulam para o papel e transformam a chuva lá de fora em letras de uma aquarela desenhadas pelo meu pincel
De novo me perdoe mas veio com tanta naturalidade que tive de interagir. Obrigado. Fica com Deus.
Obrigada Carlos pelo carinho e interação que vou adicionar ao texto. Amei!!!