(Based on a True History)
Você que se diz ser meu amigo
Vem cá comigo
A gente tem que conversar
Bem antes de você ser promovido
Falaram ao meu ouvido
Que o amigo ia mudar
Pois é, estão falando aos quatro ventos
Que o amigo anda dizendo
Que não sai mais pro almoço
Com a turma que sempre te ajudou
Quando você mais precisou
Sem nunca ter que olhar pro bolso
Eu sei que foi um tempo de dureza
A gente se juntava à mesa
E ria da própria desgraça
E no escritório então era uma festa
Virar a noite na hora-extra
Era um porre sem cachaça...
E agora que o amigo é promovido
Eis que me chega aos ouvidos
Que você está diferente
Com aqueles que tanto lhe tem apreço
Esse seu lado eu desconheço
O amigo esqueceu da gente?
Espero estar mesmo enganado
Pobre do encarregado
Que sempre segurou as pontas
Nas nossas saidinhas pro boteco
Porque ninguém era de ferro
E o pobre é quem pagava a conta
E o amigo que já esteve nesse canto
Agora vem pra meu espanto
Calar-me diante do que ouço
Que hoje vive outra realidade
Pois seu amigo na verdade
Agora é dinheiro no bolso
Amigo, a coisa não é bem assim
Não vá se esquecer de mim
Não, não me venha com sorrisos
Eu tenho muitas contas a pagar
E família pra sustentar
E desse emprego eu preciso
Caro amigo
No entanto o que ouvi doeu-me o peito
Me deixou torto e sem jeito
E até mesmo sem reação
Sim. o poeta já dizia e é verdade
O homem é movido a vaidade
E alimentado de ambição
Assim que prova da sobremesa da ilusão...
Tem nada não...
Pois, como diz Guilherme Arantes:
Odeio fantoches, capachos do chefe
Cupinchas do patrão
Odeio essa raça de gente costa-quente
Gente falsa, serpente que se arrasta pelo chão
Cara fraco, inseguro, eu já acho feio
Puxa-saco, já tô cheio. eu odeio
DEDO-DURO...
(Petronio)