"Bolsa de Valores Encantados"
Amigos, eu venho falando há muitos anos, sobretudo deste mercado encantado, eletrizante e cheio de emoções — Bolsa de Valores —. E, muita gente rosna, com tédio e irritação perguntando: — Por acaso você está descobrindo este mercado, já é dono dele? Eu respondo. Estou sim, estou a descobrir esta preciosidade. Eis que, de repente, cada um de nós, cada um dos duzentos e dez milhões de brasileiros passa a ser um Pedro Álvares Cabral.
Estamos descobrindo o mercado e não todo o senhor mercado. Ainda há muito deste senhor para ser descoberto. Não há de ser num relance, num vago e distraído olhar, que vamos sentir o todo do maníaco, do depressivo senhor mercado. Este fantástico senhor é uma descoberta contínua e eletrizante. Deslumbrante mesmo. E justiça se faça a ele: — visto que, é ele que promove quem tem disciplina, controlando o medo subjugando a ganância.
A princípio, o camarada pode pensar que domina a "besta nos cio". Ledo engano, pois, nem mesmo os robozinhos de um — nerd — conseguem tal proeza. Todavia, o mais importante e o mais patético é a descoberta do mercado para os próprios brasileiros. Pergunto. O que sabemos nós deste mercado? Pouco ou mesmo nada. A partir de 1929 (no meio de uma das piores crises mundiais), este cara alienado e deprimente começou aparecer aos nossos olhos.
Digo ainda mais: — Foi o mercado que ensinou [e ensina] os brasileiros a conhecerem-se a si mesmos. Mas o trader tem [e sempre terá] uma informação falsa a seu respeito por falta de confiança, por falta de disciplina, por excesso de arrogância não aceitando o que este senhor tem para lhe dar. O resumo da — falta — em síntese, nada mais é que a falta de conhecimento que o trader tem de sua própria personalidade.
Aí, recordo de um amigo, um símbolo carioca, exuberante, bonachão, um verdadeiro italiano (naturalizado), tinha o gosto do berro na boca e do gesto largo no abraço caloroso, ao ver um vago conhecido, ele abria os braços até o teto se arremessando com efusão de um amigo de infância, tipo gozadíssimo, costuma dizer aos uivos: — "Eu sou ou não sou um quadrúpede"? E para evitar dúvidas, este amigo amplia: — "Eu sou, ou não sou um quadrúpede de 28 patas?" Por que ele se chamava a si mesmo assim? Porque fazia [e faz] tudo errado no mercado.
Por comprar uma ação, um futuro, ou uma commodity perde-se dinheiro, alavancando posições inconvenientes. Daí, ser verdadeira esta autocrítica jocunda e feroz. O pré candidato a trader não acredita nem nos outros, quanto mais em si mesmo. É aquele que se nega, e está ao mesmo tempo negando a própria vida e, quem sabe, a própria alma. Daí, quando ele diz: — eu sou, ou não sou uma "besta quadrada" - estamos vendo bestas por toda parte.
Não há nenhum ufanismo no mercado. Em absoluto. Como meu amigo citado, cada um de nós é um narciso às avessas, que cospe na própria imagem.
Mas, esquecendo 1929, chegamos à euforia de 2008, oito anos de ufanismo exagerado, muitos ainda embarcou na canoa furada [mas, ainda compradora] da alegria, visto que, o Brasil recebia o grau de investiment grade. O país era a bola da vez. Mas, já uma dúvida pairava na mente dos profissionais que suara [além da camisa] seus neurônios. Muitos começaram a zerar posições e até suas carteiras, montava-se o palco da quebradeira trazida pelos estrangeiros [com sua crise imobiliária]!
Mas, por que montar uma carteira depois de oito anos de alta? Por que não acreditar no ditado popular que diz: — Compre na baixa e venda na alta, ou ainda, compre no meio da guerra [ao som dos canhões], e venda quando for céu de brigadeiro.
Sou, ou, não sou uma Besta quadrada?
#JoaoCarreiraPoeta — 02/03/2020 — 20h
P.S. Foto destacada cedida pela Casa dos Poetas e Poesias.
Comentários
Reflexão sempre devemos fazer.
Bom dia minha magnânima poetisa Margarida: —
Grato pela visita, passei por tua cidade ontem.
Bjus e um arrochado abraço poético.
#JoãoCarreiraPoeta.
Para mim você não é um maluco, mas sim um sonhador de letras que mostra a mim e aos outros tua significativa proeza de trazer teus belos textos.
Parabéns
Abraços
Bridon
Bom dia Mr. Bridon: —
Maluco com certeza não o sou. Mas, com absoluta convicção sou um eterno sonhador à moda antiga que gosta de poetar mandando flores, amo a tua escrita, e por falar dela: —
Obrigado de coração.
Um forte abraço meu querido.
#JoãoCarreiraPoeta.