Filho Adotivo

FILHO ADOTIVO...
Você já ouviu aquela música: "Filho Adotivo". Engraçado... Essa música é tão antiga e nunca "parei" para prestar atenção na letra desta música. A melodia lhe cai bem, faz jus e é própria da letra que "clama"; as duas se merecem, como dizem por aí. Mas um fator muito determinante me arrastou para o universo desta canção: A afinidade e a voz do Padre Fábio de Melo.
Não somente eu, mas outras pessoas também ouviram por vezes nas rádios de nossas casas em outrora; escutávamos, mas parecia que não despertávamos nem compadecíamos de verdade da realidade reflexiva que esta música nos propõe. Talvez por causa do contexto da nossa vida naquela época, muito jovens ainda, inexperientes, adolescentes, crianças, sem a luz madura da observação.
"Filho Adotivo", hoje para mim, vem carregada de uma verdadeira realidade que machuca o coração. Veja só, de uma canção podemos extrair uma universidade de lições, advertências, reflexões, muita coisa. Basta que tenhamos uma virtude linda e preciosa que se chama Sensibilidade. Mas o que esta música nos diz: Idoso Não É Lixo! Permita que a canção invada o seu ser por completo e se imagine nesta realidade.
É uma experiência dolorosa, pois passamos a perceber o quanto a dedicação e a doação, nesta vida terrena, pode ser ingrata. Justamente por isso mesmo que é verdade que só podemos esperar, com certeza, a recompensa de Deus, pois a humana é terrivelmente falha.
Justamente por isso mesmo é que Cristo Diz: "Faça por amor ao Pai, por amor ao Reino dos Céus, não espere recompensa dos homens". Já me perguntei: E se não fosse o filho adotivo? A música retrata não uma "estória", mas "histórias" de muitos com finais não felizes, mas tristes.
Sabe, por isso que é muito bom a gente ser de Deus. Deste modo, percebemos, compreendemos e valorizamos a vida: a dedicação, a doação, o comprometimento; a missão consumada, aquela conferida por Deus. Eu confesso como cristão em busca da coerência eterna da minha fé, que devo cumprir o que tem de ser feito sem reservas, em nome da obediência ao Pai, e espero sempre Nele.
Também acho que é uma questão de obrigação, respeito e gratidão, por pior que seja a família, pois o interessado maior nestas "histórias" todas é Deus. Honrar pai e mãe e fazer esperando em Deus, mais nada! É duro dar-nos por "vencidos"; a validade venceu! Não serve mais! É excesso de bagagem! Está ocupando espaço à toa! Já ficou obsoleto! Imagine-se nesta realidade...
E compreenda a profundidade da sensação de descarte e solidão. Porém, resta uma alegria imensurável daquele cujo tempo ainda não apagou e sobrevive à ironia do mundo: Somente em Jesus vale a pena esperar, e Ele é fiel e companheiro de todas as horas, de todos os tempos.
Nunca estamos sós quando investimos na visão beatífica de Deus, quando nos imaginamos finalmente na recompensa do Paraíso. O corpo pode mais não prestar, mas a alma, esta invisibilidade incorruptível, carrega em si uma fortaleza que nem o tempo tem o poder de deteriorar, nada e ninguém. Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo!
10/ 10/ 2006.

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Comentários

  • Cuidar dos pais, na velhice, quando estes não consgeuem mais se serem sozinhos, penso que é uma obrigação dos filhos.

    Aplausos, Alcebiádes pelo texto.

    • Verdade, amiga poetisa, é mesmo Obrigação dos filhos. Grato pela visita! Forte Abraço!

  • Júnior, a velhice, o envelhecer é uma etapa natural da existência de qualquer ser vivo saudável. Porém o envelhecer bem depende não só da pessoa em si, mas daqueles que fazem parte de sua vida.

    Quisera eu ver meus pais envelhecerem e poder cuidar deles em suavelhice. Meu pai faleceu, eu tinha apenas 10 para 11 anos; minha mãe faleceu eu estava com 24 anos. Nem tive tempo de retribuir um mínimo que seja  de todo o bem que eles me fizeram. Saudade é o que tenho em mim letente e continuamente.

    Mas sei que deles recebi o melhor e hoje transmito a meus filhos (uma herança de amor). Isso não me consola da dor de não tê-los comigo, mas me basta e me impulsiona a tentar ser uma boa mãe.

    Sua crônica tocou-me.

    Beijos!

    Nina

    • Tenho certeza de que, se seus pais ainda estivessem vivos, certamente você cuidaria deles... Sem dúvida! Mas ao menos enquanto em vida, você fez o que pôde para honrá-los; cumpriu o seu papel dentro daquele contexto. Meus pais se foram também e sempre tiveram os filhos por perto. Obrigado pela visita, amiga Nina, "ar de menina"... Forte Abraço!

    • Eu que agradeço pela reflexão que nos proporcionou através desta crônica.

      Obs.: de menina eu só tenho  o pedaço Nina. O "ar de menina" já passa longe... kkkkk

      Beijos!

  • Querido mano, vejo essa realidade todos os dias infelizmente! Muitos são abandonados nos asilos e hospitais, não têm o devido valor! 

    Quando encontramos uma família que cuida e zela agradecemos a Deus que depositou naqueles corações o Amor e o carinho pelos seus entes idosos!

    Minha crônica, Sal da Terra, dessa semana coincidiu com seus escritos e fala exatamente sobre isso! Parabéns por tão bem escrito texto, por tão sensível reflexão!!! 

    • Obrigado pela visita, mana querida! Abandono, Exclusão... Muito triste quando a pessoa já está debilitada; uma covardia. Grande beijo!

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    • Muito grato pela visita, amiga Marcia! Como sempre, gentil. Grande Abraço!

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CPP