A Velha Máquina Olivetti
Não era no tempo do rei, entretanto, foi há muitos anos atrás, pra ser exato 1969, eu devia ter uns quinze anos de idade. Quem tinha curso de datilografia tinha uma profissão. Com muito orgulho, tive meu primeiro contato com as teclas naquela época.
Mas, o que eu queria dizer mesmo é que: — Quando se muda de residência, até nossa vida muda-se. É tempo de mudança e, foi assim na última que fiz, mexia-se em tudo, até no que não se devia, mexia-se, não podia ser diferente na mudança para o "Carmel". Empacotando o que era bom e utilizável, jogava-se fora o que não era e era descartável. Deste jeito esvaziamos a casa anterior.
Porém, de repente, no meio da bagunça total, achei algo incrível, algo fantástico, meu passado veio às pontas dos dedos, do coração e d'alma, a minha primeira máquina de escrever, estava muito bem embalada, porém, verdadeiramente, esquecida. Este encontro meu e dela, revolve, folhear páginas viradas e praticamente, esquecidas do livro de nossa vida, nossa história. Paro um segundo e, fico fitando-a (como se fita o primeiro amor), retiro-a da caixa e, suavemente a coloco em minha mesa, sento, continuando a olhar cada detalhe, cada letra, fico pensando quantas letras eu teclei, quantas palavras formei, quantas cartas, quantos contratos [...] Um filme passou na minha cabeça; quantas “decas”, quantas “dics” e relatórios preenchidos. E digo mais reiterando que: — Hoje abandonada num canto, visitas somente, de insetos, mas no passado ela era a "vedete" visitada todos os dias e até noites, era minha companheira nas madrugadas frias de imposto de renda, eu teclava nela sem parar, minha amiga companheira, descrevê-la, de que maneira? É uma máquina que trabalhava vinte e quatro horas sem parar, não me cobrava salário, nem férias, muito menos décimo terceiro, horas extras. Indenização? Nem pensar, nunca me levou às barras do tribunal, Além disso, era fantástica essa minha amiga companheira do passado, ela tinha uma impressora ligada ao seu teclado, mas assim, ligada direto sabe, bastava teclar e já imprimia de imediato na folha de papel A4, sem fio sem nada, ela era maravilhosa, eu ia escrevendo e ela imprimindo, dava pra ver na hora a impressão letra por letra; Não tinha essas coisas de ligar e esperar hóóóras entrando no computador, escrevendo na tela branca do Word, salvar, comprar uma impressora e mandar para a impressão, não, não tinha nada disso, era impresso instantaneamente. Pra que estabilizador, pra que comprar cartuchos caros pra quê? Era muito legal (mas, esquecemos-nos de tudo), não tinha nem que colocar na tomada; É verdade, você está duvidando, mas, eu escrevia direto na folha da impressora; O único problema é que era fonte única, não tinha como aumentar o tamanho das letras, mas até aí tudo bem, pra que aumentar se o tamanho era e ainda é padrão? Doze.
Mas, de repente, fiquei pasmo por ter trocado tantas coisas boas do passado, pela correria e modernidade do presente, no mínimo preciso e vou arrumar um lugar de destaque na minha nova casa e, colocar a minha velha, mas fantástica "OLIVETTI".
#JoãoCarreiraPoeta. — 02/02/2020 — 23h
Comentários
Tinha uma até um tempo atrás. Aprendi datilografia com um manual e em casa.
Usei tanto....
Adorável leitura
Parabéns pela lembrança da velha Máquina
Olivetti, bela crônica!
Um abraço
Minha diva poetisa Marcia adorável sempre será a tua presença, a tua visita ao meu modesto — cantinho poético —.
#JoãoCarreiraPoeta.
Eu tenho uma, portátil, Hermes Baby. Também tenho uma de somar, Olivetti, com bobina.
Em perfeito estado e funcional.
Divertido hoje, pensar quanto trabalhei nelas.
Boas lembranças trouxe sua crônica.
Obrigado minha deusa, minha poetisa..., ahhh, se essas máquinas falassem...,
ainda dá tempo de pular, ou brincar carnaval.
#Joaocarreirapoeta.
Estou pulando o carnaval, na minha caminha ou na minha cadeira, bebendo mais do que comendo.
Três ventiladores ou um ar condicionado.
Misericórdia à conta de energia elétrica!
Boa tarde, poeta. Uma relíquia que trouxe boas memórias. Grande abraço e bom feriado.
Uma reliquia realmente. Bom carnaval pra ti também.
Olá João Carreira:
Impressionante quando alguém nos induz a voltar no passado e ficar teclando, na memória, tudo que desejávamos.
Lá atrás quando iniciei minha carreira trabalhista, devia ter uns 17 aninhos, (hoje 80!!!) aprendi com uma máquina de escrever antiga (OLIVETTI e CONTINENTAL) aprendi para agora no presente momento a digitar um computador.
Há épocas o que se tinha que fazer era teclar a máquina e disputar com outros quantas letras por minuto. Era muito legal.
Por isso, caro amigo, agora chegamos a sorrir por tudo que já passamos em nossas vidas.
Obrigado pela saudosa lembrança daquele que deu início a digitalização, em máquinas de escrever.
Tempos bons!
Tempos que não voltam mais.
Parabéns
Abraços
Bridon
Grato Bridon pelo rico comentário, ele deixou mais robusta minha crônica.
#JoãoCarreiraPoeta.