A Calma de Um Assaltante e de Um Assaltado
Este final de semana meu cabelo fez-me um pedido. Queria um corte, como eu sou dele e ele é meu, marcamos um encontro (no nosso barbeiro desde 1960) para sábado passado. Barbeiro, você sabe que todos são depressivos e, tanto corta cabelo, quanto fala da vida alheia. Fomos chegando e na porta em pé estava Godofredo (amigo de muitos anos) que gentilmente nos recepcionou: —
— Bom dia, doutor, quanto tempo? Seja bem vindo entre e, se ajeite.
Eu e meu cabelo, não nos fizemos de rogados e entramos, a barbearia era ampla e, em cada canto tinha quatro cadeiras muito confortáveis, ar condicionado, música ao vivo (jazz e blues), o ambiente era bem movimentado. Sentei, colocando meu cabelo à disposição de Godofredo, este enquanto preparava meu cabelo para o corte — exclamou: —
— Doutor, sabe da última? Eu disse, decerto que não. Ele prontamente, e com muito gosto começa a descrever um ocorrido na semana passada: —
— Doutor, na semana passada ocorreu um assalto no bairro das Angolas, na Rua do Galo Sarado n. 24, mas doutor esse assalto, é assalto de sonho, assunta só: — O camarada chega, cutuca a costela do magnata e diz senhor! Meu nome é Juão dos Anzóis, isto é um procedimento sumario de assalto, é preciso que o senhor mantenha a calma e o sorriso estampado no rosto, veja o senhor mesmo e com seus próprios olhos que, tenho em minha mão esquerda (pois, sou canhoto) um punhal e, sua ponta está apontada pro seu coração, diante disso meu senhor, eu quero e preciso de tudo que está em seu poder.
— Doutor, pra meu espanto a história ficou eletrizante, pois, o assaltado calmamente, responde. Bom dia, mas bom dia mesmo, como vai o senhor? A sua educação me comove, no entanto, eu nem sei o que eu tenho aqui comigo, leve esta carteira velha, foi comprada ontem e com desconto, pois, é velha. O assaltante meio que assustado pede desculpa e diz: — calma lá, desculpe, me deixa ver se eu entendi essa bagunça toda. O senhor diz que não sabe o que tem consigo? Passa pra cá então esse paletó chic, pois, deve custar o olho da cara, e seu carro, suas joias? Passa tudo pra cá!
O Assaltado responde com a maior naturalidade.
— Por essas coisas eu não tenho interesse. Felizmente. Não. Este paletó é muito caro. Não serve outra coisa? É recordação de família...
De repente, chega a polícia...
#JoaoCarreiraPoeta. — 25/02/2020 — 9h
Comentários
Uma crônica bem humorada.
Obrigado, entretanto, bem humorada é uma poestisa que mora em Mogi kkkkkkkkkkkkkk.
#JoãoCarreiraPoeta
Olá Dr. Carreira:
Brilhante e sensível poema, caro amigo
Parabéns
Abraços
JC Bridon
Bom dia Bridon: —
Obrigadoo pelo comentário
Um forte abraço
#JoãoCarreiraPoeta.
Quase um conto bem pitoresco e contado com muitas propriedade literária. Grande abraço
Bom dia Lia: —
Obrigado por teu lindo comentário.
#JoãoCarreiraPoeta.