Conto — O Perfume De Uma Rosa

O Perfume De Uma Rosa

Eu confesso que, realmente, o dia estava pulquérrimo. 

Propício para contar uma história.

Era uma tarde de verão, o ar estava impregnado com o perfume das flores, sentia-se uma sinfonia de aromas heterogêneos que dançavam em perfeita harmonia. 

No jardim, cada flor era uma pequena obra de arte, desenhada com a fecundidade do solo e a perspicácia da natureza, que, como um artífice inspirado, pintava o cenário com cores e fragrâncias indescritíveis.

No entanto, no meio de tanta beleza, havia uma rosa que carregava um estigma. Seu perfume, embora intenso, tinha uma ambiguidade que deixava os sentidos confusos, como se estivesse eclipsando algo mais profundo, mais misterioso. 

Era uma quimera floral, um enigma que atraía tanto quanto afastava. 

O jardineiro, um homem de sagacidade ímpar, percebia essa peculiaridade com um certo enlevo,

admirando a rosa por sua idiossincrasia.

Por outro lado, o cravo, sempre lépido e casmurro, não conseguia entender por que a rosa recebia tanta atenção.

Pensava ele:

"É apenas uma flor tão prosaica quanto qualquer outra." 

Mas, mesmo com sua hegemonia no canteiro, não podia negar que a luminescência da rosa, aquela luz suave que parecia emanar de suas pétalas, tinha um efeito quase sobrenatural.

O jardineiro, com sua sagacidade e perspicácia, sabia que a beleza da rosa não estava apenas em sua aparência, 

mas em sua capacidade de transformar a simplicidade em algo transcendente, em um estado de metanoia que levava todos a um pequeno nirvana. 

Era uma beleza que, embora inimputável, não podia ser julgada por padrões homogêneos.

E assim, enquanto o sol começava a se pôr,

trazendo consigo a serenidade da tarde, o jardineiro,

cercado pela ambiguidade e magia do jardim, suspirou, percebendo que a vida, como o perfume das flores, era feita de momentos efêmeros, mas inesquecíveis. 

Portanto, por mais que as flores florescessem e murchassem, o enlevo daquele instante permaneceria, eclipsando as preocupações do dia a dia.

Fim.

Um cheiro poético deste jardim.

Que 

— Deus —

 nos abençoe ricamente nesta tarde fria, mas maravilhosa.

#JoaoCarreiraPoeta. — 14/08/2024. — 9h01

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Comentários

  • Caríssimo poeta João

    No mundo dos que almejam a paz e o amor nos trazes o inebriante versar de um poema bem inspirado.

    Quanto a Rosa e o Cravo um consegue no seu lugar conviver plenamente um com o outro.

    Tanto a rosa como o cravo podem e conseguem conviver com seus incríveis perfumes.

    Parabéns

    Abraços

    JC Bridon

    • Bridon tu és um mestre até nos comentários elegantes e incentivadores. Gratidão.

  • Gestores

    A ROSA é considerada a "Rainha das Flores". Eu gosto de todas as flores e a rosa não é considerada a minha favorita.

    Seu espinho afiado de alguns anos atrás cansou-me os dedos furados.

    O perfume sim, é magnífico.

    Você dedicou um lindo conto para ela. Parabéns! 
    Recebi o perfume.

     

    • Guarde este perfume para a eternidade.

      Gratidão pelo belo e inteligente comentário.

      A visita foi sensacional.

      Faltou servir-te um cappuccino.

      kkkkkkkkkkkkkkk!

      Saudações.

      Um forte abraço.

      #JoãoCarreiraPoeta.

    • Gestores

      Seria um prazer enorme tomar um capuccino em Campinas, cidade das andorinhas.

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