SUBJACÊNCIAS
Não percebi que o sol que ardia
Queimava minha pele crua de luz,
Que o vento que soprava
Desgrenhava os pensamentos entre os fios grisalhos de minha existência,
Que as areias sob meus pés mudavam de destino a cada passo sem direção, no tempo,
Que as vozes que cantavam aos meus ouvidos
Eram ecos dos ruídos que escolhi ouvir
Para não enlouquecer com os gritos silenciosos da solidão.
Escolhas... Tolas escolhas existenciais.
Enquanto finjo não perceber, permaneço,
Ainda que seja na ilusão de ser
De ser aquilo que jamais consegui compreender
Mas que conforta minha transitoriedade.
Subjacências de uma alma camuflada,
Aprisionada nas tênues e fortes grades do cotidiano:
O sol me arde, o vento me envolve,
As areias movediçam sob meus pés,
As vozes me embriagam
E eu acredito na flor roxa do amor nascida no Saara.
Nina Costa, Mimoso do Sul, Espírito Santo, Brasil, 30/1/2025
Comentários
Boa tarde, minha querida e bela Nina Costa!
Que poema profundo e introspectivo!
Ele capta a essência das subjacências da existência humana,
a complexidade das escolhas e a ilusão reconfortante de ser algo incompreendido.
Nina você me faz ver por uma linguagem poética envolvente,
me faz refletir sobre as forças invisíveis que moldam nossas vidas
e nos aprisionam no cotidiano.
A imagem final da flor roxa no Saara é uma metáfora poderosa
de esperança e resiliência.
Um verdadeiro deleite literário
Parabéns e um carinhoso abraço Nina Costa.
#JoaoCarreiraPoeta.