Condado Portucalense
A história faz-se de recuos e avanços,
Sempre interligados por acontecimentos
Que na hora de fazer os balanços,
Apelam à memória de idos momentos,
Numa viagem sem grandes descansos,
Despindo patrióticos sentimentos.
Eis-nos chegados à hora de recuar,
Para, firmemente, podermos avançar.
Ano de oitocentos sessenta e oito,
Condado Portucalense é fundado,
Vimara Peres, quem saboreia tal gosto,
Entre o Douro e o Minho, situado,
Prosperidade a brilhar-lhe no rosto,
Começa a ser território cobiçado.
Sabendo-se súbditos do reino de Leão,
Portucalenses não escondiam sua ambição.
Somente cinco anos governaria,
Lucidio Vimaranes, filho e herdeiro,
Nove anos seguintes lhe sucederia,
Chegados ao seu ano derradeiro,
Não se sabe bem o que aconteceria,
Tempo difícil, tudo breve e passageiro.
Decorria Novecentos e vinte e dois,
Hermenegildo Gonçalves viria depois.
Casado com Mumadona Dias,
Condessa e mulher muito poderosa,
Ele terá sido escolha das chefias,
Teria ela influências misteriosas,
Práticas de agrado das maiorias,
Muitas delas, estratégias ardilosas.
Morto o marido, ei-la a governar,
Mumadona Dias, mulher a recordar.
Porto a capital da Portucalense gente.
Hermenegildo Guterres, grande senhor,
Conseguiria um Condado independente,
Coimbra, até às campanhas do Almançor,
Finas do século X, mais concretamente,
Tempo em que vigorou uma paz maior.
Fruto de todo o labor desenvolvido,
Título mais nobre lhes é atribuído.
Gonçalo Mendes, conde tão somente,
O título de Duque passa a ostentar,
Século XI, Coimbra vê, novamente,
Seu condado voltar a desabrochar,
Desta vez agrupando ainda mais gente,
Lamego; Viseu e Feira se lhe vêm juntar.
Sesnando Davides, reconquistador,
Da cidade de Coimbra, é seu senhor.
Mil e sessenta e quatro decorria,
Voltava a viver-se alguma paz,
Até quando, ninguém o sabia,
Num breve instante, tudo volta atrás.
Portucale e Galiza iam para Garcia,
Nuno Mendes, ficar-se não era capaz.
Aquele, filho de Fernando I de Leão,
Não lhe permitiria tal traição.
Mil e setenta e um a decorrer,
Mire de Tibães, terras de Braga,
Batalha de Pedroso irá ocorrer,
Nuno Mendes, muito caro paga,
Acabando mesmo por morrer.
Garcia, sonhos mais ousados esmaga.
Condado Portucalense sofre extinção.
Garcia II iria sofrer igual expulsão
Tais terras do Condado Portucalense,
Feudo do reino de Leão e Castela,
Que posteriormente a Galiza pertence,
Veem abrir-se uma nova janela,
Quando Afonso VI de Leão reconhece
O Conde D. Henrique como merecedor dela.
Assim, com a futura terra Portuguesa,
Oferece-lhe a mão de sua filha, D. Teresa.
- Henrique não ficou muito contente,
Certa vassalagem teria de lhe prestar,
Assim, um território independente,
Ele terá começado a perspectivar,
Correria nas suas veias sangue desta gente
Que nunca teve medo de sonhar.
As lutas revestiam-se de imensos ideais,
Nem sempre disputadas por meios leais.
Mil cento e doze, a morte o atraiçoou,
Sem ter tornado o condado independente,
- Teresa o governo do condado assegurou,
Provocando a ira de muita da sua gente,
O povo Lusitano como que adivinhou
Os pensamentos que lhe povoavam a mente.
Não existem registos muito concretos
Que nos possam garantir estarmos certos.
- Teresa tinha reconhecimento legal,
Primeiro por sua irmã, D. Urraca,
Senhora, Leão e Castela, da coroa real,
Depois pelo sobrinho e pelo Papa.
As relações começaram a correr mal
Quando a ambição mais além abarca.
- Teresa começa a intitular-se rainha,
Sonho em que nunca estará sozinha.
Fernão Peres de Trava está com ela,
Trata-se de nobre Galego e poderoso,
Não o aceita a coroa de Leão e Castela.
Atacada refugia-se no Castelo de Lanhoso,
Mil cento vinte um, termina a querela,
- Teresa assina tratado habilidoso.
Grandes poderes, ao Galego, são dados,
Deixando nobres Portugueses revoltados.
- Teresa abandona os ideais do marido.
Ao nobre Galego, uma filha irá dar.
Revolta-se o filho, que será escolhido
Para a revolta, contra sua mãe, chefiar,
Episódio na Lusa história muito repetido,
Sem fontes que o possam confirmar.
Fazer emergir mitos e Heróis nacionais
Constituía uma das estratégias tradicionais.
Quanto de mito, quanto de realidade,
Existirão em episódios tão remotos,
Pouco importa a pureza da verdade,
Heróis ou vilões, todos estão mortos,
Ficando-nos, apenas, dessa dura idade,
A história escrita nos nossos rostos.
Fosse por ambição ou por mero engano,
Assim se iniciava o sonho Lusitano.
Comentários
Neste escrito faltou a sua autoria (nome) abaixo.
Francisco, você deveria pensar num livro só com esses poemas históricos.
Aplausos!
Amiga Edith Lobato, boa noite. Não coloquei a autoria por se tratar de uma parte desse grande projecto chamado "Povo Lusitano". Beijinho.