À Porta da Igreja
À porta da igreja de S. Domingos,
Uma cena deveras hilariante,
Protagonizada pelos mendigos
Que ali são presença constante.
Uma troca de palavras mais dura
Conduziu a algumas agressões,
Assistiu-se a uma cena de loucura
Com as mais caricatas situações.
O coxo esqueceu-se das muletas,
Levantando-se num salto de artista,
Ensaiando umas quantas piruetas,
Que até o cego ganhou nova vista.
O maneta assentou tal estalada
Na face seu valente opositor,
Que esta ficou tão avermelhada
Como o mais vivo desta cor.
O mudo só gritava, com malicia,
“Parem, olhem que triste figura,
Não tarda muito está aí a polícia,
E nós é que vamos pagar a factura.”
Os turistas não percebiam nada,
Pensavam ser algum acto de Natal,
O Sacristão tinha a porta fechada,
O Padre não saíra do espanto inicial.
Chega a policia, mais confusão,
“Eu conto, eu é que vi tudo”
Diz o cego com grande convicção,
Nisto ouve-se um grito do mudo.
“Calma aí, eu é que vou contar”
O maneta joga as mãos ao papelão,
O coxo aproveita e põe-se a andar,
Deixando a muleta pelo chão.
A policia fala com o sacristão,
“Vão sair todos daqui, toca a andar”
Vem o Padre “Oh Sr. Agente, então,
Estamos no Natal, deixe-os ficar.”
Vai-se a Policia, vêm os mendigos,
Tudo volta à Santa normalidade,
Pede-se esmola à porta de S. Domingos,
Passeiam os turistas pela cidade.
Francis Raposo Ferreira
17/12/2019
Comentários
Fantástico!
Aplausos Mil!