— Professor João Carreira, hoje precisamos contar história, haja visto que não tenho dinheiro kkkkkkkkkk.
— Está bem, Juão. Continue tentando invadir a minha impenetrável mente:
— Mestre era uma tarde acinzentada, típica de uma daquelas cidades onde o cheiro de terra molhada permeia o ar com um enleio romântico.
Lá estava ele, David, o notabilíssimo caipira da vila, dono de um sorriso que ganhava milhões de aplausos cada vez que se abria pelo menos, na sua imaginação fértil.
Ela, por outro lado, era Juanita, uma moça empoderada, de lisura indiscutível, cujo andar desenhava poesia no chão molhado.
Dito isto mestre, o encontro deles foi um tanto... imponderável.
Haja visto que David, ao passar pela praça, vitimou-se por uma poça d'água e, numa cena digna de novela, escorregou até os pés de Juanita.
Empalideceu de vergonha, mas, mas é claro, manteve a diplomacia e verbalizou o inevitável:
— "Moça, até a chuva parece mais sensacional com sua presença!"
Juanita, com o riso contido e os olhos brilhando, respondeu apenas com um olhar que dizia mais do que qualquer palavra.
Tanto é que, nesse exato momento, uma gota de chuva escorreu pelo nariz de David, e antes que ele pudesse limpar, Juanita puxou-o pela mão.
Referendado pela coragem que o beijo ia cunhando no ar, David sentiu-se sobremaneiras invencível, e quiçá um pouco hermafrodita de tão misturado em sensações.
Em um impulso que parecia vir do próprio ébano da noite, David roubou um beijo, o beijo mais pulquérrimo que o mundo já testemunhara sob aquela chuva.
Obviamente, aquele beijo não foi apenas um mero ato; era, de fato, um momento sensacional, referendado pelas batidas dos corações acelerados.
Perspectivas mudaram, o limbo do ostracismo em que David vivia parecia desmoronar, e o imponderável acontecia.
Portanto, a chuva, cúmplice, tornava-se música de fundo para aquele romance inesperado.
Juanita, ainda sorrindo, tocou levemente o rosto dele e sussurrou:
— "Isso foi... interessante, mas não pense que vai escapar tão fácilmente."
E com um piscar de olhos, virou-se, deixando nosso personagem embasbacado, mas com uma certeza: aquele beijo roubado seria um déjà-vu recorrente em suas memórias.
No entanto, tanto quanto aquele beijo foi inesperado, foi também perfeito.
Fim!
— Gostou, professor?
— Karapuça parece que falta algo nesse conto, nessa chuva e nesse beijo. Enfim, mais um conto narrado por ti.
Um cheiro poético numa chuva romântica, espero que você que leu tenha gostado.
Que nosso querido
— Deus —
nos abençoe ricamente.
P.S. Juão Karapuça é um dos meus mais ativos personagens.
#JoaoCarreiraPoeta. — 24/08/2024. — 14h
Comentários
Caríssimo João Carreira
Um conto muito bem elaborado, como sempre.
Parabéns
Abraços
JC Bridon
Mestre Bridon. Eu sou imensamente grato.
Um conto muito criativo e meigo, conforme o tema.
Obrigado por tudo. A cor verde ficou pulquérrima.
Adorável texto, João!
Admiro a tua criatividade.
Parabéns.
Um forte abraço
Obrigado Márcia que bom que você existe.
Embasbacado fica o leitor com essa cena onde pessoas vislumbram o ato com maestria nas linhas. Parabens
Obrigado Lilian! Você sempre muito gentil e inteligente em seus comentários.