Era uma tarde de sol na floresta encantada da Vovó Onça, e o Luar, sempre curioso e cheio de energia, já estava aprontando suas travessuras. Ao seu lado, o majestoso cavalo branco Marengo, que adorava correr como o vento e pular obstáculos invisíveis. Marengo era uma visão impressionante, mas por dentro, ele tinha alma de brincalhão. E Plutão, o fiel cão, corria atrás deles com a língua de fora, sempre pronto para entrar na bagunça.
Entre árvores altas e riachos brilhantes, surgiram dois pequenos rostos sorridentes: um casal de crianças indígenas, irmãos que viviam na floresta com seus pais. Kamayurá, o menino, era esperto e rápido como uma flecha. Sua irmã, Jaci, com seus olhos atentos, sabia de cada segredo da mata. Os dois adoravam explorar os mistérios da floresta, e naquele dia, decidiram que a companhia de Luar, Marengo e Plutão seria a aventura perfeita.
"Vamos fazer uma corrida!" gritou Kamayurá, pulando sobre o lombo de Marengo, que relinchou como se tivesse aceitado o desafio. Luar, com seu olhar travesso, deu uma piscadela para Jaci. "E quem perder vai ter que imitar um sapo!" acrescentou Jaci, rindo.
O grupo se lançou pela floresta, desviando de árvores e saltando sobre arbustos. Plutão corria atrás, latindo e tropeçando nas patas curtas. Marengo, com Kamayurá firme em suas costas, galopava velozmente, mas sempre com cuidado para não perder de vista Luar, que agora saltitava ao lado de Jaci.
No meio da corrida, Luar teve uma ideia. Ele se escondeu atrás de um tronco caído, deixando Kamayurá e Marengo seguirem adiante. Jaci, que estava esperta, parou ao lado de Luar, espiando a travessura. "O que vamos fazer?" perguntou, com um sorriso sapeca.
"Vamos assustar o Marengo e o Plutão quando eles voltarem!", sussurrou Luar. Jaci segurou o riso, e juntos, se camuflaram nas folhagens.
Quando Marengo e Plutão retornaram, sem nem perceber a ausência de Luar e Jaci, eles foram surpreendidos por um uivo engraçado e inesperado, seguido de folhas que voavam pelo ar. Marengo deu um pulo tão alto que parecia ter asas, e Plutão, que já estava cansado, deitou no chão e começou a rolar de rir! Kamayurá quase caiu do cavalo de tanto dar risada, enquanto Jaci e Luar apareceram das moitas, imitando sapos como o combinado.
A bagunça continuou até o sol começar a se esconder por trás das montanhas. Vovó Onça, observando tudo de longe com seu olhar sábio, apenas sorria. Sabia que na floresta encantada, a verdadeira magia era a amizade e as risadas compartilhadas em meio às travessuras.
E naquela noite, sob a luz suave do luar, Luar, Marengo, Plutão e as crianças se deitaram na grama, ainda rindo das peripécias do dia. "Amanhã tem mais!" disse Luar, piscando para a lua, enquanto Jaci e Kamayurá já planejavam novas aventuras.
Helena Bernardes, outubro 2024
Comentários
Muito lindo teu conto, Helena. Parabéns!
Que linnnndo!
Que conto sensacional!
Quanta inspiração, quanta perspicácia,
sagacidade infinita rompendo barreiras da criação.
Uma excepcional contista.
Minhas reverências!
Um forte e carinhoso abraço.
#JoãoCarreiraPoeta.
És, na verdade, uma contista de mão cheia. 1 ab