Dia chuvoso
O dia chuvoso lembra-me a despedida:
Era tempo de partir, de ganhar a vida,
Que o futuro estava mais além...
E, ao canto caipira do sertão,
Na voz de Tonico e Tinoco,
“saí tocando viola
Pela estrada afora
Como ninguém...”
Mas, crede, me doía o coração,
Que eu disfarçava o sufoco,
A angústia de outrora,
E dela eu me fazia refém...
E levou-me o trem de ferro resfolegante.
Em um quê de perda e esperança
Disse adeus à vida de criança -
O nariz colado à tosca janela.
E a vida seguiu. Com erro e acerto,
E riso e choro em terra distante.
E agora, bate-me a chuva na vidraça,
Em tão melancólico concerto,
Ou uma esmaecida aquarela,
Que deixa o entardecer sem graça.
Ah, quanto eu quisera, Deus bondoso,
Voltar à infância - ser criança de novo!
pedro avellar - 21.dez. 2022
Comentários
Que lindo momento de inspiração e composição.
Eu amei ler!
Parabéns Pedro!
Fico muito grato, Edith.
Verdade! É pura memória, poeticamente versada.
Feliz natal, para você e família!
Muito grato, Joceilma. Feliz Natal!
Um belo poema, recheado de belos versos.
Parabéns
Abraços
Bridon
Dia chuvoso, dia de partida, dia de migração.
Bela Poesia, parece um Cordel.
Parabéns amigo Pedro Avellar.
Abraços de Antonio Domingos
Muito grato, meu amigo Antonio.