Olhe para mim! Olhe pra nós!
Quantas pétalas de nossa existência serão desfolhadas
Em teu eterno mal-querer-nos?
Até quando teremos que ser adubo à fome voraz
De tua terra infértil?
Ser alvo da tua bala perdida?
Mira certa para teu projétil?
Exceção nos teus planos de paz?
Devido a melanina em nossa epiderme ter-nos-ás, eternamente,
Como substrato de tua ideologia pró-escravidão?
Pelo sim, ou pelo não...
Olhe pra mim! Olhe pra nós!
Vamos escurecer o assunto:
O problema não é a nossa cor,
Tampouco os evidentes traços negroides,
O aroma ancestral exalando da alma
Mostrando ao mundo nosso real valor,
A perseverança afrodescendente
E a brasilidade se abrindo em flor.
É teu preconceito e racismo excludentes
Repetido e reforçado sem nenhum pudor.
Então olhe pra mim! Olhe pra nós!
Somos baobá, somos resistência.
"Nascem milhares dos nossos
Cada vez que um nosso cai."
Mas raízes ficam como teias de Anansi
Na trama do passado, da ancestralidade
Prenunciando a glória do nosso porvir...
By Nina Costa, in 02/12/2021.
Mimoso do Sul, Espírito Santo, Brasil.