Vagando entre um e outro pensamento,
Olhando o mar que se expandia...
Juntámos nossas células, sem discernimento,
E num bailado prateado, fizemos a travessia.
**
Então, todo universo passou uma tangente,
Ao meu corpo, em descontrolada emoção,
Para reflectir a eternidade, frente a frente,
E ser julgada nas águas frias do perdão.
**
Minha alma deu um soluçado e profundo grito,
Abafando o som das ondas implacáveis,
Cavando abismos, levando-me ao infinito,
Por covas fundas, eras insondáveis.
**
De transparente túnica, opulente e bela,
Livre, em pleno esplendor e frescura,
No fundo estava a Vénus tão singela,
De luxuriantes formas e tão pura.
**.
Mas eu confusa com tais perplexidades,
Queria salvar-me ou talvez prender-me,
Rasgar-me em pedaços, voar como as aves,
Veio uma musa, quis absolver-me.
**
Tirou-me os nós que eu tinha no peito,
Com a graça de uma pomba branca,
Despiu-me como ninguém tinha feito,
Cobriu-me toda com uma manta.
**
E assim como vim ao mundo,
Levou-me para terra toda liberta,
Doei minhas confissões, ao mar tão fundo,
Deixando as gaivotas de boca aberta.
**
Cristina Ivens Duarte-08/12/2017
Comentários
Quantos versos lindos e impactantes! Parabéns pela obra de arte, querida poetisa!
Abraços poéticos.
Muito grata pela sua leitura e apreciação amigo Adriano, abraços.
Simplesmente divino poema, sem palavras Poetisa Cristina. Um forte abraço poético.
Muito obrigada amigo Ricardo Sales, pela sua leitura e apreciação, um forte abraço.
Confessional, profundo, intenso e lindo ! Parabéns ! Bjs do amigo Paolo.
Muito obrigada amigo Paolo, pela sua leitura e apreciação, abraço forte.
Cristina. Naveguei em seu lindo oceano
onde em cada ilha só encontrei muito encanto.