D. Dinis

D. Dinis.

Quando chegou o momento de reinar,
D. Dinis foi alvo de alguma contestação,
O Infante D. Afonso teve de enfrentar,
Tratava-se de um seu, mais novo, irmão,
Tudo valia para se procurar desviar
A linha recta que indicava a sucessão.
D. Afonso, dizia-se legitimo sucessor,
Seu irmão nascera de casamento sem valor.

Sendo senhorio de variadas terras,
Decidiu tomar medidas de pura provocação
D. Dinis não desejava guerras,
Mas também não temia a confrontação,
“Terras minhas, tu não dominas ou encerras”
Terá querido demonstrar ao irmão.
Uma destas terras era de Vide:
Venceu e pensou “Meu reino, ninguém divide.”

D. Afonso só podia fugir, assim o fez,
O destino escolhido foi o reino de Castela,
Na altura em conflitos com o rei Português,
D. Dinis escreveria página longa e bela
Na história de Portugal. Fê-lo com sensatez,
Sem nunca virar a cara a uma querela.
Faltava-lhe resolver conflitos com a Igreja,
Eram muitas as queixas, ainda mais a inveja.

Reinado de D. Dinis dos que mais durou,
Quarenta e seis mais precisamente,
Durante os quais graves crises enfrentou,
Saindo-se deles muito airosamente,
De muita perícia e astúcia utilizou,
Para que seu projecto fosse em frente.
Ano de mil duzentos oitenta e nove,
Faz proposta a Nicolau IV, tudo se resolve.

D. Dinis tinha nobre sentido de estado,
Precisava encontrar meio de estabilização
Quem sabe se tornar-se homem casado
Não seria bom passo para a solução,
Talvez estivesse aqui mesmo ao lado
Quem lhe traria paz e lhe acalmaria o coração.
Eram tempos de grandes ambições,
Os casamentos visavam importantes uniões.

Aragão era importante potência internacional,
O que pode revelar a astúcia do Rei D. Dinis,
Conquistava uma forte aliança para Portugal
E ainda dava uma Rainha Santa ao nosso país,
Muitas as histórias de sua grande moral,
Praticar o bem, modo de se sentir feliz.
Jóias e enfeites não entravam na sua realidade,
Bastava-lhe toda a sua, grande, beldade.

O país já não vivia problemas de expansão,
Mas viviam-se privilégios exagerados,
D. Dinis entendeu por bem tomar a decisão
De os combater e os manter controlados.
A si deveria ser dirigida toda a apelação,
Os campos teriam de andar sempre cultivados.
O clero também se viu atingido,
Não podia adquirir bens de raiz, ficou sentido.

Mas não foi um reinado só de proibição,
D. Dinis tentava reinar de forma equilibrada.
A ordem de Santiago queria a separação
Do mestre Castelhano, foi pelo rei apoiada,
D. Dinis mostrou ser homem de visão,
As ordens eram ajuda muito respeitada.
Desafiou as leis da própria natureza,
Colocando-a ao serviço da coroa Portuguesa.

Outra ordem veria o seu nome mudar,
Era dos Templários e de Cristo passou a ser,
D. Dinis percebeu que tinha de actuar
Para não deixar esta ordem morrer,
Que ninguém se deixasse ludibriar,
Sabia que, no futuro, muito lhe poderiam valer.
Aos poucos descobria-se toda sua cultura,
Mostrava-se acima dos homens daquela altura.

Ano de mil duzentos e noventa, grande passo,
São aprovados os estudos gerais,
D. Dinis era senhor de saber nada escasso,
Arte e cultura recebiam apoios essenciais,
Portugal afastava-se do caminho do fracasso,
Abraçando grandes projectos culturais.
Artes, Medicina. Leis e Direito Canónico,
Olhava-se o futuro com amor patriótico.

A protecção à Igreja não foi esquecida
E quando entrou em guerra com Castela,
Mil duzentos noventa e cinco, estava definida
A estratégia, estabilizar fronteiras em dada parcela,
Quando não vislumbrava outra saída
D. Dinis abria sempre uma nova janela.
Homem de grandes amores e alguns filhos,
Viu que a Rainha, não lhe arranjaria sarilhos.

Dois anos, o tempo que esta guerra durou,
Acabando num acordo com os Castelhanos,
Tratado que em Alcanizes se assinou
E que satisfazia os interesses dos Lusitanos,
Concórdia com que sempre sonhou,
Clima de paz e ajuda durante quarenta anos.
Estabelecia-se o estímulo da amizade
Para que as novas fronteiras fossem realidade.

As feiras francas foram desenvolvidas,
Como resultado dos privilégios e isenções
Que a várias povoações foram concedidas.
E deu vital importância às exportações.
Flandres; Inglaterra e França, as servidas
Pelos bens que nossos navios levavam nos porões.
Instituiu-se a marinha Portuguesa em definitivo,
Nos grandes mares, Portugal mostrava-se activo.

Os excedentes começaram a ser exportados,
Mel; vinho; cortiça; azeite; peixe e sal
São alguns dos produtos ali comercializados,
Constituindo fonte de rendimento nacional,
Nenhuns aspectos se viam descurados,
Tudo era merecedor da atenção Real.
D. Isabel continuava a conquistar simpatia,
Portugal, fase de grande expansão vivia.

Os comerciantes Portugueses no estrangeiro
Mereceram medidas de protecção,
Surgindo no Porto um movimento pioneiro
Que levou os mercadores a uma associação,
Portugal era um reino sempre em primeiro,
D. Dinis reinava com muita determinação.
Bolsa de seguros, com aprovação real,
Para evitar fugas ao cumprimento legal.

As cotizações faziam-se em Portugal
E na Flandres, tudo em partes iguais.
A multa era a penalização oficial
Para o incumprimento das disposições legais.
Os mercadores sentiam protecção real,
Contra os assaltos, constantes e brutais.
Danos, resultado do ataque de salteadores,
Deixavam de preocupar os nossos mercadores.

Mil trezentos e oito, acorda-se com Inglaterra
Incrementar o comércio entre as duas nações,
Mas também o estimulo pelo cultivo da terra,
Como mais-valia, é alvo das reais atenções,
D. Dinis encarava outra forma de guerra,
Não hesitaria perante ameaças ou pressões.
Portugal cresce enquanto se espanta,
Com os milagres atribuídos à Rainha Santa.

Nas zonas de Entre- Douro e Minho
Começa por fazer a divisão em casais,
Depois resolve prosseguir caminho
E divide-as em povoações. Um avanço mais,
D. Dinis sabe que não está sozinho,
O Povo acompanha-o nos seus ideais.
D. Isabel transforma pão em Rosas,
Tornando-a das Rainhas mais maravilhosas.

Em Trás-os-Montes a divisão é colectivista,
Entrega as terras a grupos de cidadãos,
D. Dinis era um monarca com larga vista,
O futuro do país não morria nas suas mãos,
Entretanto revelava sua veia de artista,
Sem nunca se atemorizar com pequenos senãos.
Milagres não paravam de se suceder,
Santa ou não, praticar o bem, era seu viver.

Alguns serviços tornaram-se comunitários,
Para cada região um tipo de povoamento,
Por exemplo na Estremadura foram vários,
Bem como as distintas formas de pagamento,
D. Dinis era dotado de dotes extraordinários,
Talvez o maior estivesse no seu casamento.
D. Isabel sempre soube das reais traições,
Nunca dando mostras de grandes preocupações.

A parceria foi uma das formas adoptada,
Tal como o tributo pago em cereais,
Era conhecido como o imposto da jugada,
Visto ser proporcional ao número de animais,
Toda a administração era bem organizada,
Não se permitiam falhas que podiam ser fatais.
D. Isabel como que pressentia o sarilho,
Teria de mediar conflitos entre pai e filho.

Os jugos eram as juntas de bois utilizadas
Na agricultura, daí a denominação.
Estas medidas revelaram-se acertadas
Para o desenvolvimento da agricultura e da nação,
Entre as várias decisões tomadas,
Estava o Pinhal de Leiria, melhor, sua plantação.
D. Isabel não podia permitir o conflito,
Já ambos se aprontavam, quando se ouviu seu grito.

D. Dinis justificou o cognome de “O Lavrador”,
Mas também no campo da cultura
El- Rei se revelaria um grande dinamizador,
Introduzindo medidas de radical ruptura,
Sua veia de galã, verdadeiro pinga-amor,
Levou-o a escrever poemas de grande ternura.
D. Isabel não se importava com a situação,
Vivia segura de ser seu, o real coração.

A língua Portuguesa ganhou a exclusividade,
Em documentos oficiais, era a afirmação nacional.
Portugal vivia era de grande actividade,
Como que o pronuncio de sua afirmação mundial.
O intelecto Português vai-se tornando realidade,
D. Dinis vai conquistando seu lugar imortal.
D. Isabel continua a percorrer o seu caminho,
O povo Português demonstra-lhe grande carinho.

D. Dinis constrói sociedade bem administrada,
Nada escapava ao controle real,
Demonstrando ser homem de visão alargada
Manda traduzir obras de importância vital,
Nos pormenores, no pequeno nada
Planta sementes da ilustre história de Portugal.
D. Isabel continua a apoiar o marido,
Rainha de Portugal, nunca se deve ter arrependido.

Rodeou-se de homens bastante cultos e letrados
Para levar a sua caminhada de vencida.
Deixou-nos poemas por si escritos e rimados,
Fruto da sua forma culta de encarar a vida,
Não se sabe a quem terão sido dedicados,
Se a D. Isabel ou alguma amante mais querida.
Senhora de grande formação cultural,
Sua preocupação, era a harmonia matrimonial.

Não teve um reinado calmo e sossegado,
Aliava a governação ao desenvolvimento do país,
E ainda se viu, pelo seu filho, ser contestado,
Valendo-lhe a rainha Stª Isabel para um final feliz,
D. Dinis, várias vezes, sentiu-se abençoado
Pela bela esposa que, Deus, para si quis.
A rainha, que como Santa ficaria conhecida,
Não ignorava que fora noiva muito pretendida.

Afonso IV de Portugal e Afonso XI de Castela
Preparavam-se para combater,
A lepra foi mais forte do que ela.
Já, em mil trezentos e vinte cinco vira morrer
O “Rei-Poeta”, ou como diria qualquer bela
O “Trovador”. Foi o desaparecer
De um Rei que deixou grande legado.
Portugal era reino com futuro assegurado.

Rei morto, rei posto, lá diz o ditado,
Logo que morreu El-Rei D. Dinis
Já seu filho Afonso estava preparado
Para assumir os comandos do país,
Tinha trinta e quatro, ao ser aclamado,
Muitos anos antes, o trono, ele o quis.
Entrando em confronto com o progenitor,
Seria D. Isabel a conseguir evitar o pior.

Francis Raposo Ferreira.
08/01/2019

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