De Improviso
A chuva cai feliz e fininha
O Outono está amarelo
O pardal no ninho se aninha
Meu pé dói de esporão
A panela de pressão
A panela de tensão
Hum! Explodiu
O teto sacudiu
Quero o abacate
Com limão
Minha marmita gelada
De muitos grãos
Arroz com feijão
Vida boa com tesão
O Sol o corpo esquenta
A Lua e o Luar esperança
Segue-se a herança
Carrinho de mão arrebenta
O ônibus atrasou
Hi chegou lotado
Cadê meu irmão amado
Cadê meu amor amado.
A noite passou batida
Beijei a mulher querida.
Vive -se o medo de falar
A pele do povo é azul
Perdeu-se o funil
Onde está o fuzil
Em somente desmatar
Porquê demarcar
O quê denunciar
O coração arrebatar
Vida sem noção
Vive -se da erradicação
Vive -se de corrosão
Vive -se do não
Fim
ADomingos
27/07/22
Comentários
Esse poema traduz a ansiedade que se vive diante de tantas coisas que vão do prazer de usufruir ao desespero no que poderá chegar.
Esse dilema da vida confunde, maltrata e tira o sossego.
Parabéns, Antônio!!!!
Um abraço
Antonio Domingos, este teu poema é extraordinário. Entre o beijo da mulher querida e o abraço do irmão amado há o medo, o pânico da vida real com os assaltos, os roubos, os crimes, os tráficos, a corrupção. Maravilhoso!
Minhas reverências!
Destacado!
Gratidão amiga Edith por generoso comentário e pelo destaque.... É um estilo, Poesia tem milhares de estilo e todos tem de ser bem avaliados...Se gostar já é meio caminho andado.
Escrevi estes versos de improviso. É o que leio no noticiário e o que vejo acontecer...
Morar numa cidade grande está difícil.... Dá medo....Minhas filhas moram no Rio e trabalham fora às vezes em regiões com favela, tráfico e milicianos....Estou morando faz 22 anos em cidade pequena que mantém tradições não tem roubo, não tem assassinatos e etc..,
Moro em Pindamonhangaba fica cerca de 25 km de Nossa Senhora Aparecida e 20 km de Taubaté.
Abraços de Antonio