E então eu volto ao mar
Já quase deixando de existir o receio ou a mágoa
Porque assim me diziam as estrelas
Enquanto sentia o toque frio em meus pés
Convidando suavemente a nele misturar-me
Como o cão que arranha a perna
Na esperança de fazer o homem segui-lo
Da costa o vento me traz uivos solitários
Alcateias desfeitas
Crianças que esperam as respostas desse mesmo vento
Choram e maldizem a permanência do vácuo
Não escutam e não conseguem ser ouvidas
E as lágrimas se combinam às gotas do mar
Lançadas pelas ondas
Transformando-se em maresia
Fluido dolorido esse
Que ao tocar o solo
Se converte em lindas canções e poesias
Solidão que ganha ritmo e palavras
Questiono então a razão de tal fenômeno
Não, não consigo aceitar que expressões tão sublimes
Sejam provenientes unicamente da dor
E vejo o quanto podemos ser ingratos e egoístas
Procuramos e encontramos as estrelas
Quando nos vemos na escuridão
Percorremos o caminho de nossa alma
Quando sozinhos nos vemos sem qualquer opção
Sim eu sei não são todos assim
Mas por vezes quando se aproximam as estrelas
Quando o vento volta a soprar
Esquecemos de agradecer
E deveríamos voltar repletos de gratidão e sorrisos
Seguir o caminho percorrido
Maravilhosas canções e poesias
A alma magnetizada pela fé também pode trazer
Fazendo-nos suspirar de encanto
E acreditem são ainda mais belas
Porque a gratidão é uma das mais graciosas virtudes
E aqui no meio de tudo
Onde o véu que nos separa permanece suspenso
Posso ver e sentir onde nasce a maresia
Correntezas se alternam a tentar nos guiar
As aparentes mais suaves e coloridas
Garantem nos levar à terra firme e prometida
E seduzidos por suas juras acabamos abraçados à tempestade
Devolvidos sobre pedras cercados por essa mesma maresia
Arrependimento, ou não
Se tivéssemos tido a coragem de enfrentar as ondas bravias
Do outro lado estariam as sinceras e verdadeiras estrelas
Aguardando-nos em solo
Onde a brisa nunca salga a pele
Retornaremos de volta ao mar
Quantas vezes forem necessárias
Até aprendermos a superá-lo
Não por sorte
Mas pela certeza do que nos aguarda
Assim disseram as estrelas
As mesmas que estão ali por toda parte a nos guiar
Então de asas molhadas a ave que me acompanha
Devolve-me à areia molhada
O toque frio me desperta
Olhando as estrelas e a coruja que se vai
Chamo o vento e agradeço
Obrigado
Comentários
Linda Carlos, sua inspiração.
Obrigado Sandra, fica com Deus
Belo texto, Carlos.!
Parabéns.
Obrigado Marcia, ótima semana
Angel, te agradeço bela delicadeza de sua vinda. Fica com Deus.
Oh minha amiga, se algo deve ser destacado são as Estrelas aquelas que verdadeiramente escrevem e nos inspiram, aquelas que insistem em acreditar em nós....te agradeço de coração. Fica com Deus
Caro Carlos Manuel, um poema riquíssimo, muito lindo
e que nos leva a sentir a necessidade de sempre agradecer
"quando o vento volta a soprar". Parabéns!
Mena, muito obrigado por suas palavras...por estar aqui. Fica com Deus.