Agora, qualquer coisa que eu faça
Não tem cor, cheiro ou graça
Porque tudo envelheceu
E qualquer coisa que me diz respeito
Vejo nela mil defeitos
Sim! O tempo corroeu
O ar da minha graça tão sem graça
Por onde a minha vida passa
A muito que já morreu
Viva a perambular pelos meus sonhos
Os mesmos que eu suponho
Serem agora todos teus
De outros ainda meus
E qualquer coisa
Que eu acredite
Haverá sim quem duvide
Pois tudo é questão de eu
E se eu cuspo a sapiência dos meus frutos
Creio ser absoluto
Já que o tempo me acolheu
E se brinco com as alucinações
No meu parque de diversões
Ninguem sabe o que aconteceu
Da corda bamba e do trapezista
Restou o palhaço alquimista
E a arte que a vida tolheu
Depois do chá das cinco que eu tomei
Da erva de um mato que eu plantei
E agora?
(Petronio)
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