Coagular Perpétuo

Nas noites, ando por corredores úmidos,
de paredes altas, cor de chumbo,
odores de vidas sem rumo, sem rima,
e muito acima de tudo que é imundo.

Vagarosamente vão se diluindo vazios,
os sons são murmúrios, gemidos no silêncio,
de corpos lívidos deitados no chão frio,
de vidas de um tempo lento e suspenso.

Cada noite é uma mistura de sonhos e medos,
de um inverno dolorido e sem desejos,
eternamente fundo e de um fedor imundo,
onde carcaças infestam esta cloaca do mundo.

Vagarosamente, o silêncio me arremata,
e eu caminho como se caminhar fosse um remédio,
sobre sangue escuro que lentamente se coagula,
a me coagular neste encarceramento perpétuo.

Alexandre Montalvan

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Alexandre

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