ELEGIA AOS REFUGIADOS

Hoje, como um paria

Vagueio por algum canto

Esquecido do mundo.

Faminto, maltrapilho e imundo

Fui expulso de minha terra

Pelo meu compatriota

Tiraram meu lar,

Tiraram meu sustento,

Jogaram-me ao relento

Com um fardo nojento.

Sofro eu e minha família

Alimentando um ódio visceral

Fruto de uma crença religiosa

De uma ascendência étnica

Ou de uma estratificação social

Estandarte de cores vergonhosas

Destituídos de moral e ética

Mas, nada mais tem importância

Resta uma tênue esperança

De ser acolhido no estrangeiro

Aceitando, acatando e curvando

Sendo visto como forasteiro

Um intruso desordeiro

Cujos hábitos e costumes

Além de incompreendidos

Como ameaças são vistos.

Não tenho casa

Não tenho emprego

Tenho apenas uma esperança

De que as autoridades

Resgatem minha dignidade

Dependo do olhar do justo

E do gesto fraterno

Daquele que olha

Mas, não me vê

Daquele que escuta

Mas, não me ouve

Daquele que me percebe

Mas, não me sente.

By Antonio Trovão

 

 

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Antonio de Jesus Trovão

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Comentários

  • Sentimental, sentidos gritam

    • Obrigado meu amigo. Recentemente tive contato com um colega que está no "Médicos Sem Fronteiras", e seus relatos são, aos mesmo tempo, chocantes, impactantes e carregdos de um sentimento de impotência. Devo a ele a inspiração para esse escrito poético.

  • Um relato poético contundente e muito sofrido por aqueles que buscam um lar, uma casa, longe de seu país que não oferece mais condições para viver. Belo enredo! 

  • Lindo  e atualíssimo poema, Antônio. Parabéns! Só peço que você recoloque a imagem no lugar certo que é no segundo quadrinho da caixa de diálogo. Onde você colocou o poster fica muito grande acarretando um peso enorme na página. 

    • Muito Obrigado, meu amigo!

      Fico grato pela dica e pelo comentário

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