O mundo agora flutua,
contingente e não observável,
iludido pela realidade da lua,
que ilumina na noite a tua rua
e tua elucubração instável.
Recordo-me de ti, meu amigo,
da tua vasta cabeleira encaracolada,
teus olhos gordos de suíno,
teu sorriso fino,
teus pensares agudos na madrugada.
Foste cego de um todo permanente,
dissolvido em líquido pastoso,
amarrado por poderosa corrente,
enterrado em suado chão rochoso,
libertado deste eu consciente.
O mundo agora flutua
no mais completo abandono,
e nada do que possuas, em breve,
poderás levar para teu eterno retorno —
apenas a alma, que é leve.
Flutua o mundo, flutua... mas em seu entorno,
é a alma que agora flutua,
numa luz que ilumina o mundo,
em sonhos durante o teu sono.
Alexandre Montalvan
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Saudações pela bela tapeçaria poética! Um forte abraço! #JoaoCarreiraPoeta.