Flores ao Vento

Uma mistura imposta,
feita na cor do sangue,
era-me o corpo, desnudo e exangue,
como uma planta inumana e quieta.

Havia mais de mim em cada poça de lama,
não há quem consiga descrevê-las
ou diluí-las nos pequenos raios do sol,
que eram sementes nas feridas do meu rosto
e iluminavam o profundo dos meus olhos
com ferocidade e gosto.

Havia mais de mim espalhado pela terra,
que sangrava num silêncio irascível,
e no silêncio destas flores,
espantava-se minha alma confusa
com todos os horrores
de uma espera.

Mas quando tudo, tudo
for apenas saudade,
jogarei flores ao vento
e olharei o firmamento,
para poder vê-las leves a voar.

Alexandre Montalvan

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Alexandre

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