Crônicas — O Beijo Que Parou A Cidade

O Beijo Que Parou A Cidade

Eu confesso que particularmente, a maioria sabe que amo um cappuccino. Sabendo disso, Juão Karapuça me convidou para degustar um.

Sim. Estamos no Shopping Dom Pedro. E me vem à lembrança a poetisa Márcia lá de Itapeva.

Mas, Karapuça me chama atenção para o tema de nossa crônica. E eu lhe faço uma pergunta: você tem em mente como seria um beijo que pararia uma cidade?

— Professor depende, como vou pagar teu cappuccino, vou narrar tudo.

Se este beijo for igual ao que dei ontem, pararia o universo. Já em Campinas, eu tive um sonho verdadeiramente poético: 

Eu estava sob a égide de uma noite bruxuleante, em um canto proeminente de uma cidade que nunca dormia, dois amantes se encontram numa esquina: 

Ele, afro de porte esportivo, mas, aristocrático, usava tranças curtas, rugas na testa, olhos grandes, bigodinho e cavanhaque a lá

“Eddie Murphy”,

vestia uma blusa amarela ferrugem, um cachecol azul esverdeado da mesma cor que sua calça, usava sapatos de andar em neve, carregava um ar enigmático que desafiava estereótipos.

Ela também negra, com uma graça multifacetada, tinha um coque arredondado de cabelos cor de ferrugem com o resto da cabeça coberta por uma touca cinza,

morena de pele fina, olhos grande e negros, nariz pequeno, lábios finos,

um xale cinza enfeitava seu pescoço, vestia um sobretudo cor de rosa, sapatos pretos lancha de esquiar em neve.

Parecia feita de um silabário de sentimentos indecifráveis.

Enfim professor. Uma descrição perfeita.

Porém, o mundo ao redor do casal se movia com sua habitual proficiência, mas naquela esquina, algo estava prestes a acontecer, algo que desafiaria a ortodoxa rotina dos dias.

Quando seus olhares se cruzaram, havia uma ambivalência que flutuava no ar. 

Seria este o momento? 

Haja visto que, ambos sabiam que aquele instante era imprescindível, tampouco poderiam ignorá-lo. 

E então, como numa coreografia incognoscível, se aproximaram.

A multidão ao redor, na sua canhestra barbárie diária, parou.

Um silêncio magnânimo tomou conta de toda cidade. 

Sobretudo, as luzes da cidade, que antes eram mordazes, tornaram-se cúmplices, suavemente indulgentes, criando um ambiente quase sacral para o encontro. 

E foi então que aconteceu: o beijo professor.

Entretanto, não seria um beijo comum. 

Era um gesto explícito de insurreição contra a hegemonia do tempo, um ato de defecção contra a monotonia. 

Suas bocas se uniram com uma delicadeza que parecia desafiar as leis da física, um toque de lábios que parecia, por um fiapo de tempo, parar a cidade.

No entanto, enquanto o beijo durou, tudo ao redor tornou-se bruxuleante, como uma pintura a óleo desfocada, e a cidade inteira ficou embasbacada.

 O que era aquele beijo professor? 

Uma invectiva contra a solidão, uma resposta incisiva ao incognoscível do amor. 

E quando finalmente se separaram, um suspiro coletivo percorreu a cidade, como se todos tivessem sido, por um instante, parte daquele idílio.

Portanto, acachapantemente, naquele instante, ficou claro que o amor verdadeiro tem o poder de parar até o mundo, 

de transformar o comum em algo absolutamente extraordinário. 

Haja visto que, para esses dois, a noite seria eterna, mesmo que a cidade voltasse a se movimentar.

Uauuuu Juão! Parabéns Sensacional.

Que sonho lindo, pulquérrimo. Verdadeiramente apaixonante.

Que mente fecunda tu tens.

Um cheiro poético. Que

— Deus —

abençoe nossos sonhos.

#JoaoCarreiraPoeta. — 08/08/2024. — 15h40

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Comentários

  • Gestores

    Aproveitando uma imagem "louca" foi narrado uma bela história.

    Parabéns ao mestre e ao aluno.

    • O aluno e o mestre fica enlouquecido de gratidão.

      Que não nos falte nunca a perspicácia,

      a sagacidade

      e a fecundidade cognitiva.

      E viva a loucura poética.

      Um louco e forte abraço de Juão Karapuça e

      #JoãoCarreiraPoeta.

  • Caríssimo João

    Um texto completo em todos os sentidos.

    Um grande beijo demonstra o quão profundos são os sentimentos aqui bem retratados.

    Difícil comentar algo tão belo assim, caríssimo amigo.

    Parabéns redobrados.

    Abraços

    Bridon

    • Gratidão eterna mestre Bridon. Suas visitas e apreciações nos enlouquecem.

  • João

    tenho que reconhecer

    ficou magnifico

    aplausos

    um abraço

    • Grande mestre Davi. Obrigado pela cordial visita e incentivadora apreciação.

  •  

    UAU! Lindo texto!Estou encantada! O poder da imaginação e o sentimento do amor faz toda a diferença! Parabéns!

    • Poetisa é uma honra receber-te em meu humilde "cantinho poético". Gratidão por sempre estar me incentivando.

  • Bela crônica. Juão Karapuça teve uma inspiração aguçada e cheia de detalhes 

    Valeu,caro poeta 

    • Valeu poetisa. Juão Karapuça agradece. Agora ninguém segura o safado kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk.

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