GUIRLANDA
A nossa história de amor foi breve…
Tão breve… Depois tudo se perdeu.
Feito palavra em giz que alguém escreve...
Feito um nome que o tempo, então, varreu.
Ela passou como uma asa… Tão leve...
Cujo sopro sequer se apercebeu...
Deve ter sido um sonho, afinal… Deve
ter sido estrela… E para os céus volveu.
Indago dia e noite, noite e dia,
as horas numa insólita ciranda…
– Foi verdade, esse enleio? Ou fantasia?
Resta-me apenas sua fotografia...
O riso como a flor de uma guirlanda
a ilustrar uma lápide sombria…
(Paulo Mauricio G Silva)
NOTURNO
Na solidão do ocaso os céus soprados
elevam uma imagem misteriosa…
A praça ensombrecida, penumbrosa,
rumoreja entre arbustos agitados…
As horas tomam ares mais sagrados...
Põem um beijo de sombra em cada rosa…
A lua mística, alta, vagarosa,
recorta a silhueta dos telhados.
Tudo é paz, então… Folhas ressequidas
seguem destinos seus… Rumos diversos,
para ninguém jamais voltar a vê-las...
Assim como palavras esquecidas
cantadas nos refrões de antigos versos
escritos sob a data das estrelas...
(Paulo Mauricio G Silva)
Não, não me deixes sozinho
em nossa doce novela...
É muito longo o caminho.
E o sol não beira a janela.
É tão doce o nosso ninho.
Como um beijo à luz de vela…
Bebamos o nosso vinho…
A noite ainda é longa e bela.
Não, não me deixes assim,
como se eu fosse acordar...
E o sonho tivesse fim.
E o poema fosse calar.
E te levasse de mim
este raio de luar…
(Paulo Mauricio G. Silva)