A Raça da Mexerica

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A Raça da Mexerica

Crônica poética de Teeh Sant’Anna

No grupo das idosas, ouvi sem querer, uma treta suculenta começou a ferver:

“Mexerica não é nome, é variação linguística!” “Como assim, minha filha?

É de raça… genética pura e científica!”

Diziam que tangerina é do Rio, e que a pokan vem lá de São Paulo,

mas uma senhora jurava com brio:“É questão de DNA, não de embalo!”

Confusa, cocei a cabeça, respirei, e quase fui pesquisar no dicionário,

mas tropecei na risada e pensei: “Será que a mexerica virou vocabulário temático literário?”

Fruta com etnia? De qual linhagem ela vem? Tem sotaque? Cabelo liso ou crespo também?

Se for por isso, a salada agora tem RG, CPF, passaporte e até CNH!

Cenoura de Minas, cebola da França  e o alface? Nasceu no Pará!

Foi aí que um lagarto laranja apareceu, de coleira azul e emblema dourado reluziu,

olhando altivo, com risinho de malandro, parecia duvidar do pedigree da mexerica na mão da senhora.

 “Tá vendo? Até o lagarto tá desconfiado!”  disse a outra,

rindo alto e sacudindo a fruta, 

“Não é raça, minha filha, é linguagem regional!” insistia a outra, com ar professoral.

E assim, entre mordidas e argumentos sem fim,

a mexerica reinava, soberana no jardim.

Linguística, Agro ou Biologia?

Já nem sei em qual prova isso vai cair…

Só sei que na minha poesia,

a mexerica virou celebridade a sorrir!

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Comentários

  • Graciosa e ilustrativa prosa. Parabens

  • Ave, grande Therezinha! Um verdadeiro primor de cronica poetica, com as rimas excelentemente colocadas. Adorei ler isto. 1 ab

  • Um bem-aventurado dia, viajante dos versos,

    neste delicioso banquete de palavras,

    minha amada amiga Therezinha tempera a crônica com lirismo cítrico e riso matreiro.

    A mexerica, coroada soberana da semântica frutal,

    encena um debate linguístico onde etimologia beija a oralidade popular.

    Senti que a sátira roça o surreal:

    Legumes antropomorfizados e um lagarto juiz de genealogias botânicas.

    Kkkkkkkk, gargalhei muito, pois,

    a poesia é travessa,

    onde o eu lírico gargalha sob o sol do absurdo

    e transforma o cotidiano em desfile folclórico da nossa brasileiríssima identidade linguística.

    Minha amiga, nota deeeezzzz!!!

    Fiquei encantado com teu humor poético e literário!

    Um beijo e um abraço carinhoso, a poesia está rindo...

    #JoaoCarreiraPoeta.

  • Sensacional sua crônica.

    A Língua não é estática, sempre em movimento.

    O nome dado da frutas podem variar de região para região por Linguística, Agro , biologia e costumes.

    Seus exemplos com Mexerica, tangerina e Pokam são interessantes e bons exemplos.

    "A  Raça de Mexerica" tem um lânguido humor e frescor 

    Aqui no Rio é tangerina um fruto menor já o Pokam aqui consumido é uma fruta maior.

    Demais exemplos , belos exemplos.

    Parabéns Prezada Poetisa Therezinha SanTnana por esta belíssima Crônica 

  • Therezinha

    um versar diferente

    acredito que seja um pouco de cada coisa

    linguistica,agro e biologia

    um abraço

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CPP